terça-feira, 28 de abril de 2015

A cidade da casa grande.









Quase parece um nome indígena brasileiro, mas é puro irlandês Baile an Tí Mhóir, que significa exatamente o título deste artigo, nome destinado, que nos chega pela sua fórmula anglicizada Baltimore, cidade que assim se chamou em homenagem ao Lorde deste nome que era o proprietário de Maryland, estado onde esta cidade é a cidade mais populosa, aliás a cidade independente mais populosa dos Estados Unidos da América.

Não ouvia falar dessa cidade desde as Viagens Extraordinárias, onde uma das sessenta escritas por Jules Verne era Da Terra à Lua, esta premonitória história que contava o lançamento pelos americanos de um módulo com três astronautas que fica a orbitar a Lua, sendo lançado da mesma região onde seriam lançadas as missões Apolo, que cumpriram na realidade o previsto na ficção, e, na história extraordinária, o autor da façanha de mandar o homem da Terra à Lua era um suposto Gun Cub de Baltimore. Ficou na minha imaginação adolescente a cidade que realizara este prodigioso feito há século e meio atrás, posto que a história de Verne data de 1865.

Depois disto não mais ouvi falar de Baltimore até os recentes acontecimentos que inflamaram a cidade, levando ao decreto do estado de sítio, dito estado de emergência pelo governador do Maryland. No entanto Baltimore ostenta o triste título de ser a trigésima sexta cidade mais violenta do mundo, terceira mais violenta norte americana, com uma taxa de quase quarenta homicídios em cem mil habitantes. Curiosamente violência não totalmente retratada em nenhuma das séries que relatam o historial das diversas cidades na sua ação policial, só aparecendo no sitcom Futurama da Fox, no thriller Hannibal da NBC, e na The Wire da HBO, esta última um policial que retratou bem a ocorrência da droga em Baltimore, tendo centrado nos seis anos da existência da série vários aspectos do departamento de homicídios de Baltimore, mas não denunciando toda a violência das ruas da cidade, séries que não passaram na Europa.

Certamente ouvi, e ouviu-se falar muitas vezes na Johns Jopkins University, e no Johns Hopkins Hospital, que era a mesma coisa que falar de Baltimore, mas são corpos tão poderosos na cidade que se individualizaram, e era como dizer-se Baltimore sem lhe pronunciar o nome, e passava desatenta a ideia de Baltimore, hoje Baltimore a sitiada, pois que a polícia fechou a cidade devido aos conflitos, estes conflitos que nos Estados Unidos têm sempre um de dois panos de fundo, e que neste caso é o racial, esta adormecida questão sempre pronta a deflagrar rebeldia por toda América, porque não há real  integração dos negros, ainda que presentemente eles tenham um presidente negro, estranha dicotomia.

Os americanos acatam as leis nas aparências, mas não as acatam no coração, mantendo sempre um estado de tensão e de segregação, não mais socialmente explícita, mas humanamente implícita nas relações entre os cidadãos das duas colorações opostas, o branco e o negro, incompatibilizando uma verdadeira integração, que de quando em vez desplota numa insurgência popular, como é o caso agora de Baltimore, sempre por um jovem negro ter sido morto em condições não muito claras, já que os Estados Unidos são os campeões da violência, tendo o maior número de cidades violentas contado entre as suas,  violência permanente e latente, que a qualquer momento e por qualquer motivo pode explodir.

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