sexta-feira, 8 de maio de 2015

150 anos de uma cruz em estado de alerta.






                                                                                                  A imaculada ação da dignidade humana.






Dois anos depois da fundação da Internacional, os portugueses fundavam a portuguesa, que agora completa também seu sesquicentenário. Neste dia de fim de guerra, o do fim da segunda grande guerra onde há 70 anos a Cruz foi imprescindível. São cento e cinquenta anos de existência a carregar a cruz escolhida, a cruz de empenho, de luta, e de serviço mais que tudo. Vermelha, com a cor da vida, escolheu argumentos incontornáveis como seus princípios básico em seu centenário, os mesmos que vinha seguindo sem enunciá-los, mas que enunciados demarcaram e demarcam aquilo que é esta Cruz: Humanidade, Imparcialidade, Neutralidade, Independência, Voluntariado, Unidade  e Universalidade.

Neste ambiente aprendi que dar é muito mais importante que receber, e muito mais reconfortante, e nos enche muito mais a alma. Voluntariar-se é a ação mais especial que se possa fazer: escolher alguém para realizar uma tarefa de forma totalmente gratuita, tarefa muitas vezes difícil ou perigosa, quando este alguém somos nós mesmos. E nesta auto escolha toda a força da Cruz, porque chamando a cruz para si mesmo, o voluntário torna-se um escravo de sua escolha, de sua palavra, e não há maior poder que uma decisão interior, de forma  autônoma, livre, voluntária, e por escolha própria.

De Solferino, de Dunant, de Moynier, guarda uma memória ativa da dor dos outros, mostrando que sentir leva à dimensão da solidariedade, única dimensão onde a vida faz sentido. Preocupada com este sentido da vida e em sua cor, a cor da vida, a Cruz sempre defendeu às vítimas nos conflitos em que se tem lançado a humanidade estúpida, respondendo sempre sim com sua presença, sempre participando, nunca se eximindo, sempre correndo riscos; só que a vida, bem mais que precioso, essencial, indissociável de nossa condição de existirmos, não pode ser compreendida sem a dignidade mister à sua manifestação, por isto indo para além de sua ação de assistir a vida, obriga-se a pautar com que esta seja e siga sendo digna, fazendo respeitar limites que os conflitos dilaceram.

Esta dificílima condição faz da Cruz e de sua versão islâmica, o crescente, que é a mesma entidade respeitando com outro nome as crenças diversas em que transita, a imaculada ação da dignidade humana, que não deixando esta ser malbaratada pelo desinteresse de governos, líderes e instituições, que descumprindo sua razão de existência, muitas vezes violam-na,  reencontrarão esta dignidade humana nos dois lados da mesma fronteira pela ação desta Cruz que não teme cruzá-la.    

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