. Solitatem.*
'Solitares' ** …é de quem o é.
'Solitudine' ***…é de todos.
Há uma sensação de ausência
que sendo permanente diz-se perda.
Que forte, dói com inclemência.
Que mesmo fraca, afaga como cerda.
Deste sentir ninguém se pode furtar,
pois que existe em permanência.
E como se quer alcunhar
o que gera esta sensação de ausência?
Como é comum nesta nossa condição de humanidade
tudo denominar…..
E sem mais ciência, aos efeitos desta sensação
chamam saudade:
Sem consciência que são...
Como quis definir D. Duarte no ‘Leal Conselheiro’,
Eis que perpassa algo
a um só tempo escuro e soalheiro
que ocorre ao fidalgo
como ocorre ao esmoleiro
em igual desproporção.
Suposto sentimento do que não é,
da solidão fez-se timoneiro….
E perde-se em si na pretensão de estar só
e ganha em si, ainda, um outro nó:
Aquele que acolhe o mudo inteiro.
Ao embaraço da solidão,
ajunta-se o desconexo de perdê-la,
pela presença do ausente, que muito se sente
e eis que encontra satisfação
por já não tê-la.
É um outro sentimento que se afirma,
aquele do que foi mas já não é.
É muito mais que se confirma,
não é vazio, é vontade, isto é que é!
A solidão é via para a morte.
Assinatura de sem sorte.
Via de esquecimento.
Caminho a não percorrer.
A saudade é bem melhor que a solitude,
já que é prenhe de esperança...
No vazio não há nada que fazer ou que dar luta,
No desejo, na vontade, há sempre busca,
além da sua origem de compulsão absoluta.
E buscar é sempre um caminho a percorrer,
por isto esta palavra
que passa ligeira
' inda que deixe permanente emoção,
já que é presença de ausência alviçareira
já que é ternura, sem que tenhamos noção.
(*) Solitatem - Solidão
(**) Solitares -Solitário
(***)Solitudine - Deserto
“Et tout se remplace Sire.” Interregno de existir.
Impassibilidade mais que tudo.
É a postura recomendada
quando se percebe a transitoriedade
em que se está imerso.
Apercebe-se da inutilidade de lutar….
Porque vai passar.
Tudo passa.
……………”Tout passe, tout casse, tout lasse"…………………………..
Porque há um ponto além do qual já não é.
É assim.
E vai sendo………
Até que já não é mais.
Portanto não se aflija:
Há sempre uma possibilidade.
Impossível é não haver.
E, mais tarde, o intangível,
torna-se presente.
E um pouco mais tarde, torna-se banal.
E como tudo cansa,
esta banalidade também se vai.
E se esvai nesse ir-se.
E já não é.
Às vezes nem é outra coisa.
E não sendo outra coisa,
pode ser a mesma.
E se assim é:
Viva Madame de Stael !
D. Duarte escreveu "O Leal Conselheiro" e não o !leal Companheiro"
ResponderEliminarBjs