domingo, 4 de junho de 2023

Em busca da realidade paralela IV - διαλεκτικ.

Ao Caminho entre as ideia chamamos de DIALÉTICA. A estabelecida ideia de argumentação e contra-argumentação, que só tem interesse se com ela alcançarmos algum tipo de conclusão válida e universal, posto que se específica, poderá tratar-se de uma realidade eventual, que atenda só uma narrativa preconcebida, sem reflexo na realidade, aquela que se diz paralela, e que, cqd, sabemos não existir. TRIUVIUM Gramática, lógica e retórica, as três ferramentas da linguagem, as três disciplinas com as quais começava o ensino universitário medieval, constituindo sua primeira parte, e que eram a base de toda a formação nas artes liberais. Era seguido do Quadruvium, completando a forma das sete artes, mas que começava sempre pela palavra, como é normal. QUADRIVIUM Aritmética, geometria, astronomia e música, temos aí dois pares, são duas teorias e as suas respectivas aplicações, relativas à matéria e a quantidade, que conformavam a segunda parte do ensino superior, e que eram ensinadas originalmente na Antiguidade nas Escolas gregas como a base do conhecimento, e que na Idade Média passam a ser a segunda etapa da formação universitária, que, tendo partido da linguagem, assumia o mundo exterior à mente, propondo estes dois/quatro caminhos interpretativos. Hoje ver a música como um metodo de interpretação da realidade pode parcer estranho, porém esta é, em si, a aplicação da teoria dos números, da Aritmética portanto, mas para quem bem refletir, independentemente do conhecimento do que pensavam os antigos, poderá entretanto concluir que o método musical tem muito a acrescentar ao entendimento das coisas, sobretudo se o enetendermos como harmonia, já que tudo na matéria tem sua música, uma vez que tudo vibra, tudo o que existe vibra, inclusive as expressões de ordem metafísica, mas em nenhuma podemos incluir a mentira, que expressa uma coisa que não existe, logo não pode vibrar, assim como a dita realidade paralela que é uma forma sofisticada de mentira, não pode vibrar portanto, e daí podemos concluir que não há realidade paralela. DIÁLOGO Sendo metodologia didática de conversação alternada, com perguntas e respostas, visa encontrar um acordo, este que será a síntese, e a conclusão do diálogo. Todo o percurso do método é o de ir-se inferindo da melhor resposta, ou no plural também, para que expliquem o fenômeno em estudo. PROCESSO GENERATIVO Nos processos de tentativa e erro, perseguimos hipóteses que buscam ser comprovadas, no processo generativo, onde o desempenho dos resultados buscam logo atingir os objetivos pretendidos, ou então a posição mais próxima possível deles. Onde ou há um erro inicial, ou está-se a caminho da resposta pretendida. O mesmo se passa com as Inteligências artificiais, onde esse método é absoluto, ou, como se passará em nossa mente, mesmo quando a conclusão seja errada tentamos uma conclusão geral, global, e nunca os degraus sucessivos da tentativa e erro, mesmo quando a utilizemos na prática como método de pesquisa, mas ao nivel de nossas mentes já estarão traçados caminhos mais largos, o que diferencia a realidade prática da teoria. CAUSA E EFEITO Descobrindo a série infindável de possibilidades, as experimentamos no intúito de determinarmos as razões de um fenômeno, estas que perseguimos como geradoras de um determinado evento. Sabemos que de uma ação resulta um determinado efeito, o que o causa é nossa busca, uma vez que da compreensão de muitos pares de ações e respostas, causas e efeitos, obtenhamos uma perspectiva alargada do fenômeno, o que nos levará à sua total compreensão quase sempre. Só um engano desde o início, poderá nos fazer acreditar numa improbabilidade, assim age a narrativa paralela que nos procura levar a acreditar num fenômeno inesistente, para impôr sua tese. Esta que não poderá ser comprovada com a repetição da experiência mor das vezes, comprovação que daria admissibilidade à narativa, se a aceitarmos, com essa admissão estabelecer-se-á a pretensa realidade, dita paralela. TESE\ARGUMENTAÇÃO É a ideia lançada para entender-se determinado fenômeno, e que o tenta explicar. ANTÍTESE\CONTRA-ARGUMENTAÇÃO A ideia contrária, para refutar a tese, e não explicar o fenômoeno, estabelecendo um diálogo que deverá resultar na compreensão, ou não, do fenômeno. SINTESE\CONCLUSÃO-TEOREMA Debatida a tese, comtraposta sua antítese, avaliado todo o conjunto e