terça-feira, 15 de setembro de 2015

Essa gente é uma vergonha.




As mortes continuam,  o Mediterrâneo se transforma cada vez mais em vala comum, a decência escorre pelo ralo como se a Europa fosse já o que não é, se esquecesse do que sempre foi, berço do desenvolvimento humano, inclusive e sobretudo no âmbito do humanismo e da filosofia, essas coisas que fazem aos homens humanos, fazem-nos diferentes dos animais, estes mesmos que enjaulamos por não lhes reconhecer o Direito fundamental da liberdade, essa matéria tênue sem a qual um homem não é homem, esse bem que retiram as sociedades para punir àqueles que desobedeceram suas leis, esse bem cada vez mais escasso num mundo em guerras disseminadas por toda parte, essa essência preciosa que cabe evocar.

Enquanto isso os dirigentes, Ministros  e Primeiro Ministros dos diversos países europeus sucedem as reuniões para não chegarem a conclusão alguma. ASSIM COMO OS REFUGIADOS ESTAMOS TODOS PRISIONEIROS DAS LIMITAÇÕES DESSA GENTE!

LIBERDADE:

Evoca-la-ei de formas extremas. Primeiro com a poesia de um português que nasceu nesse dia de hoje há um quarto de milênio, chamava-se Bocage, era poeta, e dizia evocando:

"Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Porque (triste de mim!) porque não raia
Já na esfera de Lísia a tua aurora?
Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo que desmaia.
Oh! Venha... Oh! Venha, e trêmulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!
Eia! Acode ao mortal, que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor, torce a vontade,
E em fingir, por temor, empenha estudo.
Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso númen tu és, e glória, e tudo,
Mãe do gênio e prazer, ó Liberdade!"


Segundo com a poesia musical samba enredo da Imperatriz Leopoldinense em 1989, que  dizia evocando:

Liberdade, Liberdade!
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz,
Liberdade!, Liberdade!
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz!!!

E se esses dois extremos tão opostos não forem suficientes para fazerem entender a esses 

medíocres que se reunem para decidir do acolhimento dos refugiados na UE, essa gente 

que pondo em risco suas vidas clama por um bem mais precioso que o pão, e que cada 

minuto conta, e sendo de atraso é contra-natura, é uma aberração dos que não entendem 

nada de nada, nem da urgência, nem da carência, nem da solidariedade, essa mão 

estendida que não pode faltar na hora certa, e muito menos de liberdade. Como não 

entendem, dou-lhes uma terceira dose, a pessoana, para que saibam que não pode haver 

nem preconceitos nem cálculos nessa hora, como Jesus, são refugiados!


Terceiro: a voz de Fernando Pessoa, era português, era poeta, e dizia evocando:

Liberdade

"Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original. "
.......................................................
E concluía:

"Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca... "

P.S.
Como eu afirmava horas atrás não se pode esperar nem mais uma hora  E MARCAM A NOVA REUNIÃO PRA DAQUI HÁ UMA SEMANA,  é uma vergonha, ou melhor a falta dela, a Europa nunca poderia agir assim.


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