sexta-feira, 22 de maio de 2015

O Novo Museu Nacional dos Coches de Lisboa, e seus congêneres.






Terá custado 40 milhões de euros. Todo mundo que investe no imobiliário sabe que o bom imóvel é aquele que se paga com oito anos de renda, ou seja aquele cujo custo é aproximadamente cem vezes o do aluguer que pode gerar mensalmente. Se, com o preço do bilhete a seis euros, o número dos visitantes anuais for da ordem dos 750 mil, número muito razoável; com as rendas indiretas se paga como a mais vulgar das aquisições de imóvel particular, ficando depois a render para todo o sempre, o que quererá refutar estas contas é o incompreensível e absurdo alegado aumento dos custos de manutenção e exposição da coleção com a troca de edifício.

Porém, se considerarmos as rendas indiretas que traz ao país, tais como as provenientes do transportes, estadias, alimentação, etc.., que irá gerar (Não está contabilizado!) mas, creio, vai se pagar no primeiro ano! 

Grande investimento! Nada com melhor taxa de retorno! Até para um daqueles contratos draconianos das PPPs dava. E lhes pergunto: Quantos projetos como este do Nacional dos Coches pode concretizar Portugal? A resposta é dezenas. O que significa que, à conta de seu passado, Portugal dispõe de grande margem de crescimento econômico, e crescimento que gera crescimento, não um crescimento estático que absorve todas as margens das suas possibilidades. Não! É um crescimento multiplicador pois arrasta toda uma realidade envolvente que multiplica o resultado do investimento, e continuará o fazendo ao longo do tempo.

Vou lhes provar isso, mas deixem-me contar-lhes antes o que se passou comigo da primeira vez que fui a Burgos, Espanha. Quando eu era pequenino fez enorme sucesso um filme que tinha como seus principais atores Sophia Loren e Charlton Heston, acompanhado por grande elenco dos dois países produtores, Itália e Estados Unidos, que gerou logo um álbum de figurinhas, ou cromos, como se diz em Portugal, que eu colecionei regularmente até completá-lo, onde estavam retratadas todas as relíquias d'El Campeador, informando que estas estavam em Burgos.  Quando fui a Burgos, uma das minhas principais preocupações foi querer ver estas relíquias, entre as quais se encontrava uma arca do Cid, que de fato está na Catedral de Burgos, aquele fabuloso edifício gótico do século XIII, que tem tanta história guardada em suas salas. Porém, por alguma razão que agora me escapa, as relíquias d'El Cid não estavam expostas no dia quando lá fui por primeira vez. Não podia deixar Burgos sem ver as relíquias. Isto me custou dois ou três dias de estadia, todas as refeições do período, logicamente outras distrações com custos, enquanto esperava que abrisse a parte da catedral que me permitiria ver as relíquias do Cid. Ora que grande desilusão foi a minha quando abriu-se o salão onde está a arca do Cid, muito no alto, difícil de se poder ver, sem nos permitir nenhuma proximidade, geradora de cumplicidade, como esperava, entretanto a relíquia tinha cumprido sua principal missão hoje em dia: Trazer riqueza para a cidade que a guarda, para a catedral que a preserva, gerando empregos, pagando salários, promovendo ilusão, e a vida, sobretudo em período de férias tem de promover ilusão, aquecer corações.

Quem já leu sobre as fabulosas embaixadas de D. João V, ou sobre a época do terremoto, ou sobre o período de D. Maria I, terá certamente grande interesse em ir ver os coches destes períodos guardados no museu. Assim é inconcebível que não exista em Portugal nada referente aos descobrimentos, algumas maquetes no museu de marinha em Belém, e pouco mais, quando seria obrigatório o culto nacional do momento da história quando Portugal foi grande, com por exemplo dois museus complementares. Um em Lisboa localizado na Cordoaria Velha, sem custos de construção portanto, que guardaria todo o material disperso relativo a marinhagem dos descobrimentos, mais a evolução dos mapas e instrumentos de época dando uma visão dos riscos e arrojo da empreitada. O outro núcleo museológico em Sagres, local da Escola Naval do Infante D. Henriques, com uma reconstrução de época do que ela teria sido. Não é necessário nem construir o edifício, pois já o construiram como grande inutilidade vazia, onde fazem tolas e eventuais exposições temporárias.

Outra riqueza imensa são as cafuas, as reservas técnicas de grandiosos museus como os Janelas verdes ou os Palácios muitos e diversos pelo país fora, cafuas cheias de maravilhas não expostas. Por exemplo em Santa Clara em Coimbra, enorme espaço inútil, que recentemente teve seu imenso telhado refeito, e, onde felizmente não chove mais, adaptado, sem grandes custos, dava para ser o 'anexo' pelo qual clama os janelas verdes, e, dos Palácios, a lista é demais extensa para referi-la, em alguns dos palácios restaurados e fechados que mantém o Estado, e que iriam sendo transformados em 'anexos' para poderem expor as peças das reservas técnicas atulhadas de maravilhas longe dos olhos dos turistas. Outra história por se contar, que daria vários museus, é a relativa às influências culturais de Portugal no mundo, com as trocas mutuas que se estabeleceram das influências diretamente com os povos com que se relacionou na época, em áreas como alimentação, botânica, zoologia, vestuário, joalheria, musica, etc..., etc..., despertando o interesse direto das populações da China, do Japão, de vários países de África e das Américas, onde esteve presente no passado.

Tudo isto, aliado a propaganda certa, ao envio às agências de turismo por todo o mundo de material, em seus idiomas, informando destes desenvolvimentos museológicos em Portugal, mais relembrando o fabulosos acervo já existente desta 'potência' que foi dona de metade do mundo, resultaria na entrada, e pela porta grande, de divisas no valor de centenas e milhares de milhões para os cofres combalidos do Estado, sem recursos aos degradantes e criminosos artifícios dos vistos gold, ou outras patranhas semelhantes.



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