segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Resolução no BES, 'a case study'.



Que a supervisão bancária no extremo existir ou não dá no mesmo, ficou uma vez mais evidente. Que a melhor forma de se assaltar um banco é sendo 'dono' dele, também. Que existem pelo menos algumas centenas de cargos,  empregos, ( auditorias internas e externas, BP, CNVM, KPMG, todos com os seus departamentos especializados) que custam muito dinheiro, que poderiam não existir que era a mesma coisa, também ficou evidente. E que quando alguém se predispõe a fazer alguma coisa e dispõe dos meios para tal, com ajuda ou não de contabilistas próximos ou distantes, não há avisos, prevenções, cordões sanitários que o evitem, é outra constatação, porem isto é o antes, falta-nos o durante e o depois.

Vamos ao durante: Com um problema destes criado só pode haver quatro modalidades de solução,1- ou deixa-se falir o banco, ou 2- há uma venda do banco, e o comprador tem dinheiro para resolver todos os problemas porque acha que o banco é viável, sendo as dívidas menores que os ativos, o que lógicamente não se passava no BES, ainda que toda gente tenha sido enganada que assim era, ou 3- a solução vem de fora e há um empréstimo exterior que salva o banco, ou  4- vem de dentro e se dá uma nacionalização. Neste último caso pouco importa se os capitais são públicos ou privados, se salvou-se o banco com dinheiros do país, este foi nacionalizado, é aliás o que afirma em desacordo com as afirmações do governo toda a imprensa internacional. E no durante o regulador, o Banco de Portugal, 'in extremis' arranjou uma solução para, entre muitas coisas, salvar a sua cara que estava mais do que comprometida com o grande fiasco de seu cordão sanitário, para se dizer pouco.

E qual foi a solução encontrada é o 'case study', e o depois  será a sua consagração como medida de solução a ser adotada, ou não, em casos semelhantes. A primeira medida louvável na solução encontrada é este novo Fundo de Resolução criado, que compromete todo o Sistema financeiro, o que promoverá no futuro grande controle inter-bancário em suas más ações, atitudes perigosas quando menos, porque ninguém quererá pagar por roubalheiras ou erros de outros. Esta poderá ser uma verdadeira regulação, ou supervisão se preferirem. Ou seja esta falácia em que se transformou o Mercado de Capitais, transformando-se num Mercado de Especulação, ficará muito mais prevenida, para não dizer  mais. Aceitará um mercado como este até hoje tão desrregulamentado e livre pagar por seus próprios abusos, sendo este o mercado de todos os abusos? A segunda é a divisão do BES em dois, o mau e o bom, como os políciais a fazerem inquéritos, esta solução inapartável quando se quer salvar uma parte sã de algo que está junto de outra parte podre, que contém o que se chama eufemisticamente de ativos tóxicos, ou seja todas as aplicações ou empréstimos de capital do banco que se sabem perigosas ou que não vão  ser pagas, gerando (outro eufemismo) imparidades, são os prejuízos que ocorrem quando o débito não faz par com o crédito. Assim terão um banco, menor mas limpo, que sempre valerá algo e que alguém o desjará comprar, o que resta saber é se o prêço pelo qual se o conseguirá vender saldará o montante investido para o salvar (?). A terceira, e mais que lamentável, é que isto, como muito do que se faz no setor financeiro, pouco ético como sempre tem sido,  onde de fiduciário só tem o nome - aliás meu avô ensinou-me que quando visse algo intitulando-se algo de muito bom e são, desconfiasse, porque aquilo que é mesmo bom e são não necessita de se intitular como tal - tudo foi feito além da legislação existente, criando-se a possível, para suprir sua falta, e fazendo todo o resto por força da regulação, tudo 'manu militarmente'. Será isto aceitável? A resposta a estas perguntas é o 'case study' em desenvolvimento, uma vez respondidas saberemos se há ou não um modelo a ser seguido.

Resta falar no encobrimento angolano, 3,5 milhões de euros dados  como  garantia pelo Estado Angolano ao BESA para livrar o BES de ser irrecuperável, passando os valores do seu buraco, com este débito angolano, a rondar os oito bilhões de euros, ou oito mil milhões como preferem dizer os portugueses, sendo então um buraco que não haveria Fundo de Resolução que resolvesse. Para com este valor, que  foi excluído, não comprometer a solução implementada, logo sendo à seguir retirada a garantia dada pelo soberano, o Estado Angolano, o que foi, para se dizer o menos, uma grande desalavancagem. Resta agora a venda do Novo Banco, a devolução do dinheiro aos emprestadores, que foram os contribuintes, e não comprometer o Sistema Financeiro, que já não anda bem por muitas e outras tropelias ocorridas (e tropelias é uma palavra meiga), concluindo, destarte, o caso.

Quem comprará o Novo Banco por 5 bi? Este é o busilis do 'case study'!













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