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O hiato presente a cada cena da série, é, por sua vez um tributo não programado a atriz. A falta constante de seu brilho único, de seu glamour, de sua graça e charme, marcam a série e mostram, ainda com mais veemência e intensidade quão inimitável foi Audrey Hepburn. Os franceses tem uma medida muito característica para avaliar o carisma, a presença de uma pessoa, dizem se sim ou não, são capazes de 'plein une photo', de 'rempli au complet une photo'. Se têm brilho para chamar a atenção, essa capacidade carismática de atrair as pessoas com sua simples presença, e era isso o que Audrey Hepburn tinha a um nível que quem queira passar por ela, chamará sobre si o vazio de não ser Audrey Hepburn.
Como Oscar Wilde evidencia na sua peça 'A importância de ser Ernesto', uma peça "sem nenhum interesse realmente sério" como também nos informa o autor, as 'personas' que cada um usa, são escapes para diferentes realidades sociais que se apresentam, pois a força da personalidade de uma pessoa não será suficiente para o total transcurso de sua existência social, com Audrey Hepburn, se evidencia o oposto, pois que sem a força de sua personalidade, qualquer 'persona' que interpretasse, não existia, pois faltava-lhe A importância de ser Audrey! As realidades são indissociáveis de seu contexto, cada uma tendo seu pano de fundo, assim as pessoas, que são elas e as suas circunstâncias. A circunstância de ser Audrey Hepburn era encantar os demais, era ser fascinante, atração que as lentes tinham a capacidade de ampliar. Na já longa história do cinema, como na dos palcos, só outras duas divas atingiram esse estatuto, Katherine Hepburn, e Bette Davis.
Não critico a homenagem da série, mais que merecida, apenas faço notar a sombra sempre presente, o vazio que ensombra a série, porque Audrey Hepburn é inimitável.
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