seus resiltados, se estabelecerá uma síntese de causa e efeito, do simples das partes estudadas, para o todo mais complexo, e deverá daí emergir o teorema, esse que deve ser demonstrado para se tornar evidente a síntese, cqd, e poder assumir a sua posição de conclusão, o desfecho dialético. Todo esse processo visa só um propósito, o entendimento da verdade O QUE É A VERDADE? A verdade é a propriedade de estar de acordo com a realidade, de acordo com os factos, com tudo o que é, como são também as respostas lógicas que emergem da análise dos fatos. Conclusão baseada na evidência, essa que existe em nossa realidade, e não numa imaginária que possa atender fielmente aos factos, e só a eles, posto que inserido na 'realidade' há mais que factos, há também as suas circunstâncias, estas que não se incluem na realidade imaginada, uma vez que não inclue os imponderáveis do fenômeno. Propriedade que é uma qualidade inerente, inapartável, inarredável, que não se pode afastar ou substituir daquilo que é, ou seja da realidade, essa que há, e que aqui está, e que é só uma. O PROVÁVEL A Antropologia cultural e a filosofia qualificam o imaginário, a realidade e a ficção de forma bem vincada, distinguindo os valores que as diferenciam, não admitindo outra concepção que não a do real, e a do possivelmente real quanto ao imaginário, e ao irreal para a ficção, excluindo outras realidades como inexistentes e inadmissíveis, portanto não aceitam realidades paralelas. Conceito que não faz o menor sentido filosófico. "Multiverso". Palavra não dicionarizada e conceito pseudo-científico tenta descrever um conjunto de universos possíveis. Por serem possíveis não serão prováveis, menos ainda existentes. Como o conceito inclui no conjunto o nosso universo, dá, desse modo, azo a que se possa crer numa realidade paralela, o que é, no entanto, pura mistificação. LÓGICA Busca determinar o que é verdadeiro, e, como sabemos, numa realidade paralela, por mais lógica que possa parecer, nada tem de verdadeiro, logo conterá sempre algo de ilógico, por mais bem engendrada que seja. MANUTENÇÃO E SUPRESSÃO Dois conceitos que se assentam na nossa concessão aos efeitos da realidade estudada, e nenhum cabe em realidade que não seja objetiva. Apesar de a pretensa realidade paralela poder produzir efeitos, esses não se manterão suficientemente resistentes aos processos de checagem, vindo logo a diferir da realidade. SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO Por mais que uma determinada realidade criada, posssivelmente real, paralela como chamam-na, se vá colar ao imaginário, inclusive o coletivo, sempre acabará por desviar-se da 'realidade-real' por falta de significante, por mais significado que possa aparentar ter. OBJETIVIDADE E SUBJETIVIDADE A realidade paralela é estruturalmente subjetiva. Logo uma construção deficiente, e que se decomporá face a luz da objetividade, pela inevitável falta de significante. PENSAMENTO CONTRAFACTUAL Atribuem a Frank Lloyd Wright a afirmação: "A verdade é mais importante que os factos." penso que o arquitecto estadunidense era muito inteligente para fazer tão tola afirmação, uma vez que os factos 'são' a verdade, ou seja tem de estar em acordo com a verdade. assim como a verdade é a propriedade de se harmonizar com os fatos, logo qualquer efeito dissonante, será incompatível, o que significa que não há gradação de importância possível entre coisas equivalentes. A não ser que ele quisesse dizer com verdade a implicação dos factos, que é mais abrangnte que só os factos em si. É facto que levou um tiro, e a verdade é que morreu, poderia não ter morrido, que seria um desfecho mais feliz. Pois bem, sem esquecer o ensinamento que nos foi dado pela Graça, de que Só a verdade liberta. "Conheça a verdade e ela vos libertará." João 8:32. Luz plena de entendimento, temos que toda narrativa que encobre a verdade, é sombra, é escuridão, é engano, é isso que é a dita realidade paralela, uma vez que esta não acontece ou aconteceu, sem ser apenas imaginário, e como tal demarcado, ou ficção, é falsidade, essa que nos aprisiona, como mentira que é. O pensamento contrafactual só é válido como hipótese, como elemento da antítese, mais nada, o resto é pura mentira, o que não é expressão de nada. Só o que existe expressa alguma coisa no mundo real, o mais é o vazio, por isso não existe realidade paralela.

sexta-feira, 26 de maio de 2023

Do am I welcome to Elsinore?

