quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O caso Miró/Parvalorem/Christie's - Hipotecar o Futuro!




Para além do jocoso, do temerário, das ilegalidades, do ridículo, da afoiteza, da precipitação, da incúria, da covardia, da falta de noção das prioridades, e das oportunidades, e, mais grave, da falta de noção do que seja interesse nacional e patrimônio, fica a total falta de respeito com o futuro.

O Futuro se constrói hoje. Sabem como certos países se tornaram referência em certos setores? Aproveitaram condições que se criaram, por exemplo a Áustria  com a música, os EUA com as pesquisas espaciais, para transformarem-se em centros de excelência nestes campos e nos correlatos. Quando surge uma oportunidade devemos aproveitá-la

E surgiu uma oportunidade quando passsou a existir em poder (posse e propriedade) do Estado Português de um Museu inteiro, à conta de uma fatalidade que só trouxe desgostos e prejuízos a Portugal, denominada caso BPN, que está por um preço de ocasião, e que afinal não pesa no presente, mesmo sendo o presente uma situação difícil para o país. Se não vejamos: Que representa o montante de 36 em 581? Em 700? Em 4.000? Em 7.000? E este último número conta duas vezes. O que são 36 num prejuízo que vai ser de 7.000 ou num universo que cobra 7.000 todo o ano em juros (sempre falando em milhões, claro)? Era como se você tivesse perdido 7.000 para ajudar um amigo e neste bloco lhe custasse mais 36 para você dar uma biblioteca aos seus filhos, você faria caso? E se no meio das suas contas contassem-se 7.000 só de juros todos os anos, você se sentiria constrangidos por uns meros 36 para a tal biblioteca para seus filhos, que ademais, abrindo as portas, traria lucros para eles? É exatamente assim!


As oportunidades surgem uma vez na vida. Foi assim quando Miró morreu em 1983, a sua viúva Pilar doou 39 guaches, notem bem o número, e com isto começou o Museu/Fundação que existe em Palma de Mallorca. O grande Museu de Barcelona da outra fundação que tem o nome do grande pintor catalão, tem em exposição pouco mais de 100 obras. Há em poder do governo português perto de 100 obras de Miró se juntarmos elas todas. Ou seja Portugal, por obra do acaso, possui uma coleção tão importante quanto o próprio legado do artista em sua cidade natal. Se disperso este patrimônio nunca mais se reunirá semelhante coleção, e, consequentemente, nunca mais haverá semelhante oportunidade. Outro fator importante desta coleção em mãos do Estado Português é sua representatividade, o conjunto cobre toda a vida do pintor, o que não se passa por exemplo ciom a coleção das Baleares.

Tudo isto avaliado, os critérios técnicos reunidos, foi, e É, recomendada a manutenção da coleção em território português, assim têm postulado todas as autoridades no assunto, e assim determinou a Direção Geral do Patrimônio Cultural. O resto é política e bom senso! A Coleção vale mais de cem milhões de Euros, e a Parvalorem a vende por trinta e seis, logo é também uma boa oportunidade de aquisição. Que o momento não é para isto, não é, remeto-vos de novo ao terceiro parágrafo para terem ideia de grandeza do que representa, apesar de tudo, para o Estado Português, este número 36 milhões.

Agora o central da questão porque já sabemos o que pensa o decisôr máximo do caso: o Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho, que já insistiu na venda, alegando impossibilidades econômicas do Estado, não avaliando que, com qualquer uma pequeníssima flutuação das taxas de juros muitos 36 milhões serão gastos, da mesma forma em que há dois mil e duzentos milhões para subvenções de todas as ordens no auge da crise e dos cortes e aumento de impostos nos gastos orçamentais do Estado, certamente há esta mísera quantia para dotar o futuro de Portugal de esperança, não é nada! Sim até o Sr. José Berardo que é uma pessoa simples, teve a perfeita compreenção da importância do que é o patrimônio exposto e o que ele proporciona à alma, à mente e às esperanças das pessoas, dando inclusive seu testemunho pessoal, quando se misturava a grupos de visitantes, porque não dispunha de dois escudos, para ir ao museu sacro de seu arquipélago natal. Poderá se encontrar entre os visitantes de um futuro Museu Miró que se fizesse com a coleção, que bem poderia ser no Portugal insular para dispersar, como se deu em Espanha , seu patrimônio, alguém, algum menino, como o Sr. Berardo, que no futuro poderá dar muitos museus a seu país, se não houver exposições nunca ninguém será motivado.

E ao dizer seu Patrimônio, o faço porque esta coleção neste momento é pertença do Estado português, e como tal deve ter um destino digno. Se me perguntassem que ao ir a leilão uma coleção como esta era oportuno que o Estado português adquirisse para fazer um Museu, é claro que não, não é o momento. Aliás os políticos quase nunca se dedicam a este tipo de aquisições. Mas em a possuindo, devem mantê-las! Se assim não o é, informo, desde logo, que sou comprador para os Bosch do Janelas verdes. 

Não se pode hipotecar o futuro!

Temo muito por quantas outras parcelas do futuro se andam a hipotecar.




P.S. Hoje 10/04/2015 o MP deu razão a estas minhas idéias incriminando todo mundo: O Secretário de Estado da cultura, a Parvalorem, a Christies, que por duas vezes tentou fazer o leilão para criar o fato consumado,

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