terça-feira, 25 de março de 2014

Que falta nos faz Churchill.




Churchill assumiu o compromisso pela Polônia e acabou não obtendo seu intento. Yalta foi como foi, os Americanos queriam o fim da guerra e esta, para cumprir o compromisso inglês inicial com a Polônia, teria que continuar contra a URSS e os americanos medraram. Aliás tinham seus interesses satisfeitos, graças a Hitler tinham se tornado na principal potência do ocidente e isto lhes daria um handcap de um século, já lá vão setenta anos e muito lentamente vêm perdendo a posição cimeira de maior potência mundial. A guerra que esfriava, mas continuava em outros parâmetros, fazia, no dizer fulgurante do primeiro ministro inglês, baixar uma cortina de ferro sobre aquelas nações do leste, satelitizadas ou incorporadas ao mundo soviético.

A história se repete primeiro como farsa e depois como tragédia.  A falta de coragem paga sempre um preço maior que a determinação. Os avisos históricos reverberam desde seu passado mais ou menos longínquo para avisar-nos de que a poltranice, a frouxidão, a incúria e o medo fazem vítimas indispensáveis no panorama que a política conjuga gerando um contexto incontornável, e a que chamamos, uma vez ocorrido, de História. E contâ-mo-la para que se não esqueçam os vindouros dos erros e acertos do passado. E, destarte, possamos ter uma noção de que uma determinada ação leva a outra e que uma tal ou qual reação,  gera infalivelmente uma determinada consequência. Sem esta noção transitamos na política como cegos ou como inconsequêntes.

A Alemanha que inconsequentemente fez e repetiu erros que levaram à mudança total do mundo como era até então, volta a cena, ou por cegueira ou por estupidez, açulando várias e velhas angústias soviéticas como esquecida da História. História a qual não pode esquecer, porque é matriz de sua estupidez antiga, que, repetida, não pode ter resultado diferente do que teve. Porém hoje sem ser potência bélica, preço de seu passado, cria o problema para que outros o resolvam. O comportamento Germânico na Ucrânia, gerando falsas expectativas, inquietando a Rússia, e comprometendo uma Europa desarmada é, no mínimo, estúpido.Se também cego, é então perigoso! Que pretendia a Alemanha a levar uma Ucrânia a se rebelar contra a influência russa, sabendo das idiossincrasias de uma ex-potência, e promovendo uma instabilidade que só o poder bélico pode sanar? (Lá também haverá as suas idiossincrasias.) Hoje, os USA e a Europa, andam a promover sanções que fazem rir quem conhece a verdadeira situação dos interesses da Rússia, como demonstram as declarações dos diversos sancionados. O ridículo em confrontos expõe o ridicularizado à fraqueza, que revela e absorve e assume, não mais se livrando da condição e da pecha : Ridículo!

A decisão firme de Churchill mais que tudo, sua posição convicta, sua visão incisiva, suas frases de estilo «They will never put their feet on our island!», seus dois dedos sempre a indicarem o V da vitória, seu desassombro; sua coragem foi 50% da resistência. Primeiro solitária, e depois aliada, também pela força da sua argumentação internacional. Que falta nos faz alguém assim! A determinação das pessoas caiu numa teia de interesses da qual não se conseguem libertar, porque falta-lhes por um lado convicção, por outro determinação e por todos autoridade moral, em sua maioria gente comprometida pela globalização dos interesses e das cumplicidades, mas também pela falta de visão histórica, posto que não entendem a totalidade de seus papéis, atores sem textos prévios, que improvisam  no arremedo das suas impotências e poucas convicções.

Está configurando-se a olhos vistos na esfera de atuação e preparação metodizada a qual vem se dedicando a Rússia (ou já URSS?) uma liderança imperialista que só será contida pela força das armas. O Coronel Vladmir Putim é um autocrata imperialista perigoso! E quanto mais tempo demorar a que se lhe imponham um limite, maior será o preço a pagar para impô-lo. Ele vem testando a disposição e força dos diversos países e líderes que vão mudando enquanto ele se mantém, e sempre num crescendo, e, nas diversas ocasiões sai vencedor pela tibiez dos adversários mais que por seus méritos próprios. Suas ações premeditadas e em oportunidades escolhidas têm a marca do intrumental que sabe-se lá em que fronteira irá parar. Há milênios Flavius Vegetius nos avisava: «Si vis pacen parabellun», infelizmente transcorrido este grande período de tempo (quase todo o nosso tempo histório) o aviso continua atual.

Yalta, curiosamente localizada na Ucrânia, nos lembra que os compromissos originários, aqueles que começaram tudo, podem não se realizar depois do que se começou e não atingir o fim, porque a determinação muita vez encontra obstáculos intransponíveis. Porque as circunstâncias históricas mudam muito rapidamente temos de avaliar a cada momento o que é possível e não deixar passar as oportunidades. Agora quando não há compromissos, não há determinação, não há visão histórica, não há avaliação de oportunidades, sobretudo quando não há coragem, estamos entregues ao acaso, e o acaso é uma fera perigosa, porque desvairada. É  o que se está a passar na Ucrânia hoje. Que falta nos faz um Winston Leonard Spencer Churchill.





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