sábado, 12 de março de 2016

1616 - 1973 - Grandes perdas.

Que ano mais sem critério
Esse de setenta e três…
Levou para o cemitério
Três Pablos de uma só vez.
Três Pablões, não três pablinhos
No tempo como no espaço
Pablos de muitos caminhos:
Neruda, Casals, Picasso.
Três Pablos que se empenharam
Contra o fascismo espanhol
Três Pablos que muito amaram
Três Pablos cheios de Sol.
Um trio de imensos Pablos
Em gênio e demonstração
Feita de engenho, trabalho
Pincel, arco e escrita à mão.
Três publicíssimos Pablos
Picasso, Casals, Neruda
Três Pablos de muita agenda
Três Pablos de muita ajuda.
Três líderes cuja morte
O mundo inteiro sentiu.
Ôh ano triste e sem sorte:
– Vá pra puta que o pariu!

Com esse adorável poema cantava Vinicius de Moraes, há 43 anos, o repudiando, o ano de 1973 pelo enorme estrago que causou matando três Pablos gigantes... Trezentos e cinquenta e sete anos antes disso, ou seja há 400 anos atrás, outro ano assassino, como soem ser todos os anos, uns mais que outros, uns com maior perda e mais significativa, outros nem tanto, pois naquele 1616 também três grandes eram ceifados:
                                                                                       William Shakespeare
                                                                                       Miguel de Cervantes  e
                                                                                       Garcilaso de la Vega.
Neste 1616 poderíamos incluir Julius Cesare Casserius, o grande anatomista das Tabulae, e o mestre da arquitetura Vicenzo Scamozzi,  e Tokugawa Ieyasu, que nele morrem, Pocahontas morre de amores, indo desencarnar no Janeiro do ano seguinte, nomes fortes, mesmo o do grande Shogum fundador do período Edo, o último período de glória do antigo Japão, orgulhosamente só num mundo que se modificava aceleradamente, Tokugawa Ieyasu, ou Garcilaso de la  Vega, o grande mestiço, Inca e espanhol,  Gómes Suárez de Figueiroa como foi batizado, imensa perda, ou qualquer outro que se possa escolher, comparado com Shakespeare e Cervantes serão pequenos, porque essas duas almas que cantamos em seus quatro séculos de ausência são tão fulgurantes que nada lhes pode ladear sem ser pequeno..
1616 ano mais desigual                                                                                                                         Tirou-nos os dois maiores                                                                                                               (Quem retira os pormenores?)  
Da literatura universal...

Foi cruel e obscuro,
Perverso, mau
Baixando véu, subindo muro.. 
Colhendo a flor, deixando o pau.

Ano vil, mesquinho
Só nos quis mal
Sem amor, sem carinho,

Desgraça Colossal.
Impôs seu caminho 
Roubou-nos o sal...

Sem sabor seguiu o rumo
Em seu vazio real
Nunca mais nos põe a prumo
De vazio sem igual...




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