sábado, 28 de novembro de 2015

Alvíssaras.







Desde o sorriso que não deixa o rosto de António Costa, até o não haver ministros de Estado, passando pelo coxo, pela cega, pela negra e pelo cigano, pela preeminência dada a cultura e não a primazia (diria que já foi absoluta) dada às finanças, como a importância dada  à investigação e à ciência que voltaram, tudo é positivo, tudo traz bons indícios. Portanto Alvíssaras! 

Entretanto analisemos as possibilidades desses sintomas, que acredito trazerem, cada qual e todos juntos, indicação de um novo tempo bem mais próximo do que acredito e do que me parece ser a normalidade das coisas, porque essa normalidade para mim habita em se pensar e desejar um futuro melhor, assim como ter e dar esperanças aos outros e à nação, porque sem esperanças nada se constrói.

Vamos a isso: Primeiro o sorriso. Tudo na vida começa com as intenções, e essas determinam a postura, se eu vou, por exemplo, fazer mal a alguém, não irei com um sorriso no rosto, não vou com o semblante descarregado, a aparência é muito importante, porque ela determina, a partir daí, tudo que irá transcorrer. Se alguma vez contar-se a história de algo que se passou, não se vai começar a história assim: Então ele nos recebeu com um largo sorriso e nos apunhalou, ou declarou guerra, ou etc... O sorriso está associado a uma boa recepção e a uma boa vontade, a uma boa intenção, portanto é um bom começo.

Não haver ministros de Estado, por seu turno, significa que nenhum ministro tem primazia sobre os demais, o que, dito assim, parece pouco, mas é fundamental, porque significa que a economia não é mais importante que a educação, ou as finanças que a saúde, ou a defesa que a agricultura, por exemplo, levando a que o governo todo seja uma unidade global e una de serviço, sem privilégios ou 'pret-à-pris' hierárquicos que desequilibrem interesses legítimos, cada qual à sua vez, dando maior importância a uns que a outros já por princípio, o que é excelente postura essa igualdade, magnífico começo, porque é importantíssimo quando começamos todos nivelados, sem privilégios ou preeminências.

Agora a mensagem que deixa tendo chamado gente de diversas origens, como ele próprio, e de variadas condições físicas, é universal, 'includente', por oposição a excludente, que re-qualifica, traz, aproxima, e é central, porque mostra a todos, que todos, sem excessões, somos necessários, somos válidos, e devemos fazer parte do projeto, e o projeto a que é imperioso atendermos, é só um, salvar Portugal, recupera-lo da situação de atraso e desmotivação em que se encontra após anos de austeridade econômica.

Depois na hierarquização invisível dos ministérios, não funcional, ou administrativa, mas política e consensual, ficam na frente agora a cultura, as ciências e tecnologias, que haviam passado a não existir, bem como as relações exteriores que ganha uma dimensão de presença e voz pelo ministro escolhido, retomando o passo de construção do país, tanto na sua expressão presente, indissociável de sua condição de existência (Quem pode ser sem expressar-se?) como de suas propostas futuras, pesquisando, preparando, estudando as matérias necessárias ao futuro desenvolvimento (podem parar a frase em futuro que é mais universal e consentâneo). E cabe aqui outra interrogação: Quem pode viver sem futuro? A prova de que é assim, é que aquele ritual evidente da pressão das finanças sobre tudo o mais no país que acabou, à começar pelo que se passava no Conselho de ministros, impondo prioridades de pura austeridade à tudo e à todos, que não se verificou nesse primeiro conselho de ministros, nem a procissão de entrega do que dele emanou à Assembléia da República, foi entregar o programa de governo um secretário de Estado, o dos assuntos parlamentares, como seria normal e expectável.

Tudo isso somado prova de uma vez por todas que estamos vivendo diferente tempo, um tempo que os indícios nos dizem ser de esperança, e por acreditar que na sociedade tudo deve caber, cada qual a seu turno, tendo o direito de se opor todos aqueles que discordarem dessas propostas, e desse confronto de posições e ideias, democraticamente, de onde devem emanar as prioridades, sem desprezar nenhuma das manifestações existentes nessa sociedade, dando espaço à todas elas: tanto aos empresários como aos trabalhadores, tanto à cultura como à banca, tanto à ciência como à saúde, insisto nesse ponto porque todo os desequilíbrios que se promovam cobram um alto preço social, prejudicam enormemente o país como um todo. E já que há esperanças: Alvíssaras!

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