quinta-feira, 27 de junho de 2013

O poder está nas ruas. E da í?


Solução para a representatividade política: Eu me represento!

O poder estar nas ruas de nada serve, além de aterrorisar a polícia e criar vítimas dos atos menos nobres praticados (vandalismo,truculência,estupidez... entre outros) mostrando a incompetência do aparelho de segurança pública ao lidar com a população.

O poder, este frequentador de salões que viceja em círculos restritos e que por muito tempo fez as populações acreditarem que era concedido a uns poucos pela vontade de Deus, sendo atributo de uns quantos eleitos, ou mesmo de um só homem, sendo então absoluto, evoluiu até que caiu na mão de todos (do povo) e passou a ser público, e a forma de o exercer ilusoriamente atribuida a este mesmo povo, criando o regime que se chamou :Governo do povo, ou Democracia.

Quando se havia tornado pública, a Rés assumiu-se como modelo em si mesma, tornando-se :República. Criando com este modelo a ilusão de que o povo tinha a palavra final, porém com o passar do tempo instrumentalizou-se, e, o poder, com esta mania que tem de passear-se pelos salões, preferindo, entre estes, sempre os mais ricos e faustosos, fica-se por lá, esquecendo-se que a fonte de sua existência reside na vontade do povo que o gera, que o concebe ( Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido).

E foi-se embrenhando cada vez mais por sendas luxuosas, aspirando odores caros, trajando-se com as mais nobres roupagens, aspergindo-se com os mais reaquintados perfumes, enebriando-se do luxo, e embriagando-se do ócio, vivendo do bom e do melhor, esquecendo-se de suas orígens populares e de seu dever primeiro de servir a este povo que o originou. Destarte perdeu-se e levara à perdição todos que o exerciam metidos nestes salões. A cousa pública tornou-se um negócio privado, praticado por eleitos da fonte primordial do poder na sociedade moderna: O dinheiro ! Este poder infernal apátrida, anódino, sem rosto, acrítico,anestésico, corruptor e higiênico que se permite tudo e a que tudo serve.

Agora por obra e graça das redes sociais o poder quer voltar às ruas... Para que? Para se renovar, pois que tudo cansa. O povo cansou de ver seu poder ser exercido em seu nome para proveito de outrem. Voltar às ruas não lhe reanima. Não lhe refresca o exercício. Os políticos sabem muito bem que a única forma de exercício do poder é a política, e esta é oligarquica. Entrando-se uma vez para o clube há sempre muitas voltas a dar para não se apear da montada. Voltar o povo às ruas faz com que os políticos comecem a dar estas voltas e mudem tudo o mais possível, para que tudo fique do modo que estava. Eles são profissionais nisto, não tenham a menor dúvida.(Leiam o texto Coisa rara, aqui no blog.).Como tudo cansa, eles contam que vocês cansarão logo, e deixarão as ruas.

Não se iludam: Vocês têm o poder neste momento de forma rematada e inequívoca. Os políticos apenas reagem às suas vontades para agradar-lhes e tentar manter seus cargos. E dai? Se não se tirar uma consequência disto, todo o esforço de vocês terá sido em vão. Terão gasto sua preciosa energia para nada. Vejam o que se passou em Itália recentemente: Elegeram um palhaço. Sim, após forte contestação, o poder mudou de mãos, era este seu intento e conseguiram, o homem que aglutinou parte desta contestação, um antigo humorista´( Beppe Grillo com o Movimento cinco estrêlas) tem uma fatia do poder hoje e não sabe o que fazer com ele. Em outros países, como Portugal, a alternância do poder como modêlo tem sua prática esgotada, os líderes que surgem vêm do seio dos próprios partidos, replicando um modelo que não atende às necessidades populares e que não dá espaço para gente valorosa e líderes que não sejam formados no seio dos partidos do poder( PSD e PS) nunca arriscando outra solução. Não se iludam vocês têm o poder e não sabem o que fazer com ele.( Leiam o texto Notícias do fim do mundo, aqui no blog.).

Os políticos estão muito acostumados a lidar com situações de emergência, sobretudo as que o que está em perigo é a sua fatia de poder, portanto fazem ouvidos moucos. Creio mesmo que o poder gera uma patologia que os põe neste estado( Leiam os textos Síndrome de Húbris e Sense of rumor, aqui no blog.)e não se deixam intimidar, com o grito de que não lhes representam. Fazem umas quantas concessões, mudam umas quantas políticas, para continuar tudo na mesma, são muito hábeis nisto.E a teia consolidada de interesses que os une, mesmo àqueles que são uns contra os outros(oposições)é muito forte para que se desfaça pelas manifestações populares.

O clamor que agora se ouve tem uma característica muito especial: É mundial. Porém não haverá rede social que unifique esta torre de Babel que é o planeta, quando menos pela mesma razão do desentendimento que se deu na torre bíblica: a barreira da língua(E língua aí é classe social, é tribo.). Porem um sentimento que se generalizou é como uma epidêmia, segue seu curso imparável e inapelavelmente irá produzir algum efeito. Penso que a saida será aumentar a participação popular nas decisões e tirar o poder dos salões, desentocá-lo dos gabinetes,pondo-o na rua(mas numa rua de tráfego consensual) esta está nas novas tecnologias de comunicação( Leiam o texto A Crise da representatividade política e a Google e seus balões.) Esta rua penso ser virtual, penso que as novas tecnologias que geraram a crise no seu ativo, são a solução da própria crise. Se levarmos à todos a possibilidade de interferir no processo político-administrativo, este se democratiza, e as novas tecnologias de comunicação são o melhor instrumento para isto. E isto deve ser feito com força de Lei. Vivemos um mundo novo neste terceiro milênio, temos de realizá-lo na sua plenitude. Devemos nos valer de todos os meios para isto. Devemos entender que as mudanças geram novas possibilidades, e estas devem dar acesso à participação alargada de todos. Quantos menos excluidos houver no mundo em todos os sentidos, mais perto estaremos de um mundo que valha à pena, onde haja justiça e verdade. E a maior verdade é que o poder deve estar nas ruas.



















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