sexta-feira, 7 de junho de 2013

Austeridade/Bail-out/húbris/Fim de uma era.

----------------------Sense of rumor--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Não pensem que troquei o 'h' pelo erre. Não! É isso mesmo ! Como decorrência da síndrome de húbris, que comentei outro dia no texto com este título, o governo perdeu a noção do que se passa em Portugal.Revelando uma patologia muito grave para qualquer governo, que é perder a capacidade de ouvir o povo. Neste caso muito provavelmente não quereriam ouvir o povo, porque o que este lhes diz, generalizadamente, é pro governo ir-se embora. Fartos de tanta austeridade que não resulta, pois o doente, Portugal, está a morrer da cura, austeridade. E porque? Por que a cura, ou seja a propedêutica, foi invertida. Os medicamentos não foram apropriados. Atacaram violentamente os fracos, os que não podem reagir e com isto destruiram uma das maiores riquezas portuguesas, seu mercado interno. Foram buscar dinheiro ao bolso da classe média( e dos pobres também) criando uma tal baixa no consumo, que os impostos diretos cairam barbaramente, criando uma maior baixa da receita, obrigando a mais impostos, que consequentemente aumentou ainda mais o buraco orçamental inviabilizando todo o programa.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A química da austêridade como receita para a patologia do descontrole das contas públicas só pode ser aplicada numa lógica de crescimento econômico, ou quando muito de uma estabilidade econômica, mantendo os níveis de receita, vale dizer só pode cortar onde não provoque recessão acentuada, ou seja só pode cortar no bolso de quem tem sobras para manter o seu nível de vida, para não minguar o consumo. Toda a economia vive do consumo (interno ou externo não importa) se para a roda do consumo, não há ajuste, austeridade, ou milagre que dê jeito ! Agora que o FMI vem admitir que errou na Grécia, é como confessar que erraram por darem um veneno para curar um doente de uma intoxicação, causando a morte do doente. Sim por que a Grécia é um doente morto, poderá e certamente virá a ser um país estável, mas nunca aquela Grécia de antes do tratamento, aquela está morta e enterrada! E para construir de novo a sua economia vai levar décadas, milhares de posto de trabalho destruidos, milhares de pequenas e médias empresas destroçadas, o tecido econômico sem onde se possa por remendos. Foi o fim de uma era! E dá-se o mesmo em Portugal. Hoje é um anátema comparar Portugal à Grécia, por que, dizem, Portugal está reconquistando a confiança dos mercados e, com isto, vai reconquistar sua autonomia, livrando-se da intervenção da troika. Mas a que prêço? Quanto tempo vai demorar a pagar uma dívida que vai atingir uma vez e meia seu PIB? Como não comparar Portugal à Grécia se sente-se em ambos os países o cheiro horrível do fumo que ardeu queimando o têcido econômico, e, com ele, os postos de trabalho que gerava? E o pior odor que existe, pior do que carne humana queimada, é o de postos de trabalho queimado!------------------------------------------------------------------------------------------ Porém tudo isto não sensibilizou o governo portugues. Mantiveram-se alheios,distantes, na sua obra destrutiva, acreditando ser este o melhor remédio. Todo mundo avisou, o povo foi pra rua, ordeiro, não alucinado como na Grecia,os pensadores econômicos, políticos, sociais e jurídicos avisaram, mas de nada serviu. Nada adiantou. Haviam perdido o 'sense of rumor', e olha que os rumores já eram gritos. Só pararão quando se estamparem contra o muro de pedras que lhes espera, agora, logo ao virar da curva, mas o mal já está feito e precisaremos de décadas para saná-lo. Deus nos livre dos surdos!

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