terça-feira, 4 de março de 2014

Putin emprega contra a Ucrânia a arma mais poderosa.




          Vladmir Putin deu uma conferencia de imprensa que será histórica. Como um homem de bem, como um menino bem comportado, discorreu sobre a 'questão ucraniana' por mais de uma hora sem mostrar os dentes como naturalmente faz, talvez até por deformação profissional, coisa incomum aos que ocupam cargo como o dele, por quase nunca, ou mesmo nunca, terem sua origem em qualquer país civilizado. E por usar a palavra, foi o que mais mostrou-se Putin, civilizado, cortês, afável, até brincalhão ( naquilo em que um ex- Coronel da KGB o pode ser) dando a entender que quer uma saída diplomática, mas que também está disposto a deflagrar a terceira Guerra Mundial se for necessário.

Valendo-se dos erros cometidos pelo atual governo provisório da Ucrânia, de sua situação miserável em muitos sentidos, sobretudo pela corrupção reinante e pela dependência ucraniana da Rússia, colocando-se ao lado dos que estiveram na praça da independência e que fizeram cair o governo de Yanukovich, bastante cordial e compreensivo, Putim está a usar a mais poderosa arma neste momento contra a Ucrânia: a política.

Quem quer que seja que na Ucrânia tomará a decisão de efetivamente começar uma Guerra contra a Rússia, não o fará de ânimo leve, nenhum David, por mais corajoso e abençoado que seja, enfrenta um Golias com despreocupação, portanto a maior arma que neste momento poderia usar Putin contra a possibilidade de alguém se opor a seus intentos é, certamente, deixar claro que está aberto ao diálogo, e que, destarte, se este não ocorrer, não é por culpa sua, assim tem duas vantagens para duas hipóteses diversas. a primeira se houver Guerra, não terá sido ele que a começou, pois facilitou e tentou o diálogo que a evitaria até o fim. Segundo se não houver terá conseguido seus intentos, e o dirá a boca cheia, sem disparar um tiro sequer, desfazendo o " erro" de Khrushchov. Foi brilhante, deu um tiro só em que deixa caído por terra vários coelhos: O novo e inexperiente governo ucraniano e suas pretenções a manter a Criméia, a diplomacia internacional, seus opositores internos, e os que imputam-lhe um ato beligerante e invasor ( Os Estados Unidos incluído) e ainda deixa caído de amores por ele os saudosistas do poderio soviético que aos poucos ele vai restaurando.

Ademais neste último ponto, cerne de toda a conferência de imprensa, foi cabal . O Estado Ucraniano é um novo Estado, e com este não tem acordos de nenhuma natureza, os acordos anteriores eram com o anterior Estado que cessou de existir, desde o momento que depôs o presidente regularmente eleito, e que até haver novas eleições e restaurar-se a Democracia e o Estado de Direito, dos quais ele é paladino, não há legitimidade na Ucrânia, portanto seu único dever é defender o povo ucraniano ( todo e não só a maioria russa da Criméia) e por outro lado oferecer as condições  para se restabelecer a democracia, sem a ação perigosa dos nazistas que andam açulados no atual contesto ucraniano (este último ponto é verdade, como é absolutamente verdade o quadro miserável, a todos os níveis, com o qual descreveu a Ucrânia, infelizmente.).

Sucintamente digo que dá um cheque ao rei, neste xadrez internacional que joga, e põe-se no trono de 'tzar' sem disparar um tiro como enfatizou, e valendo-se do «golpe de Estado» ucraniano valida todas as sua atitudes, e por outro lado diz que não vai anexar a Ucrânia, e não vai, por que já a anexou! Não resta outra alternativa à parte pobre da Ucrânia que seguir a parte rica já em mãos russas. Não esquecendo que hoje metade do que comem os russos vem de fora, e sanções e embargos representarão uma forte lembrança dos tempos do partido único ( filas, restrições, racionamento) o que não é, decerto, uma boa lembrança, Putin quer voltar ao período soviético sem a parte podre, numa economia livre e para isto usa a sua arma disponível  mais poderosa,  e com uma competência que lhe não atribuía : a política!

Vamos ver onde isto vai parar...






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