terça-feira, 8 de dezembro de 2015

É só dinheiro.... (Refugiados)








Conta-se que quando Júlio César chega ao Egito e vai desembarcar, encontra o cais obstruído pela presença de inúmeros miseráveis e mendigos que barram-lhe a passagem - estratagema concebido  por Cleopatra para humilhar César, ou criar um incidente logo à partida, caso esse empregasse a força, ordenando à suas tropas que abrissem-lhe caminho com truculência ou mesmo sangrentamente com  recurso ao gládio. 

Apercebendo-se da situação, César, com sua reconhecida esperteza, ordena que tragam um dos cofres de moedas de ouro que trazia consigo, e abre caminho à 'moedadas'. Poderia tê-lo feito à pauladas, à espadeiradas, mas, inteligentemente, o faz à 'moderadas', lançando moedas à torto e à direito, fazendo com que o grupo humano que se atravancava obstruindo-lhe a passagem, se precipitasse sobre as moedas, arredando-se de seu caminho.

Após ter passado sem que ninguém lhe tocasse, sem incidentes, sem ferir ninguém, pelo contrário, generosamente dando de seu ouro aos circunstantes, é interpelado por um de seus fiéis sobre a circunstância de ter gasto enorme fortuna para o efeito, quando podia, sem expender uma moeda, ter passado, suas tropas, suas legiões ali estavam para lhe abrir caminho, responde com sua perspicácia característica: "É só dinheiro!" o que embatuca o interpelador. Sim, para que tem o poder, nesse caso absoluto, o dinheiro não é nada, é um utilitário que deve ser usado sem apego, e sem parcimônia, até a obtenção do fim pretendido.

A ONU necessita agora de dezenove bilhões de euros para lidar com a crise dos refugiados, que por incúria atingiu essas proporções desmedidas atuais, esse ato representará a reversão de tudo o que tem sido a prática abstrusa ao lidar com questões como essa ao longo to tempo, e em especial na nossa História contemporânea, promovendo a manutenção do conflito e abrindo espaço para a atuação das próprias forças que geraram o conflito se aproveitarem da exclusão e miséria ocasionadas, e se oferecerem como solução. Quando a solução deve ser patrocinada pelas forças de regulação do mundo, e, dentre estas, a mais eloquente é a ONU. Logo tendo em consideração a importância dos valores que estão em jogo, da pujança dos fatores que se jogam nessa situação, valendo-se da lição que nos deixou Júlio César, lição de primeira linha na História da Humanidade, devemos entender e dizer como ele: "É só dinheiro!"


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