Indaguei-me se um refugiado teria religião, e se tivesse, qual seria? Pronta, a resposta é só uma, e outra não poderia ser: Não, não tem. E se tiver, sua religião é fugir, como sugere o nome que lhe demos, refugiar, fugir e fugir, pois é isso que fazem, é essa sua crença, e fazem-no ao preço da vida que põem em risco, ao preço da morte que lhes vem colher nessa fuga.
Muitos se esqueceram que assim é, e lá estão os nazis alemães a pregar seu ódio, quando os bons alemães, encabeçados por sua chanceler, optaram por abrir suas portas, o que nos soa quase como uma expiação, ainda que necessitem deles, e esse contraponto odioso, dos que ainda são nazis, enfeia cena tão necessária para o historial germânico, assim como os sérvios não se esqueceram do que passaram na Croácia, e abriram suas fronteiraas de bom grado, a Áustria com boa acolhida, a França que se está movendo, sem deixarmos de falar da Grécia e da Itália que têm sido incansáveis na recepção das hordas humanas que vêm ter a suas praias, antes vão buscá-los para prevenirem naufrágios e mais mortandade. As notas destoantes da Hungria e da Macedônia que fecharam fronteiras e puseram barreiras vem mostrar que a estupidez se manifesta sempre e em qualquer lugar, sem cerimônia alguma. No caso da Hungria esqueceram-se que há alguns anos os refugiados eram eles, e que foram prontamente ajudados, e só atuam no último instante como se fosse um não mais poder recusar, em grosseiro contraste com a Sérvia que não se esqueceu do que passou. Francisco mandou que os acolhessem em todas as diversas instalações de que dispõe a Igreja Católica, sem distinção de que sejam ou não católicos os acolhidos.
No entanto a ideia da Eslováquia de só aceitar refugiados cristãos é de tal ordem preconceituosa que, mesmo consciente do que está por detrás desta ideia, recuso sequer comentar, porque reafirmo: REFUGIADO NÃO TEM RELIGIÃO! Refugiado tem medo, tem sofrimento, tem miséria, tem dor, tem abusos sofridos, tem enganos e exploração, tem desespero e desesperança, que só podem ser sarados com bom acolhimento como fizeram na Áustria e na Alemanha, com atenção, com sorrisos, com boa vontade e antevisão de futuro, porque tudo o que tiveram até chegarem ao destino, foi dor e crueldade, alguns demoraram anos para conseguirem chegar, e como diria meu pai: NÃO SE VENDE AFLIÇÃO A UM AFLITO, ou como preferiria meu padrinho: NÃO SE FALA DE CORDA EM CASA DE ENFORCADO. Só por maldade é que alguém pode não ver a situação que está ocorrendo, mas refugiado crê em Deus certamente, porque só com muita fé conseguem chegar.
A religião que terão certamente, seja ela qual for, é parte de seu fardo, ou porque, por não serem da mesma religião dos que os invadiram, invadiram as cidades onde viviam, foram corridos para não serem mortos, ou se forem da mesma, não aceitaram a truculência, a maldade, a violência de seus irmãos de religião, fugindo em virtude disso, logo, se não entenderam ainda, entendam: REFUGIADO NÃO TEM RELIGIÃO!
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