segunda-feira, 26 de setembro de 2016

"Ódio de classe, espírito de vingança..."






Agora que existem uns quantos idiotas que dizem que Jesus foi inventado pelos romanos, cegos que são por não entenderem (não sentirem) a dimensão espiritual de Suas palavras, é muito bom chama-las a colação (colação que significa comparar e confrontar, julgar não!).

As palavras Dele que aqui interessam são: " Não julgueis para não serdes julgados." e esse julgamento de que fala, não é o público, nem mesmo o espiritual, o divino, não, é o pior de todos, o próprio, aqueles a que nos expomos quando julgamos alguém, pois julgar é concluir em último grau, e esta conclusão que fazemos daquele a quem julgamos revela, para julgamento, tudo aquilo que somos. O que se passa é que não fazemos a avaliação do que foi que nos levou a julgarmos a quem julgamos, como julgamos, o que nos motivou a isto.

A dra. Maria de Fátima Bonifácio, uma mulher culta e preparada, só não é brilhante porque seu preconceito não deixa, e esse preconceito, como em todos nós, é fruto de seu tempo, de sua época e formação. Filha do Estado Novo, será certamente influenciada por ele, parte do salazarismo, viu-se contagiada, pretensão de um tempo que formava ou deformava, como preferirem, mais que as consciências, as almas, esta essência formadora e manifesta que nos faz ser o que somos, nos faz projetar o que nos ficou de mais íntimo como filtro e entendimento da realidade, ainda que esta possa não ser bem aquilo que percebemos, o é para nossas almas que vêm, como querem ou podem ver, aquilo que se lhes apresenta, ecostoma do intelecto, complemento e registro do ser que é razão e sentimento ao mesmo tempo.

Pois essa sua cegueira parcial, que alicerçada numa extensa base cultural, é ainda mais poderosa, porque ilude, pareidolia própria e difusora, em que percebe uma aparência como verdade, e essa suposta como Lei, pela similitude que assume no universo alargado do saber, tornando-se entendimento, e assim difundindo-se com razão e explicação das observações filtradas por essa via. Tenho grande admiração pelo intelecto da dra. Bonifácio, mas a sua alma, mesmo no tom que apresenta, sempre soou-me mal, algo que se deve estranhar, e que se deve observar mais detidamente, porque engana à primeira vista. Não é culpa dela, é fruto do que fizeram de sua alma, e tudo se revela em seu artigo, fugindo-lhe a boca, ou a pena, para a verdade, artigo publicado no Observador no vinte dois passado deste Setembro que termina, intitulado "Ódio de classe", onde põe a nu seus preconceitos, onde julga a Dra. Mariana Mortágua, como se essa fora  um inseto em observação. Vamos ao texto.

Em meio a afirmações do que, segundo a dra. Maria de Fátima Bonifácio, sabe e não sabe da Dra. Mariana, do que viveu ou deixou esta de viver, do que é, a seu talante, verdadeiro ou não, sempre naquele tom que me pôs de prevenção com ela, apesar de admirar sua cultura e lógica, mas o filtro, o impiedosos filtro da pareidolia da alma a gerar o ecostoma do intelecto, a transformar seu eu num eu preconceituoso, a destruir conclusões tão bem a alicerçadas, a corromper uma pessoa boa, digna da admiração de todos nós, alguém com centenas de quilómetros de leitura, uma pessoa preparada, e justa, tornando-se tão injusta, tudo culpa do filtro, mas esquecendo todos os julgamentos, e lembrado-nos do conselho de Jesus, e ultrapassando qualquer crítica a seu direito de julgar e levar a público esse julgamento sobre alguém que só conhece do que vê como figura pública, deputada que é na Assembleia da República a Dra. Mariana Mortágua, temos uma frase de Keynes, cerne do antagonismo da historiadora à economista, que a cita de cor, como mesmo afirma a dra.Bonifácio em seu texto, e que é lapidar: "Não vale a pena as empresas produzirem mais, se as pessoas não tiverem dinheiro para comprarem a produção." Apontando, como crê, uma desonestidade da Dra. Mariana ao repetir a frase, pois esta estaria defasada no tempo, um século depois, com a globalização do capitalismo que se deu entretanto.

Quem ler assim seu artigo, sem boa reflexão, dar-lhe-á razão, pois passado um século desde a afirmação de Keynes, o mundo mudou muito, e a frase acabou mesmo por perder sua asserção e seu asserto com  a realidade que se desenvolveu com o capitalismo globalizando-se, onde novos mercados eram conquistado, até que atingiu-se o mercado global que hoje temos, e a frase voltou a ser mais verdadeira que nunca, pois no mundo consome-se e anda todo à roda do mesmo, e terá de encontrar um ponto de equilíbrio, este mesmo que busca a Dra. Mariana com as sua afirmações, essa mesma que se colocou no centro disso tudo que se passa em Portugal, e, que com seu saber, análise, dedicação e ideologia, tem dado seu contributo, o mesmo que em maior ou menor grado damos todos, ricos e pobres, cultos e ignorantes, nas medidas de nossas possibilidades, e que a Dra. Mariana se colocou no centro deles, certamente canalizando para si além de todas as atenções, inúmeros ódios que traduzem-se no "espírito de vingança", aquele mesmo a que, fugindo-lhe outra vez a pena para a verdade, apela a autora do artigo que analiso.


Como Kirkegaard, que certamente como filósofo desagradará a Dra. Mariana Mortágua, quanto mais vejo o mundo, mais me torno cristão, e, como Saint Just, mas por outras razões, essas que certamente desagradarão a dra. Maria de Fatima Bonifácio, menos entendo o espírito de vingança.



Sem comentários:

Enviar um comentário