domingo, 30 de março de 2014

NEMOS NO MORE : IS IN THE AIR !





Os Amphripions ( 16 espécies) e um Premnas, pela sua beleza e graciosidade, chamaram a atenção dos que mergulham junto dos corais e também pela sua forma desordenada de nadar, como quem está à todo o tempo a fazer brincadeiras, daí o nome de palhaço que lhes é atribuído, e da relação de mutualismo que estabelece com as anêmonas, ficou-lhes o outro nome pelo qual são conhecidos.  Entretanto NEMO é a palavra latina para ninguém. Imortalizados na fantasia popular por sua participação em filmes, ganharam a simpatia universal. Admiráveis criaturinhas.

Os oceânos captam o CO2 da atmosfera, dissolvendo-o em suas águas e, por obra das correntes frias, depositam-no nas suas profundezas, retirando-lhes do circuito por milênios, promovendo desta maneira o equilíbrio do planeta. Porém, como tudo, tem seus limites. A excessiva  produção humana de gás carbônico no planeta, após a revolução industrial (desde a segunda metade do século XIX) criou um profundo desiquilíbrio das funções regeneradoras dos diversos ecosistemas, levando-os ao limite de suas capacidades. Os oceânos estão muito próximos de não mais exercerem suas funções globais de regeneração. O planeta é três quartas partes mar para ter um sistema poderoso que regenere as ações poluidoras da outra quarta parte. Porém está chegando a seu limite, porque o agente animal imperante, o homem, excedeu a sua quota de poluidor além do aceitável. Com uma excessiva produção de CO2 e sua consequente absorção pelos mares, o nível de acidez destes aumentou enormemente, tornando-os nocivos para muitos de seus habitantes.

 O aumento exponencial do pH dos oceanos retira a capacidade olfativa dos alevinos, impedindo-os de encontrar seus recifes de origem, fazendo-os vaguear pelos oceanos servindo de repasto a outras espécies que deles se alimentam. Devido a produção brutal de CO2 no planeta hoje, pelo tipo de sociedade que criamos, que acaba por ser absorvida pelos oceanos, esta carga excessiva de CO2  uma vez absorvida, tem como consequência gerar o aumento do pH das águas oceânicas, impedindo aos peixes dos recifes, especialmente os habitantes simbióticos das anêmonas, como os peixes palhaços, de sentirem os cheiros do oceano, não retornando a seus lugares de origem e perdendo-se na imensidão dos mares.

Num ambiente onde o meio é muito mais denso que o nosso, o aéreo, e onde os cheiros perduram, por isto, muito mais que no meio aéreo, a capacidade olfativa é essencial para a orientação de seus habitantes. Sem ela muitas das suas atividades ficam afetadas, entre elas a de orientação. E a orientação num ambiente onde a visão é muito mais limitada pela densidade do meio, é dependente de outros tipos de recolha de informação como sons, alterações elétricas e odores, sendo que estes últimos, os cheiros, dependem, para serem percebidos, de que o meio por onde se propagam tenha uma acidez baixa, para que as células olfativas os recebam num registro perceptível a sua identificação. Alterado o potencial Hidrogenio (pH) que determina a acidez da água do mar, esta perde a sua capacidade de elemento de transmissão de informação através do olfato, tão necessária à orientação dos animais que habitam os oceanos.

Os Nemos, estes adoráveis peixinhos do Pacífico, têm sido vistos, nas suas formas infantis, a vaguear pelos oceânos, perdidos, porque não conseguem cheirar os seus locais de residência para nadarem até eles. A vida imitando a arte tragicamente! Pois que no cinema o Nemo também estava perdido de sua casa. Agora estão mesmo perdidos! Se para sempre ou não, dependerá da nossa capacidade de agirmos para evitarmos a continuação de nossa ação danosa aos meios aquáticos.





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