Nobody is. Everybody is. A lie A truth A faith Try, all can be made. There is no Elsimore. There is all at Elsimore. All is Elsinore. Nothing is Elsinore. Helsingor Hell sing or... A mirage? A found? A loss? No doubt here! Elsinore is nowhere. Elsinore is everything Elsinore does exist Elsinore it is an harbour Elsinore it is a city Elsinore it is a dream, a mirage A rest, A sureness, A truth, and happiness. And there are parties in Elsinore. Nothing is Elsinore, but Elsinore is true. Elsinore is everywhere. Elsinore is nothing Elsinore it is a bad dream May be not... A doubt, it's an how An address, a question A lie and a crowd. And there are holes in Elsinore Holes in the soul Full of nothing Full of everything In many empty places like Elsinore Everything is Elsinore, but it's all lie. Elsinore is elsewhere. Elsewise is here Elsinore is a possibility. Elsinore may be sure? And could be cure? When be mature. Elsinore is an action A quest, it is an answer A certitude, a conviction A play, an adiction. And not discover takes it over Elsinore does not exist, but it's real. Serei eu bem vindo a Elsinore? Ninguém é. Todo mundo é. Uma mentira Uma verdade Uma fé Tente, tudo pode ser feito. Não existe Elsimore. Há tudo em Elsimore. Tudo é Elsinore. Nada é Elsinore. Helsingor Sinal do inferno ou Ele vai cantar ou... Uma miragem? Um achado? Uma perda? Sem dúvidas aqui! Elsinore não está em lugar nenhum. Elsinore é tudo Elsinore existe Elsinore é um porto Elsinore é uma cidade Elsinore é um sonho, uma miragem Um descanso, Uma certeza, Uma verdade, e felicidade. E há festas em Elsinore. Nada é Elsinore, mas Elsinore é verdadeiro. Elsinore está em toda parte. Elsinore não é nada Elsinore é um pesadelo Talvez não... Uma dúvida, é um como Um endereço, uma pergunta Uma mentira e uma multidão. E há buracos em Elsinore Buracos na alma Cheios de nada Cheios de tudo... Em muitos lugares vazios como Elsinore Tudo é Elsinore, mas é tudo mentira. Elsinore está em outro lugar. Caso contrário está aqui Elsinore é uma possibilidade. Elsinore pode ter certeza? E poderia ser cura? Quando estiver maduro. Elsinore é uma ação Uma busca, é uma resposta Uma certeza, uma convicção Uma brincadeira, um vício. E não descobrir assume o controle Elsinore não existe, mas é real. Enviado p Rafy c esse prólogo: Fyi Rafy Ray and fy Little chit Little chat Little cheet, full of words Little cheat Little this Little of that Little bit Big bet A dog and a cat. Para sua informação Rafy raio e voo garotinha bate papo Peitozinho, cheio de palavras trapaceiro pouco isso pouco disso Um pouquinho grande aposta Um cão e um gato.

DE VIÉS.

DE VIÉS Que é como sempre me olhas Com medo de encarar a fera E encontras dificuldades zarolhas Que são ciladas, e espera De um tempo que já não tenho Em abismo que já não é Como vou, não venho Perdição, desengano, falta de fé Tolice e quimera Dessencontro que é O que não tem solução Solucionado está Diferentemente do que pensas Um cão nunca se vai Nem tem autocomiseração Estará sempre conosco Mesmo morto, segue cão Não creias que eu não estarei Sempre contigo, e convosco Ainda que penses que não.

