segunda-feira, 16 de setembro de 2013

VELHOS HÁBITOS.

Estamos  abertos...

Tempo houve em nossas cidades
que sempre  havia onde comer,
tinha-se sempre uma porta aberta
onde a  ceia ia  ser  certa,
e onde se podia beber ...

Em madrugada de terrível açoite
ou fosse noite a mais negra e tardia,
que mesmo se estando errado,
havia sempre quem nos acolhia,
tendo bem à porta estampado:
Estamos abertos toda a noite.

Perdeu-se o hábito com os tempos
novos de novo viver.
Já  não há portas abertas
que nos tragam bons alentos,
pode-se bem de fome morrer
que já ninguém traz estampado
o letreiro revelador,
mostrando o quão desvelados
no  dispensar seu ardor,
podiam ser em seus cuidados.

Havia também, toda noite aberta, uma igreja
em sinal de perene comunhão,
para que, quanto mais não seja
na fé, se poder encontrar consolação.

Hoje está tudo fechado,
já não há tanta oração,
está tudo estropiado,
é tempo de consumação.

Se não há casas de pasto
com letreiro consolador,
se não  há locais de oração:
Quero ser o teu repasto,
quero ser o teu pastor,
quero ser tua canção,
pra te dar esta alegria,
para ver como tu gostas,
pra fazer feliz meu dia,
e em ter sido o meu, o teu foi-te!
Em meu pobre coração
vou mandar  pintar às portas :
Estamos abertos toda a noite.
























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