sexta-feira, 30 de setembro de 2016

MUSEU MIRÓ NO PORTO.







Neste dia pejado de significado, último do mês de Setembro desse dezesseis, quando enterraram o último pai fundador de Israel, Shimom Peres, e em que os dois Van Gogh furtados pela Camorra foram recuperados retornando ao Museu de Amsterdan, inaugura-se em Serralves, para que todos possamos ver, a exposição dos 85 Mirós (uma coleção igual a um museu pela diversidade e qualidade) que Pedro Passos Coelho e a Christie's fizeram de tudo para vender ao martelo, exceto desobedecer à justiça, mas que pela boa ação de vários cidadãos, entre os quais me incluo, mas cujo mérito é todo da Galeria Perve que se obstinou na luta, verdadeiramente impedindo o descalabro.

De tantas desgraças e misérias a que o nome BPN ficou ligado para sempre na história de Portugal, só uma coisa de bom irá resultar, não porque os do BPN tivessem qualquer intromissão ou nisto se empenhassem, nem porque os liquidatários do banco tivessem tido a visão mister a aproveitar a oportunidade, não, foi o povo, e a mão invisível do destino.  Conto a história:

Como se sabe a melhor maneira de se roubar um banco é sendo dono dele. E no BPN roubaram, e roubaram a grande, e foram roubados por sua ignorância e ganância, compraram porcarias, jogaram dinheiro fora, foram enganados. Acertaram nos Mirós, autênticos, como comprovaram os expertos da Christies, uma ampla coleção, abrangendo diferentes fases,  expressiva porque retrata diversos modus faciendi do artista, convidativa por conter variados tamanhos, modos e modelos da arte mirosiana, o que era um verdadeiro museu que caia nas mãos do Estado. Ora, como se sabe, Portugal é muito carente de expressiva arte pós picassiana, e mesmo picassiana de qualidade, pois não acumulou nesse período, salvo a coleção Berardo, pouco mais há de significativo, os endinheirados dos três primeiros quartéis do século XX, com o ranço de um país fechado a cegar-lhes, cultivavam os tardo naturalistas, quando o mundo era pop, era hiper realista, etc... Não empreguei a designação pós-moderna porque está ainda muito frouxa, e, apesar de Miró ser contemporâneo a Picasso, é, na verdade, pós picassiano, porque busca outros caminhos. Com a oportunidade faltava o entendimento, teve-o um grupo de cidadãos a que Portugal ficará sempre em débito, melhor fez a justiça, convocada à lide, e o destino que por um golpe de sorte põe no governo gente com visão mais clara, sem antolhos, com boa visão de futuro, com compreensão mais abrangente do que seja um país.

Bem mesmo com tudo isso sobre a mesa, o governo do PSD-CDS, queria vendê-la a todos custo, e o mais depressa possível, só as ações cautelares impediram-no, então, já com o governo do PS, foi entendido que há valores maiores que se pagar juros da dívida para um país que quer ter futuro, como tem honroso passado. Como com precisão expressou o Primeiro Ministro Antônio Costa, os valores que permanecem são os que são os mais importantes.

Bem, fica aqui o registro de uma realidade que com velocidade inesperada ultrapassou as intenções tolas, torpes e descabidas de políticos que só conseguem ver um palmo adiante de seus narizes, e que por pouco não puseram a perder uma oportunidade difícil de se repetir.  Fico feliz, está em Serralves. Vai me obrigar a ir ao Porto para vê-la, será um prazer tripeiro que me darei, que muitos se darão, e haverá turismo, haverá produção de riqueza, haverá futuro.



Sem comentários:

Enviar um comentário