quinta-feira, 12 de setembro de 2013

POEMA DO TEJO.

De  espraiar-se.




E ao lado da cidade lento corre,
e a  cidade doida de gente que chama gente,
gente que vive, gente que morre
e de gente que vive doída e não chama ninguém,
o Tejo de mil preceitos.





Da janela a rapariga vê o Tejo,
que se alisa em suave beijo
contra o velho cais
e que placidamente cuida das gentes,
as leva e traz.





No tempo da memória a deslizar,
onde o Tejo se faz mar,
espraiado  da Caparica ao Estoril,
que demarcado pela luz de Abril,
quer  alongar-se noite dentro ,
promovendo a enorme tarde lisboeta
tão boa para  passear,
tarde que não mais acaba,
onde o Tejo é mar.




Mil coisas a passar, veículos a passar,
barcos a passar,
seguem rumo incerto,
irão longe? Irão  perto ?
Porque  devem partir ?
Porque não podem ficar?
O certo é que se vão.
E voltarão pr’onde o Tejo é mar.

Tudo isto é um convite
que alguém aceitou um dia
e dizendo que voltaria
fez-se ao mar,
ao mar profundo,
ao mar longíncuo, ao mar ignoto
e fez-se o mundo,
sempre, por o navegar.
Mas sempre voltam,
mas voltam  sempre
pr’onde o Tejo é mar.

E  chegado a este ponto,
depois  de muito pervagar,
 já não vejo o que vejo,
sem saber se o Tejo é mar,
sem saber se o mar é Tejo.


























Sem comentários:

Enviar um comentário