NOTAS DIDASCÁLICAS

Por serem marginais, ou de pé de página, ao contrário do que possam pensar, não são de ter menoscabo por elas, são, outrossim, as mais importantes, e todo o desdém será punido. Sobre a guerra da Ucrânia. Como ficou visto, o guião de Putin, foi pro brejo. A guerra era para durar três a quatro semanas, alguns falam dias, mas isso é tolice, basta ver o tamanho da Ucrânia. Uma coisa que demonstra bem que era para ser de curta duração, é a data em que ela começou, a outra o número de veículos que fizeram a invasão, houve até engarrafamento por serem tantos. Então, em fevereiro, com os solos ainda endurecidos pelo frio do inverno, seria para terminar antes da Primavera, quando se iam transformar em imenso lamaçal, com o descongelamento. Entretano o crítico do que falhou no guião, o fator nã considerado, foi a força indômita do povo ucraniano, com que ninguém contava, muito menos o invasor. E já lá vão quinze longos meses... Sobre o "IMPACTO AMBIENTAL". Dizem os jornais, proclamam os comentadores, como se houvesse lógica nessa ideia: Impacto ambiental. Impacto? MAS QUAL IMPACTO? O ambiente é nossa vida. Certamente o que representa para um esquimó será muito diferente do que representa para um bosquímano, ou um berbere, mas todos estão adaptados ao ambiente em que vivem, não lhes causando o ambiente impacto algum. O que há são alterações do ambiente por nossa culpa, inabilitando aos povos a viverem sob a pressão que o ambiente agredido promove como resposta. Gerando um impacto indesejável para o habitante, para quem vive num ambiente que se tornou inóspito, devido a impacto humano no ambiente; e se faltar água, então: MÍSERO AMBIENTE, põem-se todos a gritar. Há um sem número de más utilizações das palavras, fruto da ignorância generalizada, mas essa de "impacto ambiental", é viciada, pois é proposta com a ideia subjacente de que o ambiente nos impacta por ser rude, e poderá ser verdade se você que viveu toda a vida na Sibéria se quiser mudar para o Cairo, ou se você agredir ao ambiente onde quer que seja onde viva, poderá receber uma má resposta ambiental, mas não culpe o ambiente por isso. A CULPA É SUA. SÓ SUA. Sobre os 'bolsonaristas' sem Bolsonaro. Vão se conhecendo os crimes do capitão Jair, seus roubos, dinheiro espalhado por toda parte, diamantes e mais diamantes, propriedades, mansão cinematográfica nos EUA, o conlúio dos filhos, etcetera, etcetera. E os fiéis, infiéis, vão se dando conta do quanto foram enganados, e fogem a sete pés das hostes 'bolsonaristas', com especial destaque para os políticos, essas enguias fugidias, escorregadias, que logo trocam de casaco, de roupa, de pele, mas sempre haverá no fim os estultos que se aferraram às propostas do capitão, digo propostas porque não são ideias, não são nada, e estes ligados a essas propostas, se irão manter, até para não darem o braço a torcer, conspícuos que são. Mas temos mui bem consagrada a expressão: Rei morto, reposto... E isso tudo ainda acaba em jaula para a maioria dos conspícuos. Sobre os bancos. Os de jardim, com alguns precisando de pintura ou alguma reparação, vão bem em sua maioria, obrigado. Já aqueles que guardam nosso dinheiro nunca se cansam de especular, na eterna jogatina financeira, e com isso se vão destruindo, tanto como destroem o dinheiro dos investidores, e, até mesmo dos depositantes, mas