quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O plagiário.





Todos os que escrevemos, compomos, desenhamos, pintamos, etcétera, sabemos que muitas vezes quando abordamos um tema que já foi muito trabalhado, sofremos grande pressão dos bons textos, melodias, desenhos, pintura, etcétera, anteriormente realizados que certamente influenciam o autor,  mas que de modo algum podem representar o caminho, o rumo, a linha percorrida pelo autor, compositor, desenhador, pintor, posto que se assim fosse, seria repetição, consequentemente inútil como manifestação artística, e, ademais desnecessária como análise, posto já existir (a outra), e resta, portanto,  apenas a prevalência da má-fé, esta situação fraudulenta, a que, nesta abordagem, designamos por plágio.

Se alguém não tem nada a acrescentar a um tema que aborde, seja por que meio for, não o deve abordar simplesmente, deve procurar outra matéria, outro assunto, em que se ocupar; entretanto quando na vida cotidiana alguém, por fé de ofício, tem de escrever um texto, ou uma canção ou uma música, ou tem de ilustrar ou desenhar uma temática, ou mesmo produzir uma pintura ou escultura para que essas tenham curso, vale dizer, produzam rendimento para o autor, muitas vezes recorre a temáticas dominantes, já bem difundidas que têm recepção garantida entre o público consumidor, o que é perfeitamente compreensível, desde que o faça de forma própria e inédita, não só para que esta valha  a pena, bem como para que não incorra no mais lamentável de todos os desvios, o do plágio.

Nada, penso, pode ser mais humilhante, minorativo, depreciativo de um artista, seja de que arte for, escrita ou visual, que o fato de uma obra sua ser semelhante a de outrem, quanto mais se o for coincidente. Pode até não representar plágio, pois poderá ter sido involuntária a ocorrência, mas é absolutamente um descrédito que envergonhará o artista, desde que esse tenha a menor vergonha na cara.

Um caso fortuito é uma triste ocorrência, uma casualidade, uma infelicidade a que todos estamos sujeitos, a repetição frequente, para alguns mesmo corriqueira dessa 'coincidência' é uma desonra, uma total falta de escrúpulos, posto que das muitas coisas que se podem roubar, e o roubo e seu autor, o ladrão, são sempre abjetos, a obra de autoria intelectual é o mais revoltante e desprezível dentre os roubos possíveis, tornando essa abjeção miserável, nojenta, revoltante; porque para além dos lucros materiais que esse furto terá proporcionado, ao mesmo tempo criou uma áurea, deu um valor, gerou um brilho imerecido, tornando indigno e vil todo aquele que se valha desse recurso ao plágio.

Enojado, com engulhos pela existência de quem possa por ventura valer-se desse expediente com a intenção de auferir lucro, ou mesmo por simples vaidade, reafirmo que dentre todos os atos mesquinhos que o homem pratica, considero o plágio entre os mais miseráveis, entre os mais torpes.



domingo, 10 de setembro de 2017

O clima estará maluco?









Será que ninguém se dá conta que estamos vivendo um momento excepcional em sua acepção plena de anormal e excêntrico quanto ao clima, desde o princípio do novo milênio? Às vezes até parece que as estações estão trocadas. Ondas de calor na época do tempo frio e vice-versa, ventos anormais, seca, falta d'água, enchentes e chuvas torrenciais.  E o pior, e que deviam saber, é que isso vai se agravar. Porque será que os governos não vêm a público, usando todos os meios de comunicação, para avisar às populações que estamos vivendo um momento muito especial da nossa vida no planeta, nos alertando para o que vai acontecer, preparando-nos para o futuro que já nos bate a porta. Alarmismo? Será alarmar alguém dizer-lhe dos problemas que tem, ou irá ter, com a devida antecedência para que se prepare, ou isso é ser responsável e previdente? E mesmo será uma ajuda?

Penso que os governos estão cometendo um crime, já veremos porque, e que essa posição mole, tíbia, remissa, descuidada, acarreta uma responsabilidade social, e mesmo criminal, para com aqueles com que têm a responsabilidade de governar, desgovernando suas vidas, com veremos. Há muito já deveriam ter sido impressos e distribuídos manuais sobre as alterações climáticas e as respostas adequadas.

