quinta-feira, 3 de abril de 2014

Dívida impagável.





Dizem que a dívida não é  sustentável. A dívida é sustentabilíssima ! Aliás é autofágica. E cresce de si mesma. A possibilidade de pagá-la é que não é. Já que vai carecer de muito esforço, muitas manobras, muito trabalho, muito sofrimento, e, quem sabe, muita miséria.

A menos que Portugal encontre petróleo, um pré Sal, ou Minas de Ouro como as do rei Salomão ou de diamantes como as da África do Sul, não tem saída para pagar esta monstruosa dívida em menos de um século. É isto que ninguém diz. Começou-se agora por falar em 25 a 30 anos com um crescimento anual na casa dos 4%, o que nunca houve nem há, só com um pré Sal, ou com as tais minas, para atingir os níveis de crescimento capazes de pagar as dívidas, conforme o que está pactuado para estas dívidas soberanas na Europa. Tudo isto é uma falácia que compromete o futuro, inviabiliza o presente e desgraça cada um e todos os portugueses.

Desgraça todos e cada um individualmente porque sem futuro todos, inclusive os autores desta situação miserável, ficam numa condição de instabilidade. E o que é isto? Podem estar cheios de dinheiro, podem ter os melhores empregos, mas terão um país instável. Pensarão alguns: Que bem lhes importa, vão viajar. Pode até ser, mas pode acontecer que um filho ou um neto sofra um atentado à sua vida, um assalto, uma qualquer desgraça, porque a situação como está, entre outras coisas, vai descambar nisto. Ficamos todos sob risco.

Do que nos fala o manifesto dos 74, que agora irá a Assembléia da República para discussão, é da necessidade de reextruturação imprescindível, o que é incontornável. O que falta falar é como, dentro da realidade portuguesa, fazer crescer a economia do país para dar espaço à vida cotidiana, inclusive a necessidade de investimentos, banida por uma pauta de juros proibitiva e pela  necessidade de pagamentos incomportáveis com sua atual riqueza.

E o que falta falar se é o mais complicado, é, ao mesmo tempo, o mais importante, pois só com um plano nacional, com medidas governamentais de incentivo, com motivação de toda a gente e rumos bem estabelecidos é que poder-se-á sair deste buraco. A própria Grécia vai tomando consciência disto. O que falta principalmente em Portugal é uma liderança política, alguém que todas as semanas diga ao país o que se deva ir fazendo, para que se possa, por um lado, reconstruir muito do que foi destruído pela ação da crise somada a estupidez da solução que encontraram para ela; e, por outro lado, possa construir progressivamente opções de futuro compatíveis com as inclinações e as características da economia do país, bem como do próprio país como espaço desta construção.

Enquanto não se tomar consciência que esta dívida nestes termos é impagável e, portanto, que  têm de ser alterados os termos como está negociada, no interesse de credores e devedores, para viabilizá-la, dando condições de Portugal crescer para a poder pagar entre outras coisas. Sem esta tomada de consciência, sem as condições de crescimento e sem estarem alteradas as formas de pagamento, esta dívida se tornará cada vez mais opressiva e impagável. 

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