a tentação é grande, e o lucro fácil. Os bancos portugueses com lucros de perto de onze milhões todos os dias do ano, chova ou faça sol, seja dia útil, sábado, domingo ou feriado, o que acham pouco, e não se satisfazem, e arriscam tudo em negociatas. Recentemente, após as três enormes crises que ocorreram nas três décadas anteriores, foi a vez do Sillicon Valley, e do First Republic, nos EUA, e do Crédit Suisse, que, do dia para a noite, sem vigilância, revelaram-se inadimplentes. Rápida ação dos reguladores para estancar a miséria, e circunscrever a desgraça, talvez tenha parado a crise. Mas o fato, a nota dominante, é que os bancos, se não estiverem sob estreita vigilância, metem os pés pelas mãos. Quem os quer regular? Ninguém. O Sr. Obama falou disso, prometeu regulação, mas logo esqueceu, ou fizeram-no esquecer o assunto, assunto que não interessa regular. Como fazer afortuna de uns poucos sem a desgraça de muitos, se houver regulação bancária? Sobre os refugiados. Agora que os dias ficam cada vez mais quentes por toda Europa, vamos ver outra vez as mortes no Mediterrâneo, as imagens terríveis dos campos de concentração que estiveram fora das televisões, mas que continuaram durante o ano todo, esses anos todos, com gente a sofrer todo tipo de penúria, todo tipo de exclusão. Sendo a pior delas a de serem afastados das portas da Europa, inclusive criminosamente, como fazem os gregos, suprema vergonha humana. Assim em Samos, em Lesbos, em Souda, na ilha de Chios, em Exárchia, na Grande Synthe em França, em Idomani, em Lipe, na Bósnia, e na Turquia em dezenas de lugares, paga que é pelos europeus para reter os emigrantes em seu território, impedindo a travessia, e para onde são reencaminhados; e na Siria, na Líbia, etcetera, etcetera, etcetera... em campos onde morrem de fome, de frio, de doenças, ou se matam de desespero. E a isso, aos que se negam recebê-los, os que pagam para os reter, como também a esses países com essa gente que recolhe aos desgraçados em campos de concentração que criam, tudo junto, chamamos Humanidade. Sobre a água. Abundante, como é a vida no planeta, permitiu que essa se gerasse, permitiu tudo que há vivo na Terra, onde tudo vivo tem água. Desrespeitada, abusada e desperdiçada, vem sempre cobrar a fatura da estupidez em seu maneio. Nos próximos anos, e cada vez mais, o precioso líquido será a razão de nossas preocupações. Alterando estilos de vida, de cultivo, de hábitos alimentares e ainda outros, o que nos impedirá gosto e prazeres, das piscinas à mesa, dos campos de tênis às lavações dos automóveis, dos pátios, das casas etcetera, sobrará por cuidado a lavação do Bonfim na Bahia, que religiosa e imposta pela fé, continuará. As tropelias a que sempre sujeitamos a água, abundante e barata, acabaram. O respeito que merece, e que é devido ao líquido da vida, que esbanjamos, sujamos, malbaratamos, desperdiçamos, e menosprezamos durante toda nossa vida, vem agora apresentar a conta de nosso desatino. Pesada fatura. Quem viver, verá! Ficamos por aqui, são muitas notas, muita coisa que há que se registrar nesse mundo de meu Deus, tudo o que se passa e se diz, como há também muita coisa boa, feita por gente muito boa, não as anoto, porque isso devera ser a norma, o ponto em que deveríamos estar, mas falta muitíssima vergonha na cara para lá chegarmos.