A realidade das alterações climáticas no mundo entra pelo olhos dentro, são secas, incêndios, desertificação, tempestades, furacões, enchentes, avanço das águas costeiras, nevões, derretimentos por toda parte do gelo acumulado, e diversos acontecimentos em épocas impróprias que estão ocorrendo por todo o planeta, evidenciando que algo não está bem. Mas o que? Primeiro temos um evento que acontece a cada 25.800 anos (em número redondos) a alteração da inclinação do eixo da terra, sua precessão dos equinócios. Isso, como se sabe vai alterar a insolação em várias zonas do planeta, e vai, com isso, modificar o clima nessas zonas, alterando suas adequações às diversas vegetações em cada área do planeta, tornando-as inóspitas para certos tipos de cobertura vegetal, sendo mister mover as áreas cultivadas para zonas mais propícias, etc. Esse assunto está bem analisado nos artigos E o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão, e no Está na hora de mover os sobreiros. Depois temos que o aquecimento global, para o qual tomaram-se medidas já tardias e sem a intensidade devida, e com prazo demasiado largo, apesar dos avisos dos cientistas, e da iniciativa de alguns governos, muitos outros tardaram e tardam, havendo inclusive imbecis que não acreditam no aquecimento, em suas causas, e em seus efeitos, não aplicando as medidas necessárias a evitar sua progressão e agravamento. Esta segunda ocorrência é inédita, culpa do avanço existencial de uma espécie no planeta com seu modo de vida excessivo, a espécie humana, da qual tragicamente faço parte. Sendo absolutamente incompatível com a estabilidade existencial da Terra a manutenção do modo de vida dos homens como tem sido praticado até hoje, em excessivo consumo, e absurdo uso dos rescursos, esgotando todos os anos os que anualmente se renovam, pela metade do ano, roubando pela outra metade o futuro, que não lhes [nos] pertence exclusivamente. Sendo, portanto,  exigível rápida e profunda mudança para que o planeta possa estabilizar, porém agora vai demorar e o preço a pagar vai ser alto.

Esqueceram-se dos furacões.

Em meio a todas as previsões e medidas ajustadas para responder às consequências do aquecimento global, esqueceram-se dos furacões, estas tempestades ventosas de abruptas forças que ocorrem de junho a novembro no Atlântico, chamadas tufões no Pacífico. Esqueceram-se que uma das componentes do aquecimento global é a subida das temperaturas das águas do mar em certas zonas, tendo por convecção um efeito devastador na estabilidade dos oceanos, e alimentando nessa época de suas ocorrências, com uma ação de forma violenta aos furacões que se formam, pois que recebem em sua passagem pela zonas de mar agora mais quentes, mais energia, aumentando-lhes a intensidade e alterando-lhes a categoria, tornando-os ainda mais destrutivos. Doravante iremos ter tufões e furacões cada vez mais poderosos e avassaladores, criando mais e maiores danos por onde passem, posto que só com o destruir em terra tudo que encontrem é que eles abrandam e se desfazem. Não há nada a fazer, eles são assim, e até que as águas voltem a esfriar, o que demorará ainda muito, iremos conviver todos os anos com desgraças de alta magnitude, provocadas pelas passagens dos furacões, furacões com categorias sempre mais elevadas, muitos deles com 5 na escala de Simpson, e, como um efeito esquecido do aquecimento global, que, entre suas muitas outras consequências, lembrou-se do aumento do nível das águas dos mares, atingindo todas as linhas de costa, do desaparecimento de zonas inteiras que estão sendo engolidas pelas águas que sobem, do aumento da pluviosidade, da maior ocorrência de enchentes e tempestades tropicais, etcétera, mas esqueceram-se do devastador efeito do aquecimento como elemento alimentador das forças de escape emergenciais, dos furacões e tufões em última análise.

Por fim a responsabilidade criminal.

