segunda-feira, 14 de agosto de 2017

O inferno português.







Sem desculpas para o agravamento das condições climáticas, as condições humanas se impõem. Penso que a gravidade das ocorrências justificam uma reflexão sobre os acendimentos de milhares de fogos em todo o território nacional.

As chamas, as altas chamas, o calor, a fumaça, o brilho dourado do fogo, exercem fascínio sobre muita gente, porém o número de malucos, destes psicopatas que põem fogo para ver arder, é excessivo. Se as estatísticas estão certas, que apenas vinte por cento dos incêndios são naturais, por combustão espontânea, teremos, então, mesmo centenas de loucos a atear fogo todos os dias. Em 220 fogos num dia, 20% são 44, sobram 176 fogos postos por mão humana, isto num dia, todos os dias há centenas de fogos, não me parece que poderá ser atribuído só à loucura. Havendo tanto doido a pôr fogo na floresta todos os dias em Portugal, resta-nos perguntar: O que pensará essa gente para além da sedução das labaredas? Será que não sabem que depois que instalam o  inferno, são necessários batalhões de anjos para o conter e erradicar?

A quase totalidade dos incendiários é gente frustrada, sem emprego, recalcada, creio que a procura de emoções, mas tudo isso junto também penso não explicar um número tão alto de atiçadores, depois falaremos disto. Esta realidade se mantém no segredo dos deuses, porque a mídia não revela o caráter dos incendiários, nem os expõe às suas responsabilidades, como faz com a quase totalidade dos outros criminosos, com os políticos, com os profissionais com responsabilidades públicas, etc... Penso que cometem falha grave em não revelar esse mundo torpe e obscuro dos incendiários. Deveriam haver listas para que fossem vigiados nesta época do ano. O horror a que nos submetem a todos com sua piromania é de tal ordem que merecem mesmo medidas de exceção, mas apenas estou referindo-me a medidas normais adotadas pela sociedade no sentido de precaver a ocorrência de qualquer ação desastrosa para o todo social (Assim há monitoramento dos pretensos terroristas, listas de pedófilos, registro cadastral dos criminosos, etc.) Sou denodado defensor das liberdades e dos direitos de privacidade, mas no caso dos incendiários uma exceção ia bem.

Além do mais porque há outros interesses em jogo nesta cena dos incêndios, onde entram em jogo muitos recursos do Estado, interesses particulares, a indústria da celulose a par com a indústria dos combates ao fogo, que mobilizam avultados recursos, e que devem ter seus interesses defendidos, todos, contra a mão criminosa seja motivada pelo que for.  Tudo isto posto às claras revelaria as verdadeiras motivações que há por detrás desse Inferno todos os anos. É bem verdade que neste 2017 foi amplificado pelo vetor atmosférico que criou as condições mais completas para o desastre, sobretudo com a excepcionalidade das ventanias e suas estranhas manifestações.

As particularidades climáticas agravam, mas não explicam, esse absurdo número de incêndios que prejudicam a imagem do país, com reflexos no turismo, destrói a agricultura, de todos os tipos, tão necessária às populações, a silvicultura, e, mais que tudo, afetam essa gente que ocupa o território onde o despovoamento é grave e necessita de estímulo, com o fogo ninguém se sentirá motivado pelo
interior do país, posto que não se aceitam convites para o Inferno português.

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