Vejam os que têm olhos de ver.

Talvez viesse mais a propósito o anexim, 'Mais cego é aquele que não quer ver', mas preferi como em Ezequiel 12, ou Mateus 13, a expressão título, posto que de fato estamos cheios dessa gente cega por aí, gente de uma cegueira endógena, intrínseca e despropositada, que oblitera a realidade, mesmo quando esta entra-lhes pela porta a dentro, só por não terem olhos de ver o que agora está em todo lado: enchentes, secas, a época de rega começando cada vez mais cedo, tufões, ciclones, furacões, calores e frios extremos, neves e chuvadas em épocas incertas, bem como a falta delas nas épocas certas; as águas não mais estando onde costumavam estar - com rios secos, lagoas mortas, reservatórios insuficientes, o freático esvaziado, e a demanda e os custos aumentando vertiginosamente num mundo sedento, e as pessoas náo se tocam que a margem de manobra está cada vez menor para que possamos fazer algo efetivo a longo prazo, esse mesmo prazo que já se esgotou para muitas ações, como as que deveríamos ter atendido, tendo feito o que é mister há décadas. E seguimos escorregando pelo precipício abaixo. Um casal de putos arteiros. Onde o menino e a menina vêm tentando se afogar nas águas do Pacífico, obtendo cada vez mais êxito em suas tentativas, o que perturba e perturbará cada vez mais o clima em todo o mundo. Vejamos essas duas crianças em ação e seus resultados, e porque ficaram mais agressivas e desordenadas, com ocorrência, periodicidade e duração que são absolutamente irregulares. 'El niño' Primeiro o menino, esse que vem com o Natal, como notaram os pescadores do norte do Peru, que asssim o chamaram devido a época do ano em que surge. Com os Alísios soprando de Leste para Oeste, as águas da costa leste da Ásia e a Austrália sofrem uma levação de mais de meio metro tomadas as suas águas em relação à costa oeste da América do Sul, que com isso trazem para suprfície as águas profundas, mais frias, que contém os nutrientes que alimentam as populações marinhas, como os peixes que os pescadores peruanso buscavam, e não encontravam, com enormes populações, permitindo abundante captura como era o caso da anchoveta, que chegou a doze milhões de toneladas/ano, a maior pescaria do planeta. Com o fenõmeno do 'el niño' dá-se uma diminuição acentuada na ação dos Alísios, e até mesmo a inversão de sua direção, passando a ser de Oeste para Leste, evitando a ocorrência da convecção, uma vez que desse modo as águas superficiais estando mais frias, não mergulham como normalmente faziam, trazendo para cima as águas profundas cheias de nutrientes, interrompendo, desse modo, o ciclo de abundância. Esse fenômeno gera grandes massas de ar quente e úmidas que acompanham as águas, então, com isso mais quentes do Pacífico, e provocam um forte aumento na pluviosidade da costa da América do Sul, e secas na Indonésia e na Auatrália, modificando o clima em todo o planeta com a alteração da circulação geral da atmosfera, promovendo desde invernos mais quentes, mais chuvosos ou mais secos ao mesmo tempo em diferentes regiões, bem como verões muito mais quentes na Europa, e secas terríveis em África. 'La niña' É o arrefecimento das águas superficiais do Pacífico, em oposição ao 'el niño', com os Alísios soprando mais intensamente, o que resfria as águas superficiais, cria enormes distúrbios climáticos, e fomenta perturbações também a nível global, mudando a pluviosidade, as temperaturas, e a evaporação. 'La niña' provoca perturbação em todo o sistema climático mundial, numa contraposição tão indesejável quanto seu irmão. Antes não era assim. O aquecimento do planeta. Com o efeito estufa, resultante de enormes quantidades de carbono retido nos gases da atmosfera, que refletem o calor solar de volta para a terra, criando um ciclo de retenção do calor que se acelera. Não sabemos ainda se os meninos travessos influenciam o efeito estufa, mas sabemos bem que o efeito estufa exponencia as ações dos meninos. Vamos viver num Saara. A verdade é que todo o processo das alterações climáticas vão num crescendo pela falta de resposta global ao problema, esse que nos assola e que teimamos em não ver. Com a aceleração do ciclo da água - evaporação, chuva, retenção, e evaporação novamente - posto que a retenções passaram a ser mais breves, por memor tempo, as chuvas mais intensas e/ou menos frequentes, numa completa anomalia ajudada pela liberação de enormes quantidades de água que estavam retidas em vegetação, em glaciares e no freático, que entraram no sistema e passaram a circular, promovendo a seca, uma vez que a água não parando quieta, sendo evaporada e levada de um ponto a outro muito rapidamente tansportadas pelas nuvens, diminuindo assim os caudais, os mananciais, as reservas e mesmo o freático, numa dança insana e perigosa que nos empurra para que venhamos a ter um Saara por toda parte. Reflexão. Se o que vemos, ouvimos e sabemos pelos jornais, pelas televisões, em viagens, ou mesmo à porta de nossas casas, não nos basta para que entendâmos que a prioridade das prioridades é estancarmos o aquecimento, para que a água evapore mais devagar como antigamente, ou que permaneça quieta nos glaciares e no freático, e que também plantemos bosques, matas, e florestas, onde a água se movimente ainda mais lentamente, e que evitemos esse ciclo infernal que está criado, com a reposição das carruagens nos trilhos, o que demorará um século se começarmos a partir de agora, e essa constatação não nos basta, não é suficiente para que tomemos todos firmes medidas de resfriarmos o planeta que aquecemos com nossa irresponsabilidade e porcaria, então continuaremos a rolar precipício abaixo, sem termos onde agarrar-nos, desorientados, sem remédio outro que o de chafurdarmos em nossa cegueira.

terça-feira, 23 de maio de 2023

CENTENÁRIO DE EDUARDO LOURENÇO. 1923 - 2023.

Foi há cem anos Em São Pedro do Rio Seco Almeida, Guarda Nascia nesse 23 de Maio O menino Eduardo Aldeão da Beira interior, portanto Onde há 95% de granito por todo lado Na alma também... Pergunto como foi nascer lá menino tão doce? Homem tão sábio? Alma tão aberta ao entendimento? Entendeu tudo que há para entender E nos explicou como somos Sobretudo os portugueses. Num século de estupidez e pouco entendimento Vinha pensar a realidade Essa que tão fácil se vê E tão pouco se entende Por carecermos de perspectiva larga E por termos preconceitos Esses que corroem as almas. O filósofo Eduardo tinha as características misteres A paz necessária A ausencia de ódios Sem deixar que sua água cristalina se turvasse Fruto das circunstâncias Seu manancial corria límpido Puro e intenso E ademais belo Ouvi-lo era um prazer Lê-lo, uma descoberta Vê-lo, espanto Puro assombro da revelação.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

NUM INFINITO MUITO PARTICULAR.