O cidadão comum não tem nenhuma obrigação de saber dessas coisas, por isso paga impostos para financiar governos que têm por obrigação os defender, e entre os meios de defesa, o mais eficaz é informar das ameaças que virão, para que aqueles que a elas estejam expostos, possam, com tempo, tomar as medidas necessárias à sua proteção. Os governos foram negligentes e pouco responsáveis nesse seu dever de prevenir, de orientar, não trazendo para a ribalta os agentes conhecedores da matéria, cientistas de várias ordens, que explicariam o que irá suceder, prevenindo a população de suas vulnerabilidades e dos perigos a que estão expostas. E assim se mantém por ignorância e irresponsabilidade. Negligenciar a difusão dessa informação, e o alerta mister para se tomarem medidas que defendam a vida e a propriedade, e a Natureza, muitas vezes pelo medo do alarme social, constitui um crime de responsabilidade, que os diversos governos cometeram, a não tomarem atempadamente as medidas com vista a evitarem várias tragédias que por fim aconteceram, estão acontecendo, e irão acontecer, o que constitui crime de negligência e falta de prevenção [©rimes de ação continuada, puníveis na conformidade dos códigos vigentes nos diversos países.]. Os governos podem ser responsabilizados por sua incúria, mas quem pagará as condenações será, afinal, o dinheiro dos contribuintes, não penalizando os verdadeiros responsáveis, mas as próprias vítimas. É um absurdo jurídico que se verifica.

Conclusão.

Para os que passaram a tomar conhecimento com esse meu artigo de que o mundo está mudado para sempre, e que ainda a alteração da inclinação do eixo do planeta em ocorrência, vai criar maiores problemas, temos que eu cumpri meu dever de alerta, que cabe seja explicitado e difundido a todos. Para os que já sabedores dessa realidade sem se darem conta de sua abrangência, temos aí sua informação, e sua necessária atenção; e, finalmente para os que de tudo sabiam em extensão e profundidade, e que não denunciaram e alertaram, nem denunciam essa situação, temos a necessidade de que o façam, que previnam, que alertem, que informem, para que, na medida do possível, tomemos atempadamente as medidas capazes de evitar os danos maiores que virão.


ESSE ARTIGO PUBLICADO HÁ MAIS DE DOIS ANOS, PARECE QUE, PELA IGNORÂNCIA DE MUITOS, MANTEM-SE ATUAL, POR ISSO ENTENDI QUE DEVERIA RE-PUBLICÁ-LO NOS DIVERSOS MEIOS DE DIFUSÃO AO QUAL TENHO ACESSO, EM ESPECIAL NO JORNAL A PÁTRIA, AO QUAL RETORNO COM AS CONTRIBUIÇÕES SEMANAIS, DENTRO DE MEU APOUCADO UNIVERSO DE CONHECIMENTOS.  

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Sesquicentenário de Camilo Pessanha.








Dos  amores de um aristocrata por sua empregada, nascia há 150 anos o poeta Camilo de Almeida Pessanha, recebendo os apelidos do pai que não o renegou, ilegítimo que era, essa figura absurda para designar os filhos não advindos de um casamento formal, no entanto sabemos que todos os filhos são legítimos, e legitimamente nascem de uma união carnal, os múltiplos fatos que levaram a esta união, nada importam, e a criança nada tem a ver com eles para nascer, e não deve ficar estigmatizada.

No tempo de Pessanha, a segunda metade do XIX, esse entendimento era muito mais precário que é hoje, a estupidez humana demora em se aclarar, mas o fato não impediu que se graduasse em Direito por Coimbra, mas talvez tenha sido o moto de sua partida para o ponto mais afastado do Império português então, Macau, onde irá viver a maior parte de sua vida, e onde irá morrer.

Sem maiores pretensões literárias, posto que nunca editou livro, e teria sido esquecido, mesmo tendo sido o representante  maior do simbolismo português, tendo sua obra dispersa por jornais e revista onde contribui publicando seus poemas, até que em 1920 a  feminista republicana Ana de Castro Osório, a criadora da literatura infantil portuguesa, e co-autora da lei do divórcio, reune os poemas dispersos de Camilo Pessanha, e os publica no famoso livro Clepsidra, dando como título o nome desse relógio d'água que por vasos comunicante registrava o tempo, salvando do anonimato o poeta, e preservando sua memória, obra que seu filho João de Castro Osório continuaria.

