domingo, 1 de setembro de 2019

Um ano de lamentação hoje.






A Quinta da Boa Vista, ou pior, o Museu Nacional da UFRJ, que, em sendo a mesma coisa, é outra, incendiaram-se no dois de Setembro de 2018, há um ano. Eu tive parte de mim rasgada, coisa estranha, há várias décadas não ia lá, mas tinha na quinta, no Museu, muitas das referências de minha vida, as da infância, as visitas em criança, o começo do gosto pela Natureza, pela Antropologia, pela História. Depois íamos, quando dava tempo, ao museu de caça e pesca ali ao lado. Almoçávamos no Quinta, bacalhau, quase certamente. Outras vezes era o zoo. MARAVILHA DA BOA VISTA.

Mais tarde, adolescente, ia ver as peças de que tinha saudade, do Bedengó às borboletas, passando pelas múmias. Depois foi o meu tempo de coleta de material na Mata Atlântica, na Amazônia, que encaminhei para o Museu. TUDO QUEIMADO.

Andava pela casa, o palácio de D. João VI, o começo do Brasil independente, o 1º Império de D. Pedro, as estátuas vindas de Itália ao cimo do Palácio, que albergava o museu. Os jardins, as escadas, uma viagem no tempo. TUDO QUEIMADO.   

Dois séculos de maravilha, 1818 - 2018, até a desgraça, filha da estupidez. 20 milhões de itens, a maior coleção de história natural da América Latina, coração de um Brasil que ali se formou. TUDO QUEIMADO.

Francisca Keller, a biblioteca que guardava o nome da cientista, e que era a maior livraria em antropologia e ciências humanas da América do Sul, 37 mil itens na biblioteca. TUDO QUEIMADO.

Minha dor não tem tamanho, talvez, muitos dos leitores não possam compreender porque choro, porque lamento. Talvez muitos não entendam o atraso que é para a ciência esse incêndio, a destruição de tanto material imprescindível à pesquisa. TUDO QUEIMADO.

A IRRESPONSABILIDADE, O POUCO CASO, A ESTUPIDEZ, NÃO TEM TAMANHO. TUDO QUEIMADO! SÓ RESTA LAMENTAR.

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