sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O ódio espanhol aos portugueses.

Antes de tudo  quero registar a minha condição de brasileiro e portanto eu, pessoalmente, não tenho nada contra os espanhois. Ademais gosto imensamente de Espanha, de sua gente, de seu modo de vida, de seu glorioso passado, de sua «charla» sobretudo a literária, bem como muito me agradou o tempo que lá vivi tendo deixado muitos amigos e muitas saudades.

Em recente entrevista o treinador número um do mundo, o português José Mourinho, que é mesmo o número um, só vindo depois do Felipão, declarou que os espanhois odeiam os portuguêses. Já há gente em toda parte dizendo que esta afirmativa é um exgero de Mourinho, quando não dizem coisa mais grave. Na verdade há uma velha expressão portuguesa que diz que: ' Quem não se sente não é filho de boa gente.' Ora, o treinador sentiu na pele, nos ossos, nos ouvidos, na alma, isto a que ele chama ódio. Não seria boa gente se não se sentisse. Ressentiu-se, como é normal, e declarou sem cerimônias e expontaneamente como é seu estilo, o que leva a muita gente a odiá-lo só por isto. Entretanto, ódios à parte, vamos analizar se tem fundamento a afirmativa do treinador ' number one'.

Espanha em mil anos de tentativas só conseguiu ter Portugal sob seu jugo por 60 anos,sendo,pois, consignada a três Felipes a terceira disnatia reinante. Deve ser duro, para uma nação que teve o mundo sob seu domínio, que enfrentou França e Inglaterra, que possuiu parte de Itália, não dominar aquela tripa de terra que está entre ela e o Mar Atlântico voltado à sul. Não ter o Tejo, para eles Tajo, todo seu, ter aquela gente ali, e, ademais, a disputar-lhes, como foi, o mundo, este mundo que em dado momento era em grande parte espanhol. Sendo cognominado seu Rei de Planeta. Afinal não tinham o planeta, lá estavam os portugueses para atrapalhá-los. Temos ainda o final da história do período do Portugal espanhol, o Duque de Bragança, aquele João, retomou Portugal e depois de 28 anos tiveram de reconhecer sua independência porque os portugueses haviam ganho todas as batalhas. Então aquele enorme país, que domina a quase a totalidade territorial da península, não consegue se impor sobre aquela pequenina porção?

Tentaram de todas as maneiras, depois quando surge Napoleão no cenário mundial invadem Portugal com o apoio francês, numa guerra que só lhes rendeu uma única cidade,que depois terão que devolver, mas que por despeito e assinte mantêm, Olivença é espanhola. Depois outra vez com a mesma França Napoleônica, mas aí com outra dimensão, tentam tomar Portugal, do qual ficariam com um terço, ou dois. Não conseguem, como França também não consegue. Ossos duros de roer estes portugueses. Pois Portugal continua português.

O espinho que têm mais entalado na garganta os espanhois, chama-se Portugal. De fato não hão lá de gostar muito disto. E, claro, com estas sucessivas tentativas e guerras os portugueses tinham que estar motivados para resistir. A gente da raia manteve-se dura, como ainda são. Os movimentos se sucederam, o Direito ao território e sua defesa foi sempre a preocupação número um em Portugal, o pequenino Portugal. Quantas vezes locais como Castelo Rodrigo viram-se sitiados ao longo dos séculos?E Portugal resistiu. Para manter alerta este sentimento crivaram muito seu único vizinho,na raia não se podiam permitir amizades nem proximidades. Aproveitando que os ventos fortes vêm do Norte, ou de leste, clivaram aforismos que se tornaram célebres, como aquele : « De Espanha nem bons ventos, nem bons casamenos.» Portugal, relativizada as grandezas, era como Gibraltar é hoje na península, e em Espanha, um enclave, e a mesma ação que hoje se desenvolve e a mesma postura psico-emocional espanhola em relação a Gibraltar de hoje, foi a de sempre em relação à Portugal.

Será isto ódio? Não puro. É aquele misto de amor e ódio por quem se quer possuir. É aquele sentimento mais medonho de incompreenção de que haja aquele espinho em garganta tão poderosa, mas há, e não há nada a fazer. É claro que após tantos séculos de rivalidade ficou um sentimento que, já irracional, não se poderá desfazer assim facilmante. E, é claro, Mourinho provou dele no seu mais exponenciado feitio, o de uma torcida de futebol vendo seu time(equipa pros portugueses) perder, porque têm lá um treinador estrangeiro que sabe indicar o caminho ao adversário. Não podia dar noutra coisa, e Mourinho não gostou, e nem podia gostar....

Há ainda um detalhe muito importante: Os espanhois são  muito intensos nas suas expressões e seus modos, daí a tourada lá ser de morte, diferentemente de Portugal, à excessão de Barrancos. São intensos, talvez como descansam à tarde tenham mais energia. O fato é que usam formas de dizer e ensejar as coisas de uma intensidade muitas vezes assutadora. Dizem: Que cagam no leite, na mãe, em Deus, por exemplo. Penso que isto é de uma violência, pelo menos verbal, única. Entretanto o ditador muito odiado que tiveram, que adotou inclusive do garrote vil, Franco de seu nome, morreu tranquilamente de velhice em sua cama. Muita parra e pouca uva, olhem, é outro dito que me ocorre. Em  meu país diríamos: É só garganta!


Sem comentários:

Enviar um comentário