terça-feira, 19 de maio de 2015

O Tigre que deixa sua pele.







                                                                                      " We just want to make you feel like a tiger"
                                                                                                                                  Jayme Gutierrez.

                                                                                      " Don´t stop me cause I'm having a good time...
                                                                                        ... like a tiger defying the laws of gravity...
                                                                                            I don´t stop at all." " I like it!"
                                                                                                                                                Queen.
                                                                                                                                   




Houve um tigre (*) que era conhecido como o dono disto tudo...


Sua pele hoje não tem listras como as dos tigres, nem manchas como as das onças e panteras, tem nódoas! Enodoado com 29 grandes manchas no DCIAP, outras quantas da CMVM, e ainda algumas do BP, este tigre poderá acrescentar centenas e centenas de outras nódoas das inúmeras ações que lhe são e serão movidas pelos defraudados de várias ordens, os que acreditaram e investiram, os que emprestaram, os que forneceram, e os que financiaram um embuste de um tigre, cuja pele que deixa está tão suja e maculada, que quase nem se vê que animal ele é.

Por outro lado essa pele da qual se quer libertar em tudo que diz, em tudo que faz, em todas as mentiras que escolheu como defesa de sua pele, em todas as respostas que dará em tribunal, tornando-se não mais uma pele de um animal qualquer, mesmos dos mais sujos e emporcalhados que por aí andam, mas num embuste, numa farsa, numa rematada miséria de difícil interpretação e mais difícil reconhecimento, deixando mesmo de ser qualquer bicho, qualquer coisa, para ser apenas um símbolo de desgraça para tudo e para todos que lidaram com esse tigre, mesmo seus familiares que se viram corrompidos e ultrajados por todos os seus atos após sua pele ter sido revelada, após sua marca ter sido exposta, após sua condição se tornar pública e ficarmos todos a saber que sua pele, supostamente aristocrática, não valia nada, que sua aparência de animal forte e poderoso era falsa, era tudo um grande embuste.

Suas marcas, aquelas que definem o animal, sua identidade e sua característica, eram o engodo que eram, e logo se transformaram em nódoas, estas que confundem, que enganam, que mascaram, que enlameiam, que estigmatizam, causando asco, repulsa, opróbrio, miséria, degradação e subversão, impelindo aos seus congêneres, mesmo aos mais inocentes, ao sentimento de culpa, de desgraça e condenação consequente e similar, inseparáveis de uma condição de conspurcação, pela simples condição de serem da matilha, ou àqueles que tinham algum envolvimento, de qualquer ordem que fosse, com esta imensa desgraça que este tigre conformou, também se sintam compelidos a que suas peles devam sofrer de alguma maneira imensa mudança e profunda limpeza, para verem-se livre da lama e das máculas que os atinge a todos.

Sim o tigre deixará sua pele, mas sua pele será algo reconhecível? Será distintivo da estirpe que o gerou? Será de alguma maneira um símbolo de um passado de lama para onde o trabalho, a luta e a capacidade de gerações se irão ocultar, como se nunca tivessem existido, restando apenas a marca do animal, cuja pele, enodoada e imunda, tudo envolve, tudo esconde, tudo oculta, impedindo que a verdade, o passado que lhe foi anterior,  evitando a todos os tigres que queriam, e todos queiram, deixar uma pele que se pudesse admirar, possam um dia sequer pensar em morrer em paz, e os já mortos sejam confundidos nesta sanha de sujeira que ele gerou.


Esta pele que o tigre deixa, que o homem boa reputação não tem, limitado pela circunstância dos resultados alcançados, fossem quais fossem suas motivações, seu insucesso transformou para sempre sua pele, sua essência, causa motivadora de seus crimes, que se verá quão extensos e quão profundos são, seu desmazelo, sua catástrofe, sua desgraça, talvez mesmo por pensar-se dono disto tudo, que isto tudo tem o dono que se apresenta, não o que merece, pois não há merecimento, nem donos deveria ter, mas os tem, de ocasião, má ocasião certamente, porém teria a aparencia que conquistasse, tomaria o espaço que se lhe dessem, porque há sempre espaços que ocupar, lobos em peles de cordeiro, animais famintos a devorar presas fáceis, famigerados tigres a dilacerar vítimas indefesas, tigres que, perdidos em suas ganâncias, extrapolam os espaços que ocupam, espraiando-se por todos os cantos que são sensíveis a seus cantos de sereia, disseminando-se como infecção em todos os organismos que permitiram seu contato, seu contágio é que foi, gerando a desmedida teia de suas ambições, que tudo envolve, e tudo conspurca.

Tudo para nada afinal, resta-lhe a pele, aquela mesma que serviu-lhe de encobrimento, e que mil vezes foi de cordeiro, ela, de tigre, transmutada e bem comportada, numa aparência de respeito e manutenção das regras numa farsa de limites e comedimentos, que sabemos todos, sempre violada e violenta, pois que encobre as mais famigeradas intenções. O tigre deixa sua pele, pois deixa, visto que ela, que foi sua marca, se transformou em opróbrio, ignomínia, infâmia, vexame, de que nada, nem mesmo a morte, o livrará.


(*) Em várias oportunidades disse leopardo em vez de tigre.





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