segunda-feira, 6 de maio de 2013

Injustiça na Economia.

                                     O  FIM DO ESTADO SOCIAL.

       Para termos consciência de como são frágeis as nossas instituições, para podermos avaliar que, mesmo em democracia, não podemos fiar de que as nossas conquistas enquanto sociedade são efetivas, ou que toda e qualquer situação de bem estar social que se tenha atingido, vá perdurar, temos o exemplo do que se passa agora na Europa. Esta instável estrutura que é o coração de todo e qualquer país, a alma de toda e qualquer sociedade, a que chamamos economia, é instável demais pela dinâmica de poder dos capitais, sobretudo os mercantis, que se permitem especular, e o que é pior, nós permitimos que especulem gerando a desgraça generalizada.

       Fizeram o que fizeram ao longo de séculos ( quem conhece história, há de se lembrar de datas que, entre outras,são de crise econômica: 1427,1509,1557,1560,1575,1696,1607,1627,1647,1652, 1662, 1720,1826/29, 1847,1857,1866, 1923, 1929,1987, 2002, 2012)  fazem o que fazem sem que haja punição, logo após a crise do sub prime, falou-se muito em regulamentação, hoje ninguém fala mais, permitiu -se que houvesse todo este descalabro que gerou um pequeno número de milionários que gozam sua vida à tripa forra, enquanto outros, muitos milhares, perderam as economias de uma vida inteira de trabalho honesto ,milhões o emprego, dezenas de bancos faliram,e igual número foi saneado, e isso agora vai se agravar com o fim do Estado social, garantia de qualidade de vida, pago com o dinheiro do trabalho, para dar a todos melhores condições sociais, que agora tornar-se-ão letra morta em muitos países.
  
        Em países como Portugal, onde um governo de direita( talvez de extrema) vem promovendo que a factura da crise (das últimas duas na verdade) seja paga pela parte mais fraca do corpo econômico e social que compõe a sociedade, o que levou ao enxugamento das contrapartidas sociais que usufrui  à conta dos descontos ao longo de anos em contribuições para criar e financiar as estruturas de saúde*, educação**, segurança social***, que compõem a parte da ação do Estado dita social. Agora com as últimas medidas de austeridade propostas pelo governo deste país, teremos que estas duras conquistas, pagas com trabalho durante anos, sejam desmanteladas, como consequência de uma crise, que por arte da globalização se generalizou, afetando mais a Europa que escolheu medidas da velha escola, que não estão a resultar.Vê-se a uma desagregação do tecido econômico, sem que ninguém faça nada para impedi-la, em países como a Grécia que a crise atingiu situação de bancarrota, nem é bom pensar onde irá parar o Estado social.

          Para os verdadeiros autores da façanha, nada de mal lhes aconteceu, para outros grupos econômicos que lucraram indevidamente com o movimento de capitais e que participaram de negócios ruinosos para o Estado, não está prevista nenhuma taxação, para não dizer punição, vivem num regalo, como se a crise não fossem com eles. Já que legalmente, socialmente, politicamente, e, parece, como consequência, moralmente, não há nada de mal nisso:  Está decidido: Na outra encarnação Eu quero vir banqueiro!

     * Era, idealmente, programa de saúde que incluía todos os tratamentos, internações e medicamentos, para todos os trabalhadores e reformados, como a seus dependentes.
    ** Era, idealmente, oferta  de educação gratuita a todos os níveis, para toda a sociedade.
  *** Era, idealmente, baseado em 16 princípios, o fundo comunitário que garantia condições de vida a todos os trabalhadores garantido-lhes pensões e reformas justas, prestações familiares, cuidados de saúde e auxílio em situação de desemprego.

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