Lembrança de dois mundos, Camilo Pessanha será recordado tanto na China como em Portugal neste 7 de Setembro; como em seu 'imagismo' terá o poeta como símbolo de uma construção antiga, penetrando as enormes muralhas da China, entre as quais a  mais poderosa é o idioma, mas que edulcorado com o sentimento e a forma de estar chinesas, conformam barreiras quase que intransponíveis, mas que o poeta soube romper, tendo em seu estilo de vida oriental em Macau, atingido um alto grau, morre inclusive do consumo de ópio, seu vício. Camilo Pessanha é uma sensibilidade rara, diferente, especial, que será ainda pouco compreendida, para terminar escolho esse poema seu, um dos muitos do espectro de suas constantes preocupações:

Floriram por Engano as Rosas Bravas

Floriram por engano as rosas bravas
No inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?
Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!
E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...
Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze _quanta flor! _do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?

Camilo Pessanha, in 'Clepsidra' 



quinta-feira, 31 de agosto de 2017

"A realidade tira sempre o tapete a ideologia" Cavaco Silva.















Uma afirmação absolutamente prática que revela que não se deve ter ideologia, que se deve aceitar a realidade sem nada fazer para contrária-la, posto que ela é inevitável como a morte, certa como uma fatalidade, incontornável como os oceanos, reconhecendo ao Dr. Cavaco Silva sua habilidade prática, nos questionamos se não é exatamente o contrário que esperamos de todos aqueles a que elegemos? Esperamos que eles contrariem a fatalidade da realidade, esgrimindo com ideologia rumos mais humanos, mais aceitáveis, mais justos, se não teríamos a escravidão, por exemplo, como uma realidade aceitável ainda, e válida, e ativa, posto que retirando o tapete à ideologia que baseando-se em princípios éticos se opôs a essa forma de dominação, eliminando-a, a realidade não poderia ser contrariada dentro das ideias práticas do Dr. Cavaco Silva, e ainda teríamos escravos. Não duvido nada que a ideia certamente agradará a alguns, mas felizmente repugna a esmagadora maioria.

"A Palavra presidencial deve ser rara." afirmou também, querendo criticar o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, esta afirmação mais a expressão: "a verborreia frenética dos políticos"dirige-se a sua tentativa de valorizar sua forma de ser, sua passividade enquanto político e presidente da república, cargo que deslustrou com sua atuação, e que a fortíssima dor de cotovelos que sente pela proximidade, o apreço,  e o bem querer que o Prof. Marcelo irradia e recebe, que rapidamente apagou da memória de todos que um dia sequer existiu alguém chamado Cavaco Silva, formatando um novo modelo de presidente que não mais dará espaço a figuras sem luz, opacas, sombrias, pesadas, perversa mesmo, como é Cavaco Silva. Recusando o esquecimento, que já se ia generalizando, e que inevitavelmente será absoluto, só quem viveu as décadas de sua presença poderá no futuro bem avaliar o quão malfazeja esta foi, guardando a lição por comparação daquilo que pode ser e representar um presidente da república com sentimentos e um sem. Portanto queremos todos uma palavra presidencial constante, presente, afetuosa, frenética, atuante, bendizente, reveladora e que formate a posição do máximo magistrado da nação como algo próximo e esclarecedor, portanto garante de nossa tranquilidade por sua constante vigilância, função para a qual foi eleito, e que não se deve recusar a cumpri-la refugiando-se nas sombras de gabinetes obscuros e inalcançáveis aos comuns dos  mortais. distanciando-se da realidade do país nos salões palacianos, fugindo ao compromisso popular, para o qual se exige vocação, exige que se goste do cheiro do povo, e não só do perfume de sua maria.

Essa criatura nociva, que tanto mal fez em seu magistrado ao país que escolheu mal essa figura,  procura fazer o que o Dr. Passos Coelho não revela a competência torsa para o fazer: OPOSIÇÃO, e não se pode negar que em tudo que é destrutivo as competências vincadas do Dr. Cavaco Silva se revelam industriosas e prolíficas, vindo assim colmatar este vazio, se opondo logo a tudo e a todos com a mais expressiva voluntariedade. Eis o Dr. Cavaco em seu melhor.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Os lindos laranjais do Algarve: AVISO !






Falemos antes da fruta, a laranja. Essa benção de equilíbrio entre o acre e o doce, com umbigo ou sem umbigo, mais redondas ou mais ovaladas, com a casca mais grossa ou mais fina, são uma maravilha, uma emoção e um prazer único de se desfrutar (e veja a palavra: des-frutar, que é gozar os frutos do trabalho). Imaginem lá aquele caldinho amarelinho a correr, a nos entrar pela boca, depois dos olhos e nariz, aquela sensação de absoluto reconhecível, esta fruta que tanto nos dá.

