Romança da cidade do Porto.
Já não há mais ‘Boa Nova’,
já não há mais tradição,
perdeu-se no tempo como prova
de uma outra diferente lição:
Não mais se diz que chega barco
…neste porto de mil bocas.
Ai minha Nossa Senhora do Cais
tenha piedade dos ais
que nós choramos a Vós,
a que hoje traz os ‘Ós’
e a cada nascimento
à beira deste cais de tantas histórias,
que vêm do tempo das memórias
em nós, à seu momento,
a dizer: NÃO ESTAIS SÓS !
Mareantes do Senhor dos Matosinhos:
Orem com muito amor
nesta Ribeira de tantas, de imensas naus,
vejam lá, sejam bonzinhos,
que Ele veio de longe para nos livrar dos maus
e dos males e das misérias e da dor.
Há muita pedra nos quebrantos
que não se abalam deste Pilar
e não espantam estas superstições
das quais não os podemos livrar,
sejam concordes, sejam bons,
sempre assim estes povos do mar.
Foram orar ao Senhor da Boa Passagem
à fugirem dos sopros desta pena ventosa
pra perceberem dentro da mareagem
desta poesia ou desta prosa,
e para não se esquecerem do local de abrigo
que seu nome justifica,
nem mesmo quando orem devotos ao Morto
que naquela Penha fica ,
para que fiquem cá salvos … neste Porto.
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