sexta-feira, 20 de setembro de 2019

500 anos da viagem que mudou o mundo.






Sevilha, 10 de  Agosto de 1519, Fernão de Magalhães partirá rumo ao infinito. 40 dias depois, Sanlúcar de Barrameda, 20 de Setembro de 1519, começa a epopeia.

O homem de Ponte da barca, outros afirmam Sabrosa, ser sua terra natal, de filho bonito todos querem ser pais, homem do norte de um Portugal agrícola, de uma nobreza rural, que sonhou grande, um sonho do tamanho do mundo, este que queria circum-navegar, e evidenciar de sua redondeza, e alcançar um feito impensável a época, e deixar sua marca. Sonhou com horizontes infindáveis, com mares nunca d'antes navegados, Mares do Sul, para mares do norte, com possibilidades impossíveis, num tempo quimeras. E sabia de segredos e informações cartográficas que lhe dava acesso ao conhecimento da verdade geográfica, essa que tão fortemente ocultavam.

Foi pedir a Castela que o financiasse, alcançando a dimensão ibérica com o feito, e mesmo tendo ficado pelas Filipinas, onde morre a meio da viagem, a força da sua proposta, que Elcano termina, o plano da expedição que era seu, que não morre com ele em Cebu, Mactan, emboscado, nas mãos de Lapu-Lapu, numa batalha fútil, tendo portanto atravessado o estreito que agora leva seu nome, na Terra do Fogo, no extremo sul do continente Sul, onde duas naus se perderão na busca da passagem, por razões distintas, que, alcançando o Pacífico, como assim o batiza, este percurso basta para sua dimensão universal, à força de uma ideia forjada, não importando quem a realizará por inteiro, o sonho é tão poderoso que há 500 anos vibra, com os acordes da História, provando, por fim, a ideia de Pitágoras de Samos, então 2000 anos velha.   

Pajem da Rainha, submisso ao rei de Portugal, mas sempre desobediente em seu instinto, obliterado em Azamor por seu procedimento, querendo, e merecendo, ser comandante por seu passado em tantas expedições, o querem fazer tripulante, recusa. Irá a Espanha buscar recursos para o sonho, Portugal não gosta, diz-se que tentou impedir a viagem, chegar às Molucas por Ocidente, contornando o impedimento de Tordesilhas, quase uma traição. Mas o destino estava traçado, o mundo todo seria seu, o mundo de Magalhães, nome que por toda parte ecoa, e que com tantas pronúncias diversas o vemos repetido, Magellan, Magelah, Magallanes, Majilan, Mazeran, Magellanus, Mea hke l, Magelan, Maigelana, homem do mundo que domou, reconhecido em toda parte.

Dos 234 que partiram, só 18 regressam, e há João Lopes Carvalho, que não será lembrado.

Atrasando um dia, dilataram a fama. Glória ibérica, maravilha portuguesa, será sempre lembrado enquanto houver mundo, por ter sonhado o conhecer em sua esfericidade, por seus mares, oceanos, locais, então, perdidos, que ele encontra com um único sonho refundido, e num único gesto nos revela. Um só mundo, a bola azul a flutuar no espaço sideral, onde Magalhães também escreve seu nome entre nuvens cósmicas.

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