De suas muitas variedades desde a enorme Bahia, que deve seu nome a seu local de origem, até a pequenina D. João, que o sexto e último rei português deste nome se regalava, e que na 'orangerie' de Belém sempre as tinha porque chegam até o final do outono amadurecendo, e adocicando, no pé, e as que também mais cedo aparecem, como a que hoje se chama 'newhall' ou a 'ortanique' maduras entre fevereiro e abril, e que uma bem regada de arsênico foi a causa da morte do primeiro imperador do Brasil por tratado com seu filho D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal, o saudoso João.

Não se esqueçam de incluírem nesse grupo dos citrinos duas outras maravilhas: as celestinas e as tangerinas, também cultivadas nesse Algarve dourado, e que deve começar a se preparar desde já para mover seus laranjais e outros cultivos porque irá se transformar num deserto, a continuação do Sahara do outro lado do Mediterrâneo, com a alteração da inclinação do eixo da Terra, e, devido a isto, a excelente produção de citrinos tem de ser movida para outras áreas onde possam prosperar, e manter a sua participação na economia portuguesa como importante ativo que é.

Os lindos laranjais do Algarve, devem continuar lindos, devem continuar laranjais, ou seja a produzirem as suas maravilhosas laranjas, só não mais poderão ser é algarvios, portanto é necessário tempo e calma para que se encontrem os locais adequados, prepararem-se os terrenos, e assim refaçam as extensas plantações dos laranjais, para que em seu devido tempo tenham a substituição mister.

Tenho alertado para isto com as minhas fracas forças, ninguém me ouve, o outro caso é o do montado, e está numa crônica intitulada Está na hora de mover os sobreiros. . . que pode ser lida nesse blog,  mas as coisas se fazem com antecipação e previsão. As laranjas talvez encontrem área mais à beira mar, como em todo o Marrocos desde o sul, na região de Agadir,  e no Norte junto a Tanger, aliás é do nome  dessa cidade que vem tangerina, e também a leste onde plantam de tudo. Nunca esquecer que com calma sempre se podem encontrar soluções, e que em Israel se cultiva o próprio deserto. Contudo as limitações econômicas impõem-separa além das climáticas, e antes, muito antes, que a situação esteja implantada, e que o problema bata aflitamente a nossa porta, devemos ir buscando soluções, mas parece ninguém querer se preocupar com isso, mas devem, para que sempre existam os lindos laranjais do 'Algarve', onde quer que eles possam estar plantados.

sábado, 26 de agosto de 2017

O melhor Fernandes. . . O homem que escolheu seu nome.







Se escrevêssemos em catalão, vocês logo se dariam conta de quem falo, vejam o título em catalão: El Millor Fernandes, que era mesmo o melhor em tudo que fazia e não haveria quem o ombreasse, chamasse-se Fernandes, ou não. Milton Viola Fernandes, como queriam seus país, e que pela má caligrafia do escrivão que assentou seu nascimento, pode vir a ser o homem que escolheu seu nome, quase, posto que na certidão que requereu aos dezessete anos viu que o que estava escrito não era Milton, o traço do t estava sobre o o parecendo um circunflexo, e o ene era como um erre, daí Millôr, o que parecia ótimo, artístico, diferente,  único mesmo, e optou pelo nome Millôr em vez de requerer uma retificação do registro de nascimento, nascendo então o grande Millôr Fernandes.

Eu o conheci na Codecri, onde o rato que ruge, que aparecia nas páginas do Pasquim, nos recomendava livros, com assuntos que nos espicaçavam a imaginação e mostravam um outro Brasil oculto, que eu desejava, e já com essa minha mania de livros e documentos, fui várias vezes lá no alto de Ipanema, na casa sede da editora buscar os livros que já não se encontravam mais a venda, e pude conversar com os donos, e dizer muitas coisas, eles eram interessados em quem se interessava por eles, e tive longos papos, os de um garoto entre os 19 e vinte e tais anos, o tempo que durou minhas idas lá, e aqueles que encontrava na sede da editora. Lembro-me perfeitamente do dia em que encontrei Millôr, já bem careca, ele ria muito com as orelhas, e tinha uns olhos penetrantes, porém sempre um homem simples, despretensioso, falava sem nenhuma afetação e discutia comigo normalmente, muito embora fosse extremamente mordaz.

