segunda-feira, 25 de maio de 2015

A última cartada grega.






Será verão outra vez, quase dois mil e quinhentos anos depois, e novamente a Grécia estará invadida pela desgraça, na iminência da fratura. No entanto as hostes de hoje, diferentemente das de outrora, são invisíveis, apesar de que os combates que irão travar sejam também sangrentos. A destruição e miséria que causarão são igualmente temíveis, e as disposições igualmente terríveis, trazendo consigo a humilhação e o opróbrio, gerando vergonha e indignação homólogas.

Dois milênios e meio depois, com a mensagem do Cristo já bi-milenar e bem difundida, mas pouco entranhada, como que esquecidos que somos todos irmãos, e, como tais, guardiães do próximo, nosso irmão e razão de nosso amor e preocupação. No entanto a Europa irmanada não conhece bem a lição, esquecida desta regra, parece tudo arriscar pela manutenção de seus interesses de situação, contra uma verdade maior que lhes ultrapassa. Trocam a verdade eterna pela verdade do tempo.

Neste verão de 2015 A.D, como no de 480 a.C., a Grécia necessita de socorro, como no episódio das Termópilas, necessitou de tempo, tempo para se agrupar. Terá havido o seu Efialtes, como terá havido medo, e terá havido desespero. Há desespero, porque encurralados no fundo de um desfiladeiro confrontados com forças tão gigantescas que não há muitas possibilidades a explorar, restando-lhes, como último recurso, este confronto direto com as estreitas possibilidades de darem algum combate. Dentro do Euro-grupo, nas reuniões de cúpula dos dirigentes da União, tentando atender às fortíssimas exigências da conjuntura, para evitar a tomada generalizada do país pelas forças obscurantistas dos credores, que, havendo incumprimento, mover-se-ão pela lógica abstrusa da irracionalidade, matando mesmo a galinha e ficando sem os ovos a partir daí.

Grécia, onde estão os seus Leônidas? Os seus Demófilos? Os seus Temístocles? Os seus Hoplitas? Os seus 300? Só há Xerxes? Só há imortais? Estes que acima do bem e do mal, como se consideram, pensam que irão decidir do combate, mas se não houver nenhuma passagem desconhecida, se este for frontal, sua derrota é certa. Estes imortais que estão à cabeça dos diversos Estados que deveriam se conjurar como na aliança das polis, em solidariedade que ultrapassasse suas desavenças intestinas, face do inimigo poderoso dos mercados, que pode derrubar todas as polis, como já o ameaçou fazer, uma após outra como na invasão dos persas, que atingiria toda uma Europa frágil.

As lições da história estão sempre presentes para elucidar as mentes e encaminhar os espíritos, ou serão tantas as flechas que empanando a luz, impedem mesmo o combate à sombra porque os combatentes não estão dispostos ou não tiveram coragem para enxergar?

Ao Syiza, como aos homens de Leônidas resta-lhes o confronto absurdo, e a mesma resposta aos que lhes querem tomar as últimas armas de que dispõem: "Venham buscá-las"

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