sábado, 17 de setembro de 2016

Ninguém deve oferecer aquilo que não possui.






Está a ocorrer em Cascais, organizado pela câmara municipal juntamente com o grupo editorial Leya, um festival, já o segundo, chamado FIC, Festival Internacional de Cascais, onde reuniu esse ano sob a batuta da escritora Inês Pedrosa um leque de escritores nacionais e estrangeiros que, em painéis de excelente nível, debatem temas sobre a literatura, sendo esse ano os diversos motes dados por citações do grande bardo inglês, que estamos agora completando quatro séculos de sua ausência, assim como de Cervantes também, faz 400 anos que morreu, não tão bem lembrado, mas que eu não deixo passar, lembrando-o, e que não foi convocado ao festival talvez na antiga concepção de que de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos, mesmo tendo sido convidados alguns autores espanhóis. Mas vamos ao assunto título.


Fazer cortesia com chapéu alheio! Quem tem berço guarda certos valores e certas noções que jamais esquece. Eu tenho em mim palavras ancestrais que afirmam: Ninguém deve oferecer o que não possui, nem aceitar o que não possa retribuir. Fortes noções, muito úteis me têm sido ao longo da vida, e que falta a muita gente, como a certos secretários de Estado, por exemplo, que aceitaram o que não deviam, e como a essa câmara de Cascais que ofereceu no programa uma apresentação o que não possuía. Um show no casino do Estoril, com a cantora Paula Morelenbaum, mulher do grande Jacques Morelenbaum, filho do maestro Henrique, que constava do programa,  e que sobre, no dia anterior ainda perguntaram uns amigos meus, quanto era o espetáculo, e foram prontamente informados que era gratuito, mas palavra foi dita de como obter o acesso, como se fosse só la ir e entrar, criando a ilusão de um oferecimento, pela facilidade, que não existia e que por maus critérios de escolha da programação se sobrepunha, como muitos outros eventos, o que era perfeitamente dispensável, com aconteceu com outros acontecimentos em horários sobrepostos total ou parcialmente, mas o problema de que trato aqui é outro, vamos a ele.

Feita a opção em virtude da superposição de horários, ainda na Casa das Histórias de Paula Rego, onde transcorrem, em quase sua totalidade, os eventos do festival, pedi junto da organização os bilhetes, todos feitos por reserva prévia, para o evento que se realizaria no Casino do Estoril. Não tinham os bilhetes nem qualquer informação sobre este evento, nem onde estariam os bilhetes, nem nenhuma informação válida do evento constante do programa geral, exceto aquela de que era gratuito, falta de informação que é no mínimo estranha. Adiantamo-nos pois,  este desconserto fez-me antever possibilidades de algum problema, e portanto era melhor dispor de tempo para qualquer eventualidade.

Lá chegados ao Casino do Estoril, grande surpresa, a apresentação se dava no' Garden' onde tudo sempre foi gratuito e aberto, franco, ou seja com entrada franqueada, face das antigas contrapartidas do jogo. Pois era dessa feita pago, a lista de reservas mal constava o nome da Leya, co-organizadora do evento, e, todos os demais tinham de pagar pelas mesas algo como cinquenta euros por mesa para quatro pessoas. (Consumo obrigatório) Só pude lembrar-me da frase ancestral familiar, cuja primeira parte dei como título a esta trapalhada.

Não se deve organizar eventos sem uma coordenação única, e, como é de responsabilidade da câmara de Cascais, a esta competia gerenciar tudo, e ter gente com ideia de controle, e não pessoas que só estão habilitadas a conferir folhas, e que em nada mais se envolvem. Por outro lado, ao elencarem grande número de eventos, têm de tê-los todos sobre controle, e alguém como responsável máximo no terreno, para resolver qualquer imprevisto. Eu que já organizei e administrei muitos eventos desse tipo, só saía quando acabava tudo, estando presente até o final. Mas a câmara de Cascais não tem rosto, não tem responsáveis, não tem quem dê a cara por ela, oferecendo o que não possui, pelo menos o que não possui com o mecanismo de controle da ordem mister para oferecer e a que um evento se desenvolva, e o que é ofertado chegue a quem colhe a oferta. Se os colóquios decorreram em perfeição deve-se à boa curadoria da Dra. Inês Pedrosa, e nada mais.

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