Vi, por aqueles dias, também o Henrique Filho, o Tarso, o Ziraldo e o Zélio, o Claudius, o Redi, o Ique, e até o Sérgio Cabral, era muito engraçada a sede da editora, você entrava pela varanda, dava na sala da casa onde se abriam portas para os outros cômodos da casa, e quase nunca tinha ninguém na sala, era tudo muito informal, algo que me agradava bastante, e apontava para outro mundo, onde as pessoas não se obrigavam a ordens e estruturas, era um Brasil que podia dar certo, e o Pasquim, o símbolo e o responsável daquilo tudo nos abria para uma realidade tão diferente...

Agora que se completaram cinco anos de sua morte e sabemos que o mundo ficou muito mais pobre sem Millôr, esta alma tão vivaz e irascível, que canalizava sua indignação para a transformação social e para fazer refletir as pessoas "... livre pensar é só pensar . . .", "Fábulas fabulosas" de alguém que compreendeu o Brasil como ninguém, como os que o governaram o deveriam ter compreendido, e feito com esta análise e entendimento a libertação das forças potenciais do Brasil, como o Millôr fez. Sim porque ele abriu as estradas a um Brasil mais verdadeiro, revelando "Que pais é este?", aquele que nós sonhávamos, o que indignadamente levou o Legião Urbana a cantar na década seguinte, e que assim fez com que todos guardássemos na alma a esperança do futuro, essa indeterminada e difusa manifestação de que algo virá nos redimir, algo que chegará inexplicavelmente, como digo num poema.

No seu "Livro branco do Humor", que foi o que primeiro que li, vê-se o olhar crítico, onde a gozação mostra as contradições e ri-se, fazendo-nos rir delas consigo, até os Guia Millôr Fernandes do final, sempre se encontra o mesmo homem empapado na sua brasilidade, enganchado no seu tempo, embrenhado na selva escura da alma, desvendando-a. Seu teatro é bem revelador desse desassossego (e eis aqui palavra apropriada) na "É", que logo que surgiu fui ver no Maison de France, que me era mais acessível que os teatros de Ipanema, pois eu vivia em Niterói, e com o casal Fernando e Fernanda protagonizando, eu, que com meus vinte e um feitos naquela mesma semana, pois foi quando soube que havia estreado a peça, e que era do Millôr, e tinha a atriz que eu gostava tanto fazendo par com o marido no papel principal, foi uma primeira revelação para mim a força do teatro de Millôr, bem como em muitas outras peças suas, será sempre o mesmo Millôr, livre e impetuoso, benigno e contraditório, como um Haikai vivo, desses que ele gostava tanto, perorando "por um mundo Millor".


quinta-feira, 24 de agosto de 2017

A Morte do Mar Morto.






O Mar Morto é uma dádiva de Deus (os que preferirem leiam natureza onde escrevi Deus) não bem conhecida, e ignorada, sobretudo em razão de sua localização. Cada gota de sua água, cada grama de sua lama e de seu sal deveriam ser estimados e valorizados, e resguardados como uma preciosidade médica para as futuras gerações.

O Mar Morto como lhe chamam os árabes (أل بحر أل معي  al Bahr al Mayit) ou Mar de sal como os judeus (אם-היא-מלאה Yam -ha-Melah) ou mais atentamente Asfaltites, como lhe chamavam os antigos gregos, ou Mare Asphalticum como queriam os romanos, se formou na fenda formada por tectônica de placas entre a africana e a arábica com a influência da euro-asiática, tendo formado essa fenda a que chamam de sírio-africana, que uma vez aberta foi inundada pela água do mar (tem o Mediterrâneo e o Vermelho ao lado), que penetrou pela terra adentro por gravidade, posto que a fenda fica centenas de metros abaixo do nível do mar, indo ao encontro do interior da terra que ali se expôs, com sua riqueza mineral, o magma que brotou, os famosos depósitos de asfalto, que tudo misturado deu a sopa que é o Mar Morto, e que por sua formação endorreica, logo tendo ficado sem comunicação com nada, um lago quase totalmente isolado, no vale do rio Jordão, só sendo alimentado pelas águas deste rio, e por esporádicas nascentes nas encostas circundantes ao lago (Mar Morto) assumiu uma natural tendência para secar, posto que a quantidade de água que lhe chegava, não repunha o que perdia por evaporação, diminuindo dos mais de três mil quilômetros quadrados para os mil e cinquenta em 1930 (hoje menos de 650km2) ficando desta forma com enorme concentração salina, a maior do planeta, atingindo onze vezes a  dosagem oceânica média, estando nas trinta e cinco gramas de sal por cem mililitros, o que impede a existência de qualquer tipo de vida, exceção feita a algumas algas e arqueo-bactérias . Ademais situado numa região árida junto ao deserto, o de Negev, a tendência é uma evaporação violenta e sem chuvas para aumentar a desgraça, posto que é de cem milímetros cúbicos anuais a norte e menos de cinquenta a sul (Para compararem no Rio chovem mil trezentos e cinquenta milímetros, e em Lisboa setecentos.)

