quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Eu vi o colibri.







Em meio aos tenebrosos incêndios que grassaram por Portugal fora, eu vi o colibri, vi vários colibris, como chamo às pessoas que com uma latinha d'água iam aos focos do incêndio e as despejavam nas altas labaredas. Pouco ou nada resulta dessa ação, mas mesmo assim não se escusavam de prestar seu auxílio por mais insignificante que fosse, sempre era água, e, certamente, se perguntados, responderiam como o beija-flor, o colibri, de quem lhes conto a história.


Existia antiga e pujante floresta em lugar desabitado de gente e muito remoto, que, por combustão espontânea, incendiou-se, e o fogo espalhou-se devorando todo o mato rasteiro, propagando-se pelos arbustos até que engolfou árvores mais altas e passou às gigantescas árvores da colossal floresta, transformando tudo num mar de chamas enormes que iam desde o chão até às copas das altíssimas árvores que acabaram todas tomadas pelas chamas.


Os bichos todos fugiram o quanto puderam, indo, por fim, todos os que conseguiram escapar vivos ter a um ponto da floresta à beira do rio, onde, tomando a decisão de defender sua floresta puseram-se todos mãos à obra, enchendo suas bocarras d'água do rio e indo despejar ao fogo. Vieram os hipopótamos com suas enormes bocas que encheram com muita água, os bandos de macacos que tragavam grandes quantidades de água e lá iam sopra-las ao incêndio, os elefantes com suas enormes trombas que, como mangueiras de bombeiros, eram esvaziadas sobre o fogo.


Nesse afã prosseguiam incessante e insistentemente para tentar extinguir o fogo, todos indo à beira do rio recolher a água, para logo em seguida dirigirem-se às chamas onde iam despeja-la. Por várias horas empenharam-se nesse mister contra o violento incêndio.  


Numa dessas idas e vindas um grupo de elefantes deu de cara com um minúsculo colibri que carregava uma gota d'água, ou pouco mais, em seu bico, o que era nada, ou quase nada, frente da magnitude do incêndio.


Indignado um dos elefantes questionou ao pequeno colibri pois não conseguia compreender o que fazia ao voar enorme distância até à copa das árvores para ir desejar aquela mísera gotinha, questionando-o abruptamente: Oh Colibri o que estás fazendo? E recebe pronta a resposta: Estou fazendo a minha parte.



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