sábado, 20 de julho de 2013

De boas intenções o inferno anda cheio II, a revanche.

Diz-nos um grande poeta português: " Há que dizer-se das coisas o somenos que elas são. Se é um prato  é um prato, se é um cão é um cão. Mas quando o prato se parte, e quando o cão faz ão ão. Então o prato é um caco e o cão não passa de um cão."

A acreditar-se na boa fé e boa vontade, e boas intenções do Sr. Presidente da República ( E eu acredito!) devemos ter em conta uma inocência política não concorde com um passado político de tão longa atividade neste 'metiér. Poderia alguém acreditar num entendimento, mesmo sob o imperativo da mais alta função que alguém possa desempenhar: O da salvação nacional, entre forças tão discordantes e em tal situação tão dissonante? Só mesmo o dr. Cavaco.Tudo deu-se, como era previsível, e como eu disse no artigo anterior, que seria o I, para este ser o II.

O problema é o resto! É o que se irá decidir, e é mais perda de tempo. É o que se irá passar,e são problemas adicionais a uma situação já por si insustentável. É o que irá custar, e é o aumento de uma dívida já por si impagável.

Neste contesto teremos que os mercados, que transitam entre a ganância e  o medo, reagirão! Mais medo, mais ganância, maiores juros,e o inverso também se dá. Como é previsível vamos ter reações logo que a semana começar, o final de semana fica para as espectativas, sendo o sábado reservado para passar as culpas,sendo que culpas não há. Houve foi boas intenções.

Estas, diferentemente do que muitos afirmaram, custaram centenas de milhões. Alguns disseram milhões, uns quantos milhões. Esta gente esquece que além destas perdas diretas há as indiretas. O atraso gerado à solução  de uma dívida que custa mais que um milhão por hora em seu serviço, ou seja mesmo que ela não aumentasse com o déficit, mesmo que ela não aumentasse com taxas de juros mais altas, mesmo que a ela não se viessem somar outras parcelas que se virão somar de desvios colossais que estão no horizonte próximo, ela custaria sem pagamentos, sem abatimentos, mais de uma milhão por hora só em juros para manter a dívida como está. Acreditam que esta dívida é pagável com o nível de riqueza português?  Saibam que só para rolar esta dívida à niveís de amortização mais possíveis de serem geridos, estimam-se 30 anos. O tempo de uma geração! Ou seja uma criança que nasceu, por exemplo no dia da demissão do Dr.Gaspar, quando fizer trinta anos, e estiver produzindo, começará a pagar uma dívida que foi mantida durante toda a sua vida, e foi se renovando até lhe cair como uma herança novinha em folha para que ele a comece a pagar. Isto quer dizer se durante esses trinta anos não acontecer nada de novo. Por exemplo nenhum dos governos que se sucederem no período criar nova dívida, nenhum dos governos estourar os orçamentos( terão que todos os orçamentos serem de resultado zero) se nenhum pretender fazer investimentos com recurso a empréstimos, etc...etc... Se tudo isto acontecer durante as próximas três décadas, este menino que nasceu no dia da demissão do Dr. Gaspar, herda a dívida rolada para começar a paga-la. Pois que as previsões, com a capacidade de crescimento prevista de Portugal, são de que nos próximos trinta anos só  dê para rolar a dívida  face do nível de individamento atual, não dará para abater(pagar, amortizar) nada. Não se esqueçam que ainda foi agora que se terminou de pagar a primeira dívida contraída por D.. João VI, dois séculos pagando juros. Pobre gerações espoliadas. Agora o que vem por aí é muito pior.

Tudo isto junto temos que o incumprimento é uma espectativa bem paupável. A ganância que venceu o medo deve perder. Isto já aconteceu muitas vezes.O exemplo clássico é o da Argentina que era a sexta economia do mundo quando entrou em incumprimento(default, como se diz no jargão econômico) havia sido corroída pela inflação em sucessivas levas,por acreditar-se suficientemente forte e rica, foi seu fim. Com uma classe operária urbana imensa que os governos pretendiam politicamente atender e cooptar (os descamisado de Evita) levaram o país ao incumprimento. A dívida externa era de 60% do PIB em 1984 na Argentina, explodiu em 89 e voltou a explodir em 2001 na casa dos 64% do PIB, o que pode esperar Portugal com níveis da ordem dos 122 e 127% de seu PIB?

O que aconteceu a Argentina depois do incumprimento? Olha foi o crescimento econômico que subiu fantasticamente e a economia recuperou. É quase para se perguntar porque os devedores pagam? Agora tudo isto passa-se assim, antes do incumprimento há sempre alguns resgates, intervenções externas, situações de extremado risco, depois ...nada...A vida continua!

O fato é que todo mundo sempre quer resolver a situação. Há um desespero natural em se ter um problema insolúvel em mãos. diz-se coisas, acreditam-se em situações improváveis, espera-se pelo pior. Veja por exemplo o Jornalista, que admiro com restrições, José Gomes Ferreira, que escreveu  O seu Programa de Governo em livro apreciável, com muita preocupação e honestidade, vem dizendo que vamos pagar caro pelo não entendimento, com uma preocupação sincera faz os vaticínios daquilo, que conhece muito bem, que vão ser as reações do mercado. Com sua honestidade e bom carácter esquece-se do depois. E depois... passa, como tudo. 

O fato de todo mundo sempre querer resolver a situação é a boa intenção, mas lembro ainda mais uma vez: De boas intenções o inferno anda cheíssimo. 







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