A Antena 1 da Rádio Difusão Portuguesa, aos domingos, entrevista alguém do cenário sócio-cultural português, num programa que se intitula "Infinito Particular", que busca mostrar que a singulariedade de cada um tem alcance enorme, infinito mesmo, posto que somos todos muito semelhantes em sensibilidades, apesar de pessoal e individualmente sermos particulares. Portanto únicos em nossas respostas aos agentes causadores de qualquer alteração na tranquila linha que busca seguir nossa vida sempre que possível, gerando nela turbulências de vária ordem, aí somos muito diferenciados. Nesse 18 de Dezembro pp na Antena 1, foi a vez de Lídia Jorge, com sua centralidade, e firmeza suave, sua interpretação muito particular do mundo, sua ousadia invisível, que traduz-se numa interpretação resoluta de tudo que se passa, sem abrir mão da concórdia mister, o que leva a renomada autora muita vez a calar-se, por "pudor", ao colocar-se no lugar dos outros. Enxames de formigas, simpatia por empatia. Sensibilidade. Fraternidade. Compaixão. Misericórdia. Contando em seu livro histórias de um lar de uma Santa Casa da Misericórdia, Lídia Jorge nos leva a uma viagem interior, onde a realidade, no que é percebida, ultrapassa a própria percepção, uma vez que o que não é percebido é tão presente como se o tivéssemos ali à nossa frente a gritar: 'Olhem para mim, eu sou a realidade, tudo o mais é ilusão.' Uma bipolaridade angustiante. E, para além das semelhanças, como que saída de um preceito budista, essa percepção do imperceptível, revelasse sua verdade transcendental: TUDO RESIDE NA DIFERENÇA DAS SENSIBILIDADES, essas que nos levam muitas vezes a termos simpatia, para além da empatia, posto que uma vez assumida a identificação, o sentimento tende, por norma, a se aprofundar e criar raízes mais entranhadas na inequívoca identidade estabelecida. Porém outros sentimentos para além desta identidade que gera sentimento, atingem níveis mais subterrâneos, calcados numa identificação que se nos entrou por algo mais intenso que a própria identificação de per si. Aos que desse modo são mais superficiais, chamamos afeto, amizade, fraternidade, ao mais profundo, amor. Fraternitas est amor, lembro a conclusão dos antigos. Amor solidário é compaixão. Amor sublimado é misericórdia. É justamente este o título do último livro de Lídia, escrito a pedido da mãe, que estava a viver num Lar da entidade meio-milenar do terceiro setor que atende por essa designação, e que, portanto, guarda esse nome, tendo sido o que motivou o romance, e o titula. Na Antena 1 - afirmações de Lídia Jorge. Afirmações que nos levam à conclusão de que a relação de verdade, mais que transfiguração, exige transposição. " É mais do que verdade", "o melhor que sei, o melhor que posso" também disse a justificar sua escrita. Sendo que, pelo poder transformador de alguém sofrer com o outro, não pelo outro, em comunhão, a autora cria uma décima quinta obra de Misericórdia (1) com seu romance, uma obra de transposição, ou seja, concitando-nos a irmos além da relação, posto que a relação, seja qual for, é uma verdade estável, que nos exige uma face transfigurada para a convivência com ela. Porém Lídia compreende que nos é exigido mais para sermos misericordiosos, posto que para tal é necessário ultrapassar, transpor a realidade, para conseguir a comunhão que estará além, na alma podemos imaginar, e que "é mais do que verdade". Premonição. Enfeixando estas condições para transpor, ir além, está uma percepção supra-humana, a de pressentir verdades ocultas, a de perceber realidades que virão a se concretizar. Assim foi. O romance Misericórdia de Lídia Jorge relata uma invasão de formigas, e esta era como a que, pouco depois da publicação, viría mesmo a acontecer num lar da Misericórdia, tal e qual está relatado no livro. Prognóstico arrebatador. Premonição. Prova da sintonia perfeita alcançada pela autora com o objeto de seu relato ficcional. Como se enxergasse no tempo para além do momento. Que mais se pode esperar de um autor? 