sábado, 14 de novembro de 2015

JE SUIS FRANCE!


O alargamento da afirmação, antes éramos o Charlie                      
 hebdo, e o ano começava, agora que o ano termina 
 somos toda a França, como me declaro no título, o 
 que bem mostra a extensão e vilania do problema. E 
 o problema é qualquer atuação contrária aos 
 interesses do dito Estado Islâmico. No sete de 
 Janeiro eram as charges ao profeta Maomé, nada 
 mais banal e insignificante, que o terror e o pretexto 
 religioso buscaram ter como justificativa para seus 
 atos, agora neste treze de Novembro o pretexto já é 
 uma razão, os ataques franceses ao Estado Islâmico,           o que leva a uma ação contrária de guerra. Que 
  mesmo sendo assimétrica, se fosse um ataque contra 
  qualquer tipo de organização militar estaria 
  enquadrado dentro dessa perspectiva de guerra, o 
  que até seria compreensível, ainda que não 
  aceitável, por serem ações de uma guerra não 
  declarada. Porém uma ação contra civis que se 
  divertiam ou se alimentavam é inaceitável e 

                                                                       incompreensível fora da lógica absurda, melhor será 
                                                                               dizer ilógica, do terror, porque o terror justifica 
                                                                               tudo, por ser injustificável, tudo lhes serve de 
                                                                               justificativa e motivação.

Temos ainda a apreciação real desta entidade que se intitula Estado islâmico, que Estado não é, e que com algumas conquistas territoriais, que felizmente vão diminuindo, pois algum resultado havia de produzir os constantes bombardeamentos das maiores potências mundiais durante meses à fio, território que daria este status de Estado, e que de Islâmico não tem nada porque o Islão é uma evocação da conciliação e tolerância, e não essa miserável manifestação de ódio e terror, não há NADA de verdadeiramente religioso nesse dito Estado Islâmico.

Sei que  não é o momento mais adequado para  relembrar a origem da desestabilização que levou ao surgimento do alcunhado Estado islâmico, porém mesmo sabendo ser politicamente incorreto não posso esquecer, e não relembrar, que a culpa também é nossa, e a nossa culpa chama-se exclusão. Internamente, porque nunca integramos verdadeiramente esses grupos que vivem em nosso meio, tolerando-os mas nunca os desejando, e não os consolidando como nós, são sempre eles, os outros, e como outros se traduzem e se comportam, até que se revoltam. Esse revoltar e participar em células de terror é mais que tudo saberem-se outros, outra gente, outra categoria, nunca como nós. E externamente porque atiçamos o vespeiro esquecendo que o equilíbrio de forças em seu meio, entre tantas e tão diversas tendências ou grupos ou etnias, era fruto de uma ação muito antiga, muitas vezes, ou mor das vezes, ditatorial que os mantinha apaziguados, a guerra do petróleo, a estupidez dos Bush, foi a origem disso tudo, cuja conta vem sendo apresentada e continuará a sê-lo.

Sucedem-se as flores e as velas nos locais do horror, suceder-se-á a solidariedade mundial e pessoal de infinitas pessoas, assim como eu que me afirmo a França, mais que francês, cerrando fileiras com os meus iguais, que tanta falta de razão têm como seus oponentes, que razão não têm como seu inimigo declarado numa guerra não declarada, suceder-se-ão medidas, muitas açuladas pelo medo, uma das intenções da ação do terror é exatamente essa, como sempre foi ao longo da história da humanidade, promovendo polarizações nos extremos que se confrontam desde sempre. A par do medo que motivam essas ações,  motivam-nas também incongruências, e a total falta de entendimento do outro e de suas motivações, ficando cada qual entrincheirado em suas pseudo razões, e é esse entrincheiramento, que se justifica no sentimento de segurança e estabilidade que proporciona, que foi a origem de todo o conflito, e é a causa de sua continuidade, porque armados de suas razões ignoram as do próximo.

É sempre muito difícil assumir posição quando as posições estão extremadas, é sempre muito difícil saber o que é certo em meio ao caos instalado, é mesmo quase impossível escolher a medida que vá resultar imersos na incongruência reinante, sim porque reina tudo o que é impróprio nesse momento, reina tudo o que não devia. No entanto por razão fortemente de quem eu sou, nesse hora, como não podia deixar de ser : Je suis France!

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