domingo, 16 de março de 2014

UE: Só o dinheiro impõe-se.




Perguntem-se, por exemplo, porque a Alemanha tem sempre a última palavra nos negócios da Europa. E a resposta é porque é a mais rica. Única condição que lhe dá tal protagonismo. Houve tempo em que os protagonismos davam-se por razões diversas em todos os aspectos: o internacional como é o caso, o nacional e mesmo no pessoal, cultivavam-se outros valores que tais: a capacidade, a cultura, a honestidade, a retidão, a autoridade moral, a autoridade intelectual e até o poder, bélico inclusive no caso das nações. Parece que tudo isto foi relegado a um segundo, terceiro ou quarto plano, hoje só importa o dinheiro.

Se não vejamos no caso da Alemanha referenciado, que capacidades se lhes poderia reconhecer para ter a preeminência que tem? Capacidade? Excetuando a técnica, que não é suficiente, não tem nenhuma política, diplomática ou de liderança, que lhe possa justificar a dianteira que tem. As capacidades culturais têm-nas na mesma medida que a maioria dos países de sua comunidade, não se lhe pode atribuir nenhum destaque neste campo. Honestidade e retidão não se podem avaliar como premissas para o caso de nações, diferentemente dos casos individuais. A autoridade moral que deve ser um fator importante para qualquer país que pense em liderar, esta, então, fica aniquilada, fazendo mesmo a exclusão da Alemanha desta possibilidade pela simples lembrança de nomes como: Auschwitz-Bierkenau, Buchenwald, Sobibór, Bergen-Belsen, Dachau, Falstad, Belzec, Sachsenhausen, Mauthausen-Gusen, Maly Trostenets, Jasenovac, a lista poderia continuar por muitas páginas. Foram mais de vinte mil campos! Dezenas de milhões de inocentes exterminados nos diversos holocaustos (além do Judeu, o Polonês, o Cigano, etc...). Não, a Alemanha certamente nunca terá autoridade moral. E poder bélico não dispõe. Porém tem a mais poderosa arma do mundo de hoje: O Dinheiro!

Agora que se aproximam os setenta anos do fim da segunda guerra mundial, é importante que se não esqueçam suas terríveis consequências e possa-se bem avaliar em que resultou este « Brave New World » passadas duas gerações. Neste mundo de valores distorcidos, certamente, destacam-se entidades pelas mais diversas razões, pelas mais diferentes questões e possibilidades, porém, efetivamente, o dinheiro é a mais eminente dentre elas. Para o bem e para o mal o dinheiro tornou-se no fator de eminência perante o qual curvam-se todos os outros e  vencem-se todas as reticências ou impossibilidades, só o fator bélico se lhe pode obstaculizar o caminho aberto e direto a todas as possibilidades, mas sabe-se a que custo,  permitindo-lhe uma escalada de outra forma imparável.

Este é com toda a certeza um mundo no qual não me agrada viver, e no qual não me reconheço, porque acredito em outros valores,  entretanto esta sumarizado o que realmente vale, e que nos primeiros vinte, ou talvez trinta, itens da lista está o dinheiro com seus diversos nomes: Capacidades financeiras, possibilidades econômicas, investimentos, participações, mercados, industrialização, tecido empresarial, banca, Fundos de participação, PIB, PNB, etc..etc...O mundo ficou reduzido a um ou dois fatores, quando a vida é muito mais rica e diversa do que esta simplificação abstrusa, que, na verdade, de desordenada não tem nada, absurda é que é.

Quando começou a união com a Comunidade Econômica  Européia (1957/8) não se pensava que a Alemanha pudesse se agigantar tanto, ao ponto de não ter um paralelo, que com Maastricht (1993) e com Bruxelas como a capital, pensou-se que com uma França poderosa, houvesse uma dicotomia, como houve, e que cada vez mais vai desaparecendo. A queda do muro de Berlim (9/11/1989) e com a consequente reunificação, criou, novamente, o monstro poderoso que é a Alemanha. Com toda a culpa que carrega teve a oportunidade única  de espiá-la, para fraternalmente converter-se no líder da comunidade, hoje União, e com isto assumir um papel histórico várias vezes tentado pelas armas, mas esta não é a Alemanha, não é o espírito de seu povo. Germânicos, homens de e da Guerra, sabem mandar, sabem realizar para além de qualquer dúvida, sabem, todos, sem questionar, seguir e construir um caminho e um grande edifício, mesmo que este seja o da institucionalização do extermínio como fizeram quando eram nazis. Aliás hoje andam lá mais em sintonia com o mundo, um mundo onde só o dinheiro se impõe.








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