quarta-feira, 30 de abril de 2014

Dorival Caymmi







Fica por saber.                                                               30/4/1914
                                                                                                                30/4/2014

                                                                                                           No centenário de seu nascimento.

Foi quase um século de paz.
Que conquista!
Com a calma que a brisa traz
E uma vida de artista.

Era quase sempre você, o seu violão e sua voz,
Raras parcerias, só você era mais que suficiente
Não há dúvidas, de que era pleno, para todos nós
Em sua rítmica prenhe, rica, pungente.

Numa batida única, própria, untuosa, e singular
Dizia tudo, do sentimento à uma receita culinária
Sem pretensão, muito simples, mas nunca vulgar
Com uma cadência mágica extraordinária.

Dói-me você não existir mais, meu grande babalorixá...
Parece que ainda o vejo como o conheci: todo de branco,
Até o cabelo. E, com seu estatuto, permitiu-me 'me achegá'
E deixou-me pra sempre prisioneiro desse seu sorriso franco.

Fiquei impressionado quando soube que só nos deixou 104 canções,
parecem muitas mil, 104 sucessos sem exceção, nem uma só escapa
Sente-se assim porque todas despertam muitas mais emoções
o que multiplica nelas sua expressão, e tudo muito à socapa

Era sua forma depurada de fazer, fazer devagar, fazer com alma
Bahianamente, docemente, humanamente, como só você
Eu não consegui aprender, sempre aflito e sem calma
Que saudades sinto de não mais lhe poder ver.

" Ai, ai que saudades eu sinto da Bahia"
d'"A terra de Nosso Senhor"
De tua voz  que era nossa companhia
Que cantava o povo, seu gosto e seu amor

" Ai. esta saudade dentro do meu peito"
" Que carrega com a gente"
" Eu pelo menos mereço o direito"
De encontrar alguém clemente
Que me 'acalante' e que me acalente

Bahiano burro nasce morto, diz o povo
E quão certo estão, podemos crer
Você então é que deveria renascer
Pra nos poder cantar tudo de novo

Muitas são como cantigas de rodas
Do mais puro que o povo tem
São eternas e são modas
Que vivem no ontem, no hoje e no mais além

"Um peixe bom eu vou trazer."
Pro Four men on a raftt de Orson Welles.
Ninguém nem nada os faria esquecer
Nem mesmo se quisessem, ou pudessem eles

Imagino Você entre as núvens com os arcanjos
E lá no céu todos começam a cantar
Cantam mulheres, crianças, cantam marmanjos
Já ninguém os consegue calar
E aguardamos aqui longe, longe dos anjos
Que por si, o pessoal não fica 'cansado de esperar'.








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