Como se fora uma
onda de um tsumani, a palavra em português é maremoto, essa imensa vaga humana encrespa-se
Mediterrâneo fora vindo ter às costas europeias, desembarcam por praias em
ilhas, e, mais raramente na costa continental, sempre as mais próximas, as que conseguem atingir, desde
que estejam no continente europeu, representado aí pelos diversos países que têm voltado para
esses pontos parte de seu território, assim Grécia e Itália, pelas posições
insulares e peninsulares em que se encontram, são o alvo preferencial, como é
compreensível.
Uma enorme onda
de gente, vale dizer, de carne, de ossos, de sangue, de nervos, de desejos e de
esperanças, buscam açodadamente o futuro, porque acreditam que têm direito a
ele, quem não o tem? Buscam outras plagas que lhes possa dar o que suas terras
natais não lhes proporcionam, buscam a paz, posto que fogem das guerras, buscam
a vida, visto fugirem à morte que assola suas cidades, seus bairros, suas
casas, casas que não têm mais, bairros que lhes foram subtraídos, cidades que
foram invadidas, arriscam a morte porque esta lhes fustiga os calcanhares de
onde vêm, podendo alcançar-lhe na estupidez de uma bala perdia, no mau humor de
um combatente islâmico, num olhar mal interpretado, por isso fogem, para que
não sejam imolados nem sacrificados a um deus que não é o seu, como mais muma vez muitos franceses inocentes iam ser metralhados indiscriminadamente no trem por um perigoso e covarde terrorista que resolveu fazer essa ação sem mais porque, e que só não a
concluiu porque a mão do destino, ou Deus se preferirem, colocou três soldados
norte americanos bem treinados onde ia-se dar o massacre. Por isso foge essa
onda humana, por isso aceitam todos os riscos esses milhares diariamente, e
quando em outro artigo (A Europa dos 40 mil.) afirmava serem milhares, na verdade
milhões, fui criticado, mas aí estão eles todos os dias nas notícias invadindo
nossas casas e testando nossa insensibilidade, nossa indiferença diária à vida,
ao sofrimento, à desgraça alheia, alheios somos nós que nos alheamos da nossa
decência, da nossa civilidade, duas componentes básicas dos homens antigos, que,
aliadas à cortesia davam a dimensão de valores que se cultivavam desde tempos
imemoriais, não se esqueçam que Deus destruiu Sodoma e Gomorra pela falta de civilidade
em receber aos estrangeiros, e não por outras razões depois propaladas, releiam
a bíblia e se esclareçam se duvidarem de minhas palavras frente a força da
mentira repetida.
Vagueia essa
enorme onda na busca, à cata de comiseração, que impiedosamente lhes negamos,
hoje chega a notícia de um trem da esperança, por terra, como não podia deixar
de ser, partindo de Gevgelija, lê-se guerdguélia, um ponto remoto na
Macedônia, buscando a Sérvia, o que lhes dará acesso ao rico norte europeu, e
para isso se esfaqueiam nessa estação antes que as 72 horas de seus vistos
expirem, buscam auxílio, e para isto estão despostos a tudo, morrer será apenas
uma circunstância, e muitos têm morrido, as águas calmas do Mediterrâneo nessa
época do ano têm servido de sepultura a muitos milhares, com o inverno que se
aproxima, quando o Mediterrâneo torna-se bastante mais perigoso, serão muitos
mais milhares os cadáveres em suas águas. Entretanto a vaga imparável prossegue, nem o
medo da morte é capaz de pará-la, e porque isso?
Tudo o que a Europa e o mundo façam nessa área
para solucionar o problema, não resolverá o problema, porque ele é visível,
muito visível, aqui no Mediterrâneo, mas está é a ponta de cá do problema,
porém a sua origem está na ponta de lá do problema, está onde viviam esses
desgraçados, onde tinham suas casas, suas famílias, suas economias, seu
trabalho, e é aí que o problema tem de ser atacado, não podemos fazer que não vemos
que há Direitos inalienáveis do Homem que estão sendo defraudados, e os que não
fogem morrem ou são de certa forma escravizados, se deixarmos isso prosseguir
qualquer dia o problema estará a bater nas nossas portas, não como está batendo
agora com os que fogem, mas com os que os fazem fugir.
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