O Mar Morto está dividido meio a meio entre Israel e a Jordânia, que vêm perdendo igualmente muitos quilômetros quadrados do mar em virtude da aceleração de sua secagem continuada, nos últimos oitenta anos diminuiu mais de quatrocentos quilômetros quadrados, de 1050 em 1930 para os atuais menos de 650) verificando-se uma aceleração por diversas razões, tendo desta diminuição mais de um terço se verificado nas últimas seis décadas, tendo baixado seu nível em vinte e um metros entre 1930 e 1997,  acelerando para um metro por ano após 1992, tendência que se mantém e acentua.

Muito citado na bíblia com diversos nomes: Mar de Lot, Mar de Arava, ou Mar de Arabá, Mar Oriental, Mar Salgado,  desde o Gênese (14:3)  a Mateus (3:5) estando em todo o antigo testamento muito citado. O lago Asfaltite dos gregos, denuncia este nome a presença do betume, que havia em fontes pros lados de Sodoma e Gomorra, o Talmude chama mesmo ao Mar Morto de mar de Sodoma. Pois estas substâncias todas juntas dão a suas águas uma densidade tal que tudo que não estiver dissolvido nelas bóia, é empurrado para cima, quando tomamos banho nele, temos de ter estremo cuidado para não boiarmos, porque depois para nos pormos de pé iremos ter enorme dificuldade. Pois estão aí nestas águas que parecem azeite de tão densas, uma combinação de óleos essenciais, argila, e vários sais que são um remédio fabuloso, com muito magnésio, cálcio, potássio, sódio, e ainda  iodo, bromo, ferro, silício e silicatos, e em menor quantidade zinco, bário, selênio, cromo e vanádio.

Há poucos lugares no mundo que têm ao dispor as propriedades curativas do Mar Morto, e composição similar, locais como em Ischia, no Mar Tirreno, onde ocorrem águas doces com enormes poderes curativos. Seus oligoelementos contém todos os micro-nutrientes, sais minerais, e muitos outros componentes que curam úlceras, varizes, pruridos, fístolas, psoríase, eczemas furúnculos etc...   Dizemos nutrientes pois têm a ver com as capacidades atróficas encontrada nestas águas, em Ischia, não só as argílas, como as termais, são capazes de maravilhas, mas na Fonte da Ninfa Nitrodi também beber a água traz enormes benefícios, pois têm outras propriedades para os rins, o fígado, o pâncreas, a regulação da  circulação.  Conto minha experiência pessoal após meu primeiro banho na fonte da Ninfa, e beber um bocado da água, que é mito saborosa, tinha vontade de dançar, parecia ter perdido vinte, trinta quilos, uma  sensação única.

Voltando aos poderes curativos dermatológicos, o Mar Morto seria como uma concentração de Aloé vera, que tem inúmeras propriedades curativas e micro-nutrientes, mas o poder da argila e das águas do Mar Morto são inigualáveis, pois exponenciais pela concentração única dos elementos. O maior crime que se comete é a extração de potássio, de sal e a utilização para a beleza desse reservatório de saúde, só deveriam permitir a utilização e comercialização de suas águas e lama para fins medicinais, bem como deveriam introduzir sempre uma quantidade de água para manter o nível do mar que diminui, como disse, todos os anos. Israel que tem um povo muito adiantado, muito evoluído, tem que tomar consciência disso e não permitir a morte do Mar Morto.