'Desdemocratização'. Sua percepção fina, remarcada na entrevista (disponível em podcast), nos fala de um terrível problema de nosso tempo, que todos já percebemos ser reincidente, e que cada vez mais se vai generalizando, o da 'desdemocratização' da sociedade (é de Lídia o neologismo), e que sua percepção arguta a percebe como uma progressão, não direi imparável, mas avassaladora em nosso tempo, e deixa o registro como alerta, sabedora do perigo que há quando uma sociedade deixa de ser democrática. A décima quinta obra. Com sua "mais do que verdade" a autora nos convida a reflexão de "o melhor que sei, o melhor que posso" que atribuindo a seu trabalho, transpõe à toda realidade, posto que é o que verdadeiramente a ocupa-preocupa, a compreensão da realidade, que sempre nos exigirá esta postura metafísica da transposição para lidarmos com ela, e que consequentemente vai muito além da sexta obra espiritual de misericórdia, que aí está ainda imersa em sua ação de resposta à realidade, uma vez que só com o auxílio de uma sensibilidade mais alargada e geral, para além da nossa exclusiva, e que nos liberte da prisão do entendimento pessoal, nos permitirá a compreensão do todo, sua identificação, e a percepção do que está oculto no imenso emaranhado da totalidade. Qual o tom? A missão de contar a 'Misericórdia', recebida de sua mãe, que cumpriu com o livro que tem esse nome, levou Lídia, a alquimista, a profundos questionamentos que a inquietam, e que a faziam buscar o tom certo, posto que só este permitiria contar a história, criá-la na verdade, sem se perder pelo pieguismo, e também sem se arrojar no universalismo, posto que pretendia escrever um romance, e não uma tese. Diz a dedicatória que me faz no meu exemplar do seu Misericórdia: "Para Helder Paraná Do Coutto, com o agradecimento por lhe dever parte da música deste livro. Abraços imensos da amiga Lídia, Lisboa, 21. out. 2022" era sua forma de me agradecer uma conversa que tivemos em agosto de 21 quando estava ensaiando o modo de escrever o livro, eu disse-lhe que era mister, antes de mais, o escrever ao som do Miserere mei, Deus, de Allegri, e do Miserere cantado por Zucchero e Pavaroti, o que ela regista à página 9 do romance. Pois ela seguiu o conselho, imaginem. Foi assim que terei eu de alguma forma ajudado à grande autora a engendrar essa sua obra. Não era preciso dizer nada, menos ainda pôr no livro. Só a honestidade, sobretudo a intelectual, torna os seres humanos maiores. Lídia é absolutamente honesta em cada gesto, eis onde reside sua extrardinária força, mas não só. A curiosidade da mãe. Neste agregado de verdades, das quais Lídia não deixa passar nenhuma, está a da curiosidade de sua mãe, que lhe estimula todos os arquétipos, modo pelo qual sabe exatamente de onde vem cada um de seus entendimentos, é impressionante! "Como um dia de domingo". A imensa sensibilidade da grande autora depreende-se de pequenas deixas, de esparsas anotações, que surgem de sua enorme capacidade de dizer, e quem ouvir a entrevista, ou ler o livro, perceberá que sua escrita, assim como o que diz, e faz, é como quem precisa de falar com o outro, e de "andar de encontro ao vento", para "encontrar de qualquer jeito" um modo de expressão, posto que está sempre a descobrir o que se passa, e os seus páthos (2), portanto, quando estes se querem ir embora, "faz de conta que ainda é cedo", sabe que "tudo vai ficar por conta da emoção", essa que põe no que escreve, seu muito particular e infinito poder de dizer. (1) São as 14 Obras da Misericórdia: Obras Corporais: 1ª Dar de comer a quem tem fome; 2ª Dar de beber a quem tem sede; 3ª Vestir os nús; 4ª Dar pousada aos peregrinos; 5ª Assistir aos enfermos; 6ª Visitar os presos; 7ª Enterrar os mortos. Obras Espirituais: 1ª Dar bons conselhos; 2ª Ensinar os ignorantes 3ª Corrigir os que erram; 4ª Consolar os tristes; 5ª Perdoar as injúrias; 6ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; 7ª Rogar a Deus por vivos e defuntos. (2) Refere-se à música deste nome, da autoria de Michael Sullivan e Paulo Massadas, imortalizada nas vozes de Gal Costa e Tim Maia. (3) Essa palavra grega πάθος que quer dizer sofrimento, paixão afeto - diversos tipos de emoção, e também qualidade que evoca tristeza, que depois alargou seu significado para expressar tudo que acontece, os incidentes, e que Aristóteles usou para designar um dos três meios de persuasão do discurso na Retórica; terá sua origem na antiga expressão frísia 'pad', que deu em inglês 'path' que antes de mais quer dizer caminho (de passo, ato de mover o pé, este que afinal cria o trilho), e em latim tem ambas as significações, a do caminho que confirma sua orígem frísia, e a da emoção. E que também está como prefixo em muitas palavras em diversos idiomas. Nietszche deu novo uso ao termo, sem abandonar de todo sua significação original.