sexta-feira, 4 de março de 2016

Terrível Abril....




Foi há 400 anos, completam-se no próximo Abril, mas é uma perda tão grande que ainda dói. Os dois maiores nomes da literatura, cada qual em seu idioma, de uma grandeza e densidade de escrita que, passados estes quatro séculos, não surgiu ninguém que se lhes aproxime, nem de longe pode alguém pensar ombrear com Shakespeare ou Cervantes, e morreram na mesma semana um num dia, o outro no dia seguinte.

Vivos como nunca no coração e na imaginação de todos, esses dois portentos mudaram o mundo, pois alteraram a percepção da realidade, a forma de sentir, os comportamentos pelas melhores e mais poderosas razões. E essa mudança muda a própria mudança, porque aquilo que já está mudando pela sua peroração multi-centenária, torna a mudar com a ação de sua palavra sempre viva. Quanta gente foi e deixou de ser, e terá voltado a ser Quixote? Quantos Romeus haverá? Quantos Macbeths? Quantos Sanchos Panças?

Morreram apenas fisicamente, essa ocorrência incontornável, vivos e eternos que são em todos nós, com sua força viva a intervir na sociedade intensamente, muito mais intensamente que a maioria dos supostamente vivos, que, séculos depois, restritos na sua dimensão não influenciaram ninguém, não manifestaram nada. Vivos, mais que vivos, ativos, presentes e atuantes PELO PODER DA SUA PALAVRA seguem alertando, aconselhando, orientando século após século centenas de gerações e bilhões de seres humanos. A dimensão do poder dessas duas figuras no cotidiano é imensurável, sua influência inexcedível a nível humano, só a bíblia pode lhes fazer frente, mas aí já entramos na dimensão do sagrado que, evidentemente, não é comparável. Esse paralelo mostra bem quão alto se alçaram, porque tiveram a sensibilidade, o sentimento, para tocar no essencial, naquilo que conta na nossa condição, ela própria, a condição humana.

Dois gigantes nos deixaram
E ficaram  mais ativos
Naquilo que propalaram
Em seus testemunhos vivos:
Palavras de se dizer
Palavras de se contar...
Que nos fazem renascer
Que nos fazem acreditar.
Pode haver maior fazer?
Pode haver maior amar?


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