sábado, 22 de março de 2014

Será que irão comemorar o 25 de Abril sem os do 25 de Abril ?







A foto que ilustra o artigo é do dia vinte e quatro de Abril de 1974  às 23:50 hs, ou seja dez  minutos  antes da meia noite e já o golpe estava em marcha. Nela vê-se o Almirante Américo Tomás em visita á FIL, onde transcorria  uma feira de antiguidades, e, na  sequência  desta  foto,   aproxima-se o  ajudante de ordens  do Presidente da República e fala-lhe ao ouvido, fazendo-o retirar-se  imediatamente,  sem   completar  a visita iniciada à feira, deixando todos os presentes intrigados, a resposta às suas dúvidas viria no dia seguinte  pela manhã.



Esta foto pertença de meus arquivos, tem como origem o antiquário Rogério O'Donnell Madeira, o que sorri ao Presidente Tomás, que visitava seu stand na FIL, e por amizade deste antiquário com os Capitães de Abril, foi-me solicitada (só eu tinha a foto) para uma exposição que os Capitães sobreviventes pretendem fazer para comemorar os 40 anos do evento.

Será, talvez, uma das últimas comemorações a contar com os Capitães, posto que no cinquentenário outros tantos não estarão mais vivos, e os que tiverem estarão em idade muito avançada para a intensidade dos festejos. Por isto decidiram fazer presença vigorosa da lembrança de seu ato heróico de há quarenta  anos, nesta comemoração. Como todos os anos as comemorações que decorrem na Assembléia da República convocam a classe política, filha, resultante deste ato do heroísmo destes homens. Não se esqueçam: Poderiam ter morrido, poderiam ter sido feridos e ficado inválidos, poderiam ter sido presos e exilados se o golpe não fosse bem sucedido. Foi, e resultou numa maravilhosa Revolução que trouxe a liberdade, Bem tão desejado, a Portugal, e junto com ela a Democracia que se vive nestes 40 anos de liberdades democráticas.

Como é expectável e seu Direito inalienável, estes homens, por tudo que fizeram, querem manifestar-se e, obviamente, é normal que assim seja. Entretanto são homens com sangue nas guelras, a idade não lhes roubou o valor, ou a força ou o juízo crítico; o que, certamente, não agradará ao poder atual que sabe que ferozes críticas emergerão de seu verbo forte, e que o atual Governo tem procurado sistematicamente calar, o que levou inclusive à sua exclusão das últimas comemorações. Tendo já avisado pela voz do Coronel Vasco Lourenço, brioso Capitão de Abril, que nada calará, que sem Direito a expressarem-se não participarão. Que esperavão os debitários da Liberdade, dos homens que a conquistaram? Que fossem menos do que são?

O governo está numa «encilhada», está sem saída. Ou os deixa falar e sabe de antemão, até como resultado do que fizeram em anos anteriores, que virão críticas reverberantes, fortíssimas, que exponenciar-se-ão pela boca de quem as faz e pela solenidade da data que deu a liberdade aos portuguêses, e liberdade tem um expectro bem amplo, sobretudo no entendimento destes homens que arriscaram suas vidas por ela; ou os exclue e suas vozes se ouvirão ainda mais tonitruantes, porque haverão inúmeros canais pelos quais elas se farão ouvir. Pôs-se neste curral o governo, como sabidamente há de se ter posto em outros, pelo simples fato de não ter querido reconhecer atempadamente um Direto inalienável que estes homens conquistaram naquele dia incontornável, enquanto houver Democracia em Portugal. 

Provavelmente descalçarão esta bota com a cara de pau do costume, mas que vai ser uma 'saia justa'... Ah! Isto vai! Porque não se pode comemorar o 25 de Abril sem os homens do 25 de Abril.








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