terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Joana Made in Portugal Vasconcelos.

Desde que escrevi E la nave va contando a história do Cacilheiro que foi até Veneza, passou-se o tempo de uma gestação, e a prolífica, a incansável Joana Vasconcelos já fez não sei quantas exposições que eu não comentei. Não que elas não merecessem reparo, merecem e mereceram o reparo, a atenção e o êxito do Mundo inteiro. Dir-se-ia mesmo que teve vários partos no tempo de uma gestação, provando, com prova provada, que quando se quer tudo é possível, que quando ao talento une-se a vontade e a determinação, tudo acontece, revelando no signo da possibilidade, que seu oposto, o triste signo da impossibilidade, reconhece limites vãos, vê-se paralisado por imposições mais de ordem imaterial, do que de ordem material, ou seja reside no espírito os impedimentos e as impossibilidades habitam a teoria, e as barreiras, invisíveis para quem tem a coragem de ignorá-las e confrontar o futuro com o signo do possível, não existem. E aí onde tudo é possível não há limites nem barreiras, há uma vontade, há uma pré e uma disposição que tudo vencem. Há o sonho a tornar-se realidade.

Desde que escrevi naqueles dias de Bienal na cidade da laguna, também ela prova que com uma vontade tudo se torna possível, como aquele sonho inacreditável que é a própria Veneza, ocorreram muitos fatos de revelação, onde o que se revelou com força de evidência é que cada dia mais só os ousados terão lugar neste Mundo competitivamente globalizado e mediatizado, para além de qualquer suspeita. Quando recordo-me que no Waldorf  Astória em Nova York, Salvador Dali, com seu gênio carismático veio ter ao salão de velocípede para a conferência de Imprensa, conquistando no dia seguinte todas as primeiras páginas dos noticiários, creio que esta era uma antevisão do que, e no que, o mundo se transformaria. Só deixando lugar aos mais atrevidos. O talento, a grande qualidade da obra, a força do trabalho apresentado é claro que são imprescindíveis, mas uma dose de ousadia é indispensável, cada vez mais.

A ousadia Daliniana era a do fazer um tipo, de criar um gênero e uma circunstância condizentes para chocar. A ousadia Joaniana, ou Vasconcelosiana é mais sútil, e traz uma componente bem portuguesa: o imprevisto!No seu imprevisto a grandiloquência e a complicação. A grandiloquência de um fabuloso discurso eletrizante, e a complicação de um magnífico relógio suisso. Esta combinação é fatal e fatídica, de envolvimento e fascínio; fatal como a vida e fatídica como uma pitonisa, sacerdotisa de Apolo, deus das Artes, e na realização dadaista, descontextualizando, contextualizando às vezes, e recontextualizando de novo, mas sem redy mades, e por isto com um outro sabor, que quero adjetivar de português.

Sim Joana mais que tudo é portuguesa, e se eu o fosse, diria é nossa, mas sei que Joana mais que tudo é universal, em Paris. em Veneza, em Londres, em Manchester como agora, ou mesmo em Lisboa, porque a simpatia é de todos, logo universal, transversal no diálogo, geral na empatia, total na relação. Mais universal, impossível.

Mas neste diálogos de Babel, da torre de todas as línguas, uma Babel unificadora não dispersa, e, como não dispensa um tom fidedigno, onde a confiança e a fé estão depositadas ali mesmo a vista de todos, porque a fidelidade não dispensa moradas, mas requer intenção. E a intenção deve ser precisa, exata, perfeita, justa, porque se for apenas boa, condição indispensável, poderá ir habitar o Hades, ou outro mundo que dela apenas boa, bem sabemos, está cheio! E nesta precisão, nesta justeza, nesta perfeição e exatidão vive algo transcendente e ainda maior: o universo da sensibillidade, que ultrapassa o da cultura seu antecessor imprescindível. Quero com isto dizer que só o é quem já foi, e neste passado suas raizes, que revelam uma autenticidade, porque só aí reside a verdade em se ser o que se é. Por isto Joana é hoje a maior embaixatriz de Portugal, não pode haver maior, por isto o título que dei a este artigo! Para quem sabe o quanto o ingleses são exigentes e pouco dispostos a fazer concessões, podem bem ver o quanto Joana é grande para atingir este reconhecimento.Se os governos soubessem disto tudo e o quanto isto é valioso, a música seria tão outra.








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