quarta-feira, 10 de abril de 2013

AMOR- signo de eternidade.










                                             SIGNOS DE  ETERNIDADE



       Esta ideia tola de que o amor acabou é o engano daquilo que se acreditava amor. O amor nunca acaba. As relações nunca  acabam, o que é mais grave. Certamente mudam de natureza, mas não acabam.Vivemos muito equivocados  com aquilo que sejam as nossas relações, sobretudo aquelas fruto de sentimentos.
       O grande engano das aparências é fruto da ilusão da existência, só porque o grande engano da  existência é fruto da ilusão da aparência.Esta frase podia ter acabado na primeira palavra ilusão. Esta ilusão é a  ilusão de existir, porque este fato mesmo de existirmos é em si mesmo uma ilusão, não que não existamos, existimos de fato, mas não como acreditamos ou aparentamos existir, esta é também a outra ilusão que criamos para acreditarmos na existência como um fim, e esta é apenas um meio, porém, como animais, jogamos tudo nesta capacidade de por um espaço de tempo termos vida e expendermos nela todas as nossas energias, como se ela bastasse-se a si mesma.
       Se tivesse parado a frase na primeira palavra ilusão, ou mesmo na segunda, a redondilha não ficaria completa, incompleta ela estaria mais acorde com a nossa percepção, já que acreditamos no tempo. Cingímo-nos e restringímo-nos a esta limitação, acreditando que as coisas existem e deixam de existir,  dentro da nossa percepção delas. Só que sabemos bem o quanto existe para além de nós, para além da nossa capacidade de percepção e entendimento. É este o fantástico de existirmos, e com isso não podermos controlar ou prever os acontecimentos, bem como sabermos cada vez mais que eles têm todos uma razão em si mesmos que nos ultrapassa, mesmo quando nós somos os seus autores,e como fruto deste entendimento e desta percepção vem ter connosco o sentimento da desilusão da aparência, que nos corroi aos poucos.
        O que vai acabar, mais cedo ou mais tarde é a ilusão, e aí, então, começamos a perceber que somos eternos ao habitarmos outras moradas.Habitamos a alma daqueles por quem nos fizemos amar, habitamos a memória daqueles por quem nos fazemos lembrar, habitamos os corpos daqueles em quem nos fizemos eternizar...
          E se existimos para além de nós, ou para aquém de nós, tanto faz, já nos libertamos da ilusão da existência, ou se quisermos da ilusão da aparência de existirmos desta ou daquela determinada forma, e começamos a perceber que tudo em nós e de nós, nos transcende, é além de nós, para além de nós e nós não (nos) podemos controlar (n)esta condição, como também não podemos evitar de ser assim ( poderia dizer de existirmos assim para além de nós). Assim é com os sentimentos: Sempre nos ultrapassam. Quando existem verdadeiramente já não podemos fazer mais nada, têm vida própria, são assim como um ser autônomo, como um filho, existem e é isto, agem por si mesmos, vão nesta ou naquela direção e nós nada podemos fazer, porque existir dá autonomia, esta a condição da vida. E esta é  a grande incongruência da vida, se queremos ter controle sobre algo, este não pode existir, pois quando existe, logo passa a ter autonomia e, é fatal, já não temos mais controle. O que nos leva a concluir que só podemos controlar sentimentos que ainda não existem verdadeiramente, ou que estão mortos por nunca terem nascido. Os sentimentos vivos têm vontade própria e como tal existem, e existem eternamente.
       Você ao amar, nunca deixa de amar. Pois que o amor ao existir por si mesmo ganhou corpo, ganhou vida, se depois o relacionamento que existiu, fruto daquele amor, acabou, nos queremos iludir que, com isto, o amor também deixou de existir,ou até nos esforçamos por acreditar que como não há mais a expressão material daquele amor, ele também não mais existe, e, às vezes, até nos convencemos disto. Porém se formos analisar perceberemos que o amor lá está, onde mesmo o deixamos, vivo e de boa saúde, talvez  não cante mais porque nós lhe tiramos a voz, mas não lhe tiramos as canções, muito menos a existência.
         Ao entendermos isto passamos a compreender algo de maravilhoso, que é aquilo que não podemos matar, nunca podemos matar nada, o compromisso com a vida é eterno. Aqueles que matam pessoas, sentimentos, compromissos, vontades, talentos, vocações, na verdade não as matam, destroem certamente sua  presença neste tempo, só isso, são impotentes quanto ao mais, pois todas estas pessoas e estes sentimentos e capacidades, perdurarão naquilo e naqueles que lhes guardarem a memória, e sempre alguém se lembra, às vezes contra a sua própria vontade, e ali aquele ser ou este sentimento existem e perduram como